LIVRE-ARBÍTRIO

Hoje falaremos sobre LIVRE-ARBÍTRIO. Mas afinal o que é Livre-Arbítrio? Vamos às definições:  Livre-arbítrio é o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações, que caminho quer seguir. É uma tomada de decisão interna, exclusiva, única. A expressão é utilizada por diversas religiões, como o cristianismo, o espiritismo, o budismo etc. O real significado de livre arbítrio tem sentidos religiosos, psicológicos, morais e científicos. Para algumas pessoas o livre arbítrio significa ter liberdade, e muitas vezes confundem com desrespeito e falta de educação. Cada um realmente tem direito de fazer o que quiser com sua vida e escolher qual caminho quer seguir, desde que não prejudique o próximo. Há um dito popular que diz: “o seu direito acaba onde começa o do outro”.  A expressão "livre-arbítrio" não está na Bíblia, no entanto, em diversas passagens podemos ver que Deus dá o poder de escolha ao ser humano. Segundo a Bíblia, a vontade de Deus é que as pessoas sigam os seus mandamentos e façam coisas boas. Também é possível ver na Bíblia que cada pessoa vai prestar contas da forma como usa suas decisões, ou seja, vai ser responsabilizada pelos seus atos. A Bíblia também fala em predestinação, onde algumas pessoas são escolhidas mesmo antes de nascerem, e são predestinadas a seguirem o caminho de Deus. Num primeiro momento vemos um certo conflito, porque dizem que se uma pessoa foi predestinada a fazer alguma coisa, não tem vontade própria. Mas quanto a isso, a Bíblia diz que apesar de ter escolhido algumas pessoas, isso não interfere com o seu livre arbítrio, a escolha da pessoa é livre, mas Deus sabe previamente o que a pessoa vai escolher. Podemos citar, por exemplo, Santo Agostinho. Ele se converteu ao cristianismo, tornando-se sacerdote no ano 386 DC, em Milão, Itália. Depois de viver tranquilamente numa chácara, com familiares e alguns discípulos, sofreu com a morte de sua mãe, após uma fulminante doença. Enquanto aguardava a chegada do navio que o levaria de volta para sua terra natal, atual Argélia, na África do Norte, escreveu a obra “De libero arbítrio”. Nascia o conceito de livre arbítrio, que se tornaria futuramente um termo fundamental para a doutrina espírita. Agostinho tinha em mente sua própria experiência de vida, um contraste entre uma juventude regada de excessos, com mulheres e noitadas; e agora sua dedicação à vida de monge. Qual a causa fundamental do mal? Essa era a grande dúvida dele. O livro De Libero Arbitrio (Livre arbítrio) tem data de 395 DC, foi escrito na forma de diálogo do autor com o seu amigo Evódio. Nesta obra, Santo Agostinho elabora algumas teses a respeito da liberdade humana e aborda a origem do mal moral. Muitas vezes a expressão livre arbítrio, tem o mesmo significado que a expressão liberdade. No entanto, Santo Agostinho diferenciou claramente esses dois conceitos. O livre arbítrio é a possibilidade de escolher entre o bem e o mal; enquanto que a liberdade é o bom uso do livre arbítrio. Isso significa que nem sempre o homem é livre quando põe em uso o livre arbítrio, depende sempre de como usa essa característica. Assim, o livre arbítrio está mais relacionado com a vontade. Porém, uma distinção entre os dois é que a vontade é um ato ou ação, enquanto que o livre arbítrio é uma faculdade. De acordo com o Espiritismo, o livre arbítrio é uma das propriedades fundamentais do Espírito. Consiste na liberdade de fazer ou não alguma coisa, seguir um determinado caminho ou evitá-lo. No Espiritismo existe a crença que os atos praticados não foram predeterminados e por isso cada pessoa é responsável pelas suas escolhas. Desta forma, o livre-arbítrio é desenvolvido juntamente com o desenvolvimento da inteligência, reforma interior e implica um aumento pela responsabilização dos atos praticados. Já no âmbito da filosofia, o livre arbítrio se opõe ao determinismo, que defende que todos os acontecimentos são causados por fatos anteriores. Para o determinismo, as ações do Homem são determinadas por leis da natureza ou por outras causas e por isso o ser humano não pode ser responsabilizado pelos seus atos. Para a filosofia, o indivíduo faz exatamente aquilo que tinha de fazer, seus atos são inerentes à sua vontade, e ocorrem com a força de outras causas, internas ou externas. Para nosso estudo desta noite iremos nos pautar nos ensinamentos da Doutrina Espírita. Extraí de O Livro dos Espiritos, de Allan Kardec, algumas questões que abordam o tema. Vamos à questão 114: “Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram?” Resposta: “São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para uma ordem superior.”  