Hoje o tema do nosso estudo será “SAUDADE”. Segundo o dicionário Saudade é um sentimento causado
pela distância ou ausência de algo ou
alguém. Tem origem no latim, com o significado de solidão. É uma palavra que não
tem tradução literal em muitos idiomas. Saudade é uma das palavras mais
utilizadas nas poesias de amor, nas músicas românticas da língua portuguesa.
Saudade significa a memória de algo que aconteceu e da intensa vontade de
reviver certos momentos. Saudade, segundo a lenda surgiu no período dos
descobrimentos e definia a solidão que os portugueses vindos para o Brasil
tinham da sua terra e dos seus familiares. Eram atacados por uma melancolia por
se sentirem tão só e distantes dos seus. O termo saudade gerou muitos
derivados, como saudosismo, e aquele que sente saudades de algo ou alguma
coisa, é o saudosista. O termo saudoso é muito utilizado quando nos referimos a
alguém que veio a falecer, e que nos traz grandes lembranças. Podemos sentir
saudades, de um amigo que partiu, de uma comida que há muito não saboreamos, de
uma cidade que conhecemos e que gostaríamos de voltar, de um período muito
feliz de nossas vidas, saudades dos filhos quando crianças, saudades dos pais
que já partiram, saudade da casa onde nascemos vivemos por muito tempo, saudade
de nós, etc. Existe uma expressão que diz "matar a saudade." Ela
significa que no momento em que o indivíduo vê o objeto do seu sofrimento,
torna-se alegre e feliz, portanto está matando aquela saudade. A saudade é um
dos sentimentos mais complicados na visão espiritual. Talvez se todos tivessem
a consciência que aqueles que estão hoje conosco, podem partir de repente,
estabeleceria-se um laço maior enquanto passam esse tempo juntos nessa vida,
não ficaríamos inventando tantas maneiras de viver mal com a pessoa. Você já sentiu uma saudade inexplicável, um
sentimento de perda de algo e desejo de voltar não se sabe ao certo para onde? Aquele sentimento de sentir falta de algo
ou de algum lugar sem saber o que é exatamente? Pior, sentir saudade de alguém,
mesmo estando perto das pessoas que ama neste mundo físico? E de repente,
desta saudade surge uma tristeza sem razão, um vazio, uma ausência, uma
solidão. Para o Espiritismo esta saudade do desconhecido é uma saudade
inconsciente do mundo espiritual. A sensação de vazio vem do inconsciente por
saber da perda que temos referente a liberdade do espírito, aos amigos que lá
deixamos no plano espiritual, falta da felicidade relativa que tínhamos; e a
tristeza vem porque estamos aprisionados em corpos físicos, pesados, expostos a
influências negativas, necessitados de esforços físicos e morais diariamente.
Estas sensações e sentimentos é motivo de grande angustia na maioria das vezes,
porque não sendo um sentimento de alegria, traz assim tristeza, e incerteza,
dos motivos pelo qual isso ocorre. Esta saudade desconhecida é também
chamada de: sentimento estrangeiro. No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo,
no capítulo V – item 25, encontramos a mensagem do Espírito François de Genève,
referente a este sentimento de saudade do mundo espiritual, vejamos o texto
intitulado A MELANCOLIA: “Sabeis por que uma vaga tristeza se apodera por vezes
dos vossos corações e vos faz achar a vida tão amarga? É o vosso espírito que
aspira à felicidade e à liberdade e que, preso ao corpo que lhe serve de
prisão, se extenua em vãos esforços para dele sair. Mas, vendo que são inúteis,
cai no desencorajamento, e o corpo, suportando sua influência, a languidez, o
abatimento e uma espécie de apatia se apoderam de vós, e vos achais infelizes.