Questão 121: “Por que certos Espíritos seguiram o caminho do bem e outros o do mal?” Resposta: “Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não os criou maus, criou-os simples e ignorantes, isto é, com aptidão tanto para o bem quanto para o mal. Aqueles que são maus, assim se tornaram por sua vontade.” Questão 122: “Como podem os Espíritos, em sua origem, quando não tem a consciência de si mesmos, desfrutar da liberdade de escolha entre o bem e o mal? Existe neles um princípio, uma tendência qualquer que os incline mais para um caminho que para outro?”  Resposta: “O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Ele não teria mais liberdade se a escolha fosse determinada por uma causa independente da sua vontade. A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude de sua vontade livre. É a grande figura da queda do homem e do pecado original; alguns cederam à tentação, outros a resistiram.” Questão 123: “Por que Deus tem permitido que os Espíritos possam seguir o caminho do mal?” Resposta: “A sabedoria de Deus está na liberdade que ele deixa a cada um escolher, porque cada um tem o mérito de suas obras.” O termo livre-arbítrio, com o qual nos deparamos, com certa frequência, no estudo da Doutrina Espírita, é a capacidade de escolher, dentre as várias alternativas que nos surgem, aquela que julgamos ser a mais conveniente e desejável, permitindo-nos, assim, determinar o que queremos para nós. A fim de ilustrar tal capacidade de escolha e decisão, apresentamos a seguinte lenda: “Em uma vila da Grécia, vivia um sábio famoso por saber sempre a resposta para todas as perguntas que fossem feitas. Um dia, um jovem adolescente, conversando com um amigo, disse:  “Eu acho que sei como enganar o sábio. Vou pegar um passarinho e o levarei, dentro da minha mão, até o sábio. Então, perguntarei a ele se o passarinho está vivo ou morto. Se ele disser que está vivo, espremo o passarinho, mato-o e deixo-o cair no chão; mas se ele disser que está morto, abro a mão e deixo-o voar”. Assim, o jovem chegou perto do sábio e fez a pergunta: “Sábio, o passarinho na minha mão está vivo ou morto?” O sábio olhou para o rapaz e disse: “Meu jovem, a resposta está em suas mãos!” Com o estudo do Espiritismo, podemos aprender que todos nós fomos criados por Deus como espíritos simples e ignorantes, para que conhecêssemos a diferença entre o bem e o mal e, dessa forma, evoluíssemos por nossos próprios méritos, e assim foi necessária a união de nosso espírito a um corpo físico. Então, desde a nossa criação, estamos progredindo através de milhares de encarnações.  A gente acerta, erra, acerta, erra.. Cada um de nós tem evoluído da sua própria maneira e ritmo, fazendo com que o resultado de todas as escolhas e atitudes – comportamentos adotados no decorrer da trajetória existencial – definissem o que somos na atualidade. E é somente esse progresso exclusivo e individual que consegue explicar, de maneira lógica e racional, as diferenças culturais, emocionais, morais e espirituais que ocorrem entre todos nós. Sempre existiram inúmeros caminhos a serem seguidos e cada um de nós optou por aqueles que pareceram ser os mais convenientes para o momento.     Mas nem tudo o que julgamos ser o mais adequado é, verdadeiramente, o mais apropriado ao nosso bem-estar e integridade, porque o grau dessa percepção depende dos conhecimentos adquiridos, das experiências vividas e do quanto já conseguimos aprender e apreender sobre as virtudes que necessitamos conquistar, de modo a concretizarmos o próprio progresso.  Em resumo: O livre arbítrio é a condição básica para que programemos nossa vida e construamos um futuro digno entendendo, porém, que os direitos, limitações e capacidades individuais devem ser respeitados pelas regras da vida em sociedade. Deus nos deu a liberdade e o livre-arbítrio como instrumentos de felicidade. A liberdade nos é concedida para que possamos ter uma visão mais lúcida de nós mesmos e das demais pessoas, de forma a discernir que papel devemos exercer na sociedade, quais são os nossos limites e possibilidades, assim como do nosso próximo. À medida que aprendemos a associar as noções de liberdade e responsabilidade, exercitamos melhor nosso livre-arbítrio, pois somos impulsionados por um sentimento superior, que nos permite desenvolver ações de amor ao próximo. Na doutrina espírita não há destino, predestinação, sorte ou azar. O futuro é construído todos os dias, por meio de pensamentos, ações, dentro de um processo de Reforma Interior, num repensar sobre nosso modo de viver. Allan Kardec, disse que se não tivéssemos a liberdade nos nossos atos, seríamos uma máquina. O livre-arbítrio nos deixa responsáveis por todos os nossos atos, depende unicamente de nós seguirmos o caminho do bem ou do mal. Aqueles que escolhem seguir o mau caminho, mais cedo ou  mais tarde irão se arrepender e irão corrigir seus erros, retornando assim para o caminho do bem.  As dificuldades que enfrentamos são as expiações que desejamos passar enquanto estamos encarnados, sem contar com aquelas que adquirimos porque somos seres imperfeitos e cometemos erros, somos seres em construção. Outras dificuldades são missões pré-planejadas no plano espiritual e aceitas por nós mesmo antes de virmos para cá, porém nada é imposto. As situações que o espírito enfrenta tanto no plano espiritual como no material, podem ser escolhas feitas antes de reencarnar. Estas escolhas são de nossa completa responsabilidade, com isso, o espírito se torna responsável pelas consequências, efeitos, e novas situações que são geradas a partir de suas decisões, independentemente se elas são boas ou ruins.  Como podemos ver, entender o livre-arbítrio é fundamental para melhor compreender as leis que regem a vida no cosmo, facilitando as tomadas de decisões em cada situação. Ficar em paz não significa, por outro lado, não fazer nada. O espírito sábio mantém sua condição vibratória elevada, mas busca mudar a realidade positivamente por meio da ação efetiva. É o famoso: “fazer mais e falar menos”.   Sabemos que todos nós fomos criados simples e ignorantes e somente através das múltiplas encarnações é que haveremos de progredir, adquirindo consciência de nós mesmos e conquistando o Livre Arbítrio. E uma das maiores vitórias do Espírito é ter liberdade de pensar, agir, ir e vir segundo sua própria vontade evidenciando assim sua evolução. Cada um, individualmente, tem oportunidade de exercitar esta liberdade que nos é alargada conforme o esforço pessoal da boas atitudes tomadas, das virtudes adquiridas ao longo de nossa jornada. Tal qual uma criança, precisamos de cuidados, atenção e direcionamento até que complete determinado ciclo de aprendizado para avançar nova etapa em um constante crescer. Na escola há quem avance mais ou menos conforme o esforço e assim também ocorre entre os espíritos há quem avance mais ou menos depressa. Leon Denis registrou: “A liberdade é uma condição necessária da alma humana que, sem ela, não poderia construir o seu destino.”  Não podemos deixar de lembrar das limitações humanas: Condições sociais, necessidades físicas e interesses fazem com que o homem se encarcere e exerça uma liberdade por demais restrita e limitada. Mas liberdade e responsabilidade caminham juntas e, muitas vezes, o homem consciente abre mão de liberdade porque tem noção de dignidade e moralidade. Quanto a isso podemos citar Paulo de Tarso: “Tudo posso, mas nem tudo me convém”. E Jesus: “Eu não busco a minha vontade e sim a vontade daquele que me enviou”. O homem evoluído tem inteligência e aciona dentro de si o certo e o errado, tem ciência das Leis Morais da Vida que são imutáveis e que quando não respeitadas lhe causará transtornos. Como espíritas sabemos que para toda ação tem uma reação e para o bom cumprimento de nossa tarefa é necessário que nos esforcemos deixando de lado a escravidão da ignorância e as paixões inferiores.  Deus nos fornece as mesmas oportunidades e não faz diferença entre seus filhos, alguns de nós é que, teimosos, muitas vezes repetimos o ano e, ao invés de progredir mantemo-nos estacionários. O progresso dos Espíritos é desigual justamente porque depende do livre-arbítrio de cada um, como encara provas, expiações, se aproveita as experiências, se reage bem ou mal, etc. Entretanto, todos nós estamos fadados à evolução. Todos iremos evoluir. Isto sim é determinado por Deus. Exercitemos o nosso livre-arbítrio, porém ponderemos cada uma das nossas ações. É possível que estejamos nos aprisionando, onde deveríamos estar nos libertando. Noutras vezes, por um impulsos de padrões vibratórios inferiores, pomos a perder toda uma vida de acertos. Cabe a nossa consciência combater o mal.  Por isso, tenha responsabilidade por suas atitudes e saiba usar bem seu livre-arbítrio. Assuma suas tomadas de decisões, não culpe ninguém por isso. Meus irmãos, mais uma vez volto a dizer: se você não mudar, e se morrer hoje, voltará para casa do jeito que está agora, pois não existe mágica, existe perseverança. Não desista de você pois Deus te ama infinitamente. Lembre-se que o conhecimento de Deus está dentro de cada um de nós, e saberemos o que é bom ou não para nossa evolução, pois nossa intuição irá nos orientar.  E ainda, conheça seus limites; não cometa injustiças; construa sua própria história. Encerro com uma citação de Pai Joaquim de Aruanda, que diz: “O problema é que não está tudo pré-determinado.. As pessoas acham que a vida é um livro que já tá escrito, e não é isso. Quando a pessoa encarna, ela sabe porque tipo de vibrações ela vai passar, porque tipo de propósitos ela vai passar, ela sabe o nível energético que ela vai enfrentar, ela só não sabe como ela vai fazer isso. Aqui se constrói a história dela”. Que Jesus nos conceda a cura do corpo e da alma.  Paz e luz para todos!

Fonte: https://www.significados.com.br/livre-arbitrio/
http://www.acasadoespiritismo.com.br/esponline/iniciespirit/12%20livre%20arbitrio%20e%20progresso.htm
http://www.sergiobiagigregorio.com.br/palestra/livre-arbitrio-e-fatalidade.htm