Crede-me, resistas com energia a essas impressões que enfraquecem vossa
vontade. Essas aspirações para uma vida melhor são inatas no espírito de todos
os homens, mas não as procureis neste mundo; e, atualmente, quando Deus vos
envia seus espíritos para vos instruírem sobre a felicidade que vos reserva,
esperai pacientemente o anjo da libertação que deve vos ajudar a romper os
laços que mantêm vosso espírito cativo. Lembrai-vos de que tendes a cumprir,
durante vossa prova na Terra, uma missão de que não suspeitais, seja em vos
devotando à vossa família, seja cumprindo os diversos deveres que Deus vos
confiou. E se no curso dessa prova, e desempenhando vossa tarefa, vedes os
cuidados, as inquietações, os desgostos precipitarem-se sobre vós, sede fortes
e corajosos para os suportar. Afrontai-os francamente; eles são de curta
duração e devem vos conduzir para perto dos amigos que chorais, que se
regozijarão com a vossa chegada entre eles e vos estenderão os braços para vos
conduzir a um lugar onde os desgostos da Terra não tem acesso.” Esta mensagem
nos esclarece que todos as provas e dificuldades que passamos aqui no mundo
material, inclusive esta saudade do “desconhecido”, deve ser motivo para nos
estimular cada vez mais com o amor ao próximo, com a pratica da caridade, com o
desenvolvimento do bem, com finalidade de diminuirmos a necessidade das
encarnações, sobretudo em mundos de provas e expiações, como ainda é a
Terra. Assim, o que devemos e podemos fazer para substituir este
sentimento de tristeza, de saudade, de vazio, é trabalhar ativamente e
constantemente no bem, é exercer a caridade, aprender cada vez mais os ensinos
de Jesus e coloca-los em pratica, estudar para compreender, trabalhar para o
nosso progresso, para a nossa evolução, sendo nós espíritos momentaneamente
encarnados no planeta Terra que é apenas um dos inúmeros planetas, onde a
evolução espiritual se processa. E que com os ensinos de Cristo Jesus podemos
sensibilizar a nós mesmos, e canalizar esta tristeza e saudade, para os
ideais de vivencia do amor pregado por Jesus. Como vimos até agora,
a saudade pode nos visitar de várias formas. O ser humano, apesar de toda a sua
suposta religiosidade e conhecimento, se abala, no momento da despedida de um
ente querido. Não importa o quão o outro deseje essa partida, o quão debilitado
ou ainda a dor que padeça, quer-se sempre mantê-lo um pouco mais, tê-lo por
mais tempo mesmo diante das consequências. Assim o término de uma relação
conjugal, a independência dos filhos, mudar-se e deixar amigos e o maior de todos
o desencarne, são acontecimentos que deixam as despedias com sabor de perda.
Vejam meus amigos, as despedidas surgem em nossas vidas como parte de um
processo natural de crescimento. Todos esses fatos nos remetem ao grande
questionamento: Esse negar ao outro a despedida seria um ato de AMOR ou de
Egoísmo? A despedida seria realmente uma perda? Não pretendemos acusar, julgar,
mas sim entender as motivações que induzem a tais sentimentos. O AMOR como
sabemos mesmo diante de nossa pequenez, nasce de atitudes nobres e genuínas,
expressando a vontade do Pai, em tudo que temos de melhor. Por isso dizemos que
o amor jamais prende ao contrário o amor dá asas para que possamos voar e
alcançar patamares maiores de evolução. Jesus já nos ensina que por nos amar o Pai
nos concede o livre arbítrio sempre, a fim de que possamos construir o nosso
aprendizado. Entendemos ainda que o Amor não é um gesto solitário, mas
solidário, aonde através de uma ação fraterna vamos de encontro ao outro, no
exercício do bem, permitindo que ele cresça e colha o fruto de suas ações.
Mesmo diante de nossas limitações é possível a percepção de que o Egoísmo se
traduz no desejo de se fazer um bem. Portanto, o egoísmo, não é o desejo de
fazer o mal. Mas, diferentemente do Amor que é um gesto solidário, o egoísmo é
um gesto solitário, onde o único beneficiário desse bem somos nós mesmos. Assim
é comum desejarmos o que parece um bem para nós, mesmo que isso traga
infelicidade e prejuízos ou atrasos ao outro. Quando somos egoístas, estamos
nos equivocando, na compreensão do que seja realmente o bem para nós. Pela Lei
da Causa e Efeito toda ação tem uma reação. Prejudicando o outro, estarei,
portanto, prejudicando a mim mesmo. Não temos como negar que de todas as dores da
Humanidade, possivelmente a mais aflitiva seja a que se constitui na separação
dos afetos pelo fenômeno da morte. Embora todos saibamos que a morte é a etapa
final dos que vivem na Terra, não nos preparamos para recebê-la. Jesus, o
Mestre excelso, provou mais de uma vez que a morte é uma ilusão dos sentidos
físicos. No Tabor, ao Se transfigurar, frente aos olhares atônitos de Pedro,
Tiago e João, apresenta-Se tendo ao lado direito e esquerdo as figuras
veneráveis do legislador hebreu Moisés e do profeta Elias. Jesus, após Sua
morte infamante na cruz, apresentou-Se aos Apóstolos e aos discípulos variadas
vezes, em ambientes fechados e ao ar livre, demonstrando que prosseguia vivo.
Os que morrem continuam vivendo, no mundo que lhes é próprio, o espiritual, que
somente não detectamos pela grosseria de nossa visão material. A prova de que
prosseguem vivos a temos nos sonhos em que com eles nos encontramos, trocamos
confidências, amenizamos as saudades. Por isso, somente a oração pode amenizar
a longa saudade. Quando oramos a Deus pelos que partiram, eles nos sentem as
vibrações, quais se fossem abraços de carinho e na mesma intensidade, os
retribuem, pelos fios do pensamento. Quando estiver de braços com a saudade, não
permita que ela se transforme numa prisão emocional, impedindo que você saiba
aproveitar os dias que de repente ficaram mais compridos, impedindo que você
domine o seu pensamento, que você domine as lágrimas, que você domine o
desânimo que bate à porta ameaçadoramente.
Todos os períodos da vida são importantes, nenhum se repete, com toda a
certeza um dia a oportunidade de aprendizado e vivência desse momento da sua
vida lhe será cobrado, e é bom que você tenha aproveitado. Vou ler o depoimento
do médico Oncologista, Dr. Rogério
Brandão, sobre a definição de saudade que ele vivenciou: “Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de
atuação profissional (...) posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os
dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira
dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir
muito mais além. Recordo-me com
emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como
profissional... Comecei a freqüentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela
oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas
inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me
acovardar ao ver o sofrimento das crianças.
Até o dia em que um anjo passou por mim! Meu anjo veio na forma de uma
criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos,
manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de
químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar
muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano! Um dia, cheguei ao hospital cedinho e
encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que
recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção. — Tio, — disse-me ela — às vezes minha
mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores... Quando eu morrer,
acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer,
tio. Eu não nasci para esta vida! Indaguei: — E o que morte representa para você,
minha querida? — Olha tio, quando a gente é pequena, às
vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa
própria cama, não é? (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2
anos, com elas, eu procedia exatamente assim.) — É isso mesmo. — Um
dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha
vida verdadeira! Fiquei sem palavras, não sabia o que
dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a
espiritualidade daquela criança. — E
minha mãe vai ficar com saudades — emendou ela. Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei: — E o que saudade significa para você,
minha querida? — SAUDADE É O AMOR QUE
FICA! Hoje, aos 53 anos de idade, desafio
qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e simples para a palavra
saudade: é o amor que fica! Meu
anjinho já se foi, há longos anos. Mas, deixou-me uma grande lição que ajudou a
melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a
repensar meus valores. Quando a noite chega, se o céu está limpo e vejo uma
estrela, chamo pelo "meu anjo", que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela uma fulgurante estrela
em sua nova e eterna casa. Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas
lições que me ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudade! O
amor que ficou é eterno.” E para finalizar nossa
palestra-conversa de hoje vamos ouvir uma mensagem que chama: SAUDADE DE JESUS,
narrado por Adelino
da Silveira. Narra ele que se
encontravam na residência de Chico Xavier numa daquelas fases em que seu estado
de saúde não lhe permitia deslocar-se até o Centro Espirita... No entanto uma
multidão se comprimia lá na rua em frente, quando o portão se abriu, a fila de
pessoas tinha alguns quarteirões. Como de hábito, foram passando uma a uma em
frente ao Chico. Eram pessoas de todas as idades, de todas as condições sociais
e dos mais distantes lugares do País. Algumas diziam: - Eu só queria tocá-lo... - Meu maior sonho era conhecê-lo... - Só queria ouvir sua voz e apertar sua mão. Muitos queriam notícias de familiares desencarnados, espantarem uma
idéia de suicídio. Outros nada diziam e nada pediam, só conseguiam chorar. Bastava uma simples palavra do Chico, seus semblantes se transfiguravam,
saíam sorridentes. Adelino da Silveira, diante
do cortejo inigualável, e especialmente pela maneira como Chico atendia a todos
ficou a pensar: "Meu Deus, a aura do Chico é tão boa... Seu magnetismo é
tão grande, que parece que pulveriza nossas dores e ameniza nossas
ansiedades". Instantaneamente a este
pensamento Chico se dirige ao confrade e lhe diz: – Comove-me a bondade de
nossa gente em vir visitar-me. Não tenho mais nada para dar. Estou quase morto.
Por que você acha que eles vêm? A pergunta inesperada
deixa-o perplexo e momentaneamente emudecido e pensando: Meu Deus, frente a um
homem desses, a gente não pode mentir nem dizer qualquer coisa que possa vir
ofender a sua humildade (embora ele sempre diga que nunca se considerou
humilde) e, logo recobrado do estupor, diz ao Chico: “Quando Jesus esteve
conosco, onde quer que aparecesse, a multidão o cercava. Eram pessoas de todas
as idades, de todas as classes sociais e dos mais distantes lugares. Muitos iam
esperá-lo nas estradas, nas aldeias ou nas casas onde Ele se hospedava. Onde
quer que aparecesse, uma multidão o cercava. Tanto que Pedro lhe disse certa
vez: ‘Bem vês que a multidão te comprime’. Zaqueu chegou a subir numa árvore
somente para vê-lo. Ver, tocar, ouvir era só o que queriam as pessoas. Tudo
isso passou pela minha cabeça com a rapidez de um relâmpago. E como ele
continuava olhando para mim, concluí o raciocínio dizendo-lhe: Acho que eles
estão com saudades de Jesus”. Conta Adelino que estas
palavras foram tiradas do fundo do seu coração diante de um homem tão doce e
amável que era, pois acreditava que elas não ofenderiam a sua modéstia. Enquanto isso a multidão continuava desfilando à frente dele e todos lhe
beijavam a mão e ele beijava a mão de todos. Lá pelas tantas da noite, quando a
fila havia diminuído sensivelmente, o confrade Adelino percebe que os lábios de
Chico estavam sangrando, pois ele havia beijado a mão de centenas de pessoas.
Adelino da Silveira fica com tanta pena daquele homem, que já contava com
oitenta e oito anos, mais de setenta dedicados ao atendimento de pessoas, e lhe
pergunta: Chico, por que você beija a mão deles? A resposta que recebeu o
deixou ainda mais estupefato e admirando-o mais do que nunca, pois declara que
a resposta marcou sua alma para a eternidade: - Porque não posso me curvar para
beijar-lhes os pés.” E assim finalizamos
nossa mensagem de hoje lembrando que a
saudade é o que fica daquilo que partiu, daquilo que já não é mais. Saudade é
ausência, é o sentimento de vazio que fica daquilo que se foi. Mas às vezes, a
saudade é um vazio tão grande que ocupa muito espaço dentro do coração, e
aperta tanto o peito que acaba transbordando e escorrendo pelos olhos. Se sentimos saudades de algo ou de alguém é
porque o objeto da saudade nos trouxe felicidade, foi algo ou alguém que
amamos. Por isso a saudade dói. A saudade é a insistência da memória de manter
vivo, presente e perto de nós o que já não temos. A saudade faz o ponto final
virar uma vírgula na vida. Há saudades
que se podem matar, há outras que são capazes de nos fazer morrer. Mas a
saudade é sempre uma memória de amor que não morre. Por isso meu irmão, ame muito,
doe muito, para que, num futuro essa saudade corroa sua consciência pois você
poderia ter feito mais e não fez porque não era importante. Tudo na vida é importante. Que o
Jesus possa nos conceder a cura do corpo e da alma. Paz e Luz
para todos!
Fonte: https://www.iquilibrio.com/blog/espiritualidade/saudade/
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