O estudo de hoje tem a ver com OUVIR e
ESCUTAR. Advertiu o Cristo: "Ouçam os que têm ouvidos para ouvir
". Mas o que será que Jesus quis dizer com isso? Vamos
aos estudos dessa noite. Os verbos “escutar” e “ouvir”
embora sejam sinônimos quanto à função de captar tanto os sons emitidos pela
fala ou sons de um modo geral, tem sentidos bem diferentes. Enquanto “escutar”
desperta nossa atenção para “ouvir”,
OUVIR diz respeito a entendermos o que escutamos. Parece complicado
não?... O Mestre nos fez perceber essa sutil diferença quando afirmou: “Ouça
quem tem ouvidos de ouvir”. A multidão que O seguia, salvo os portadores de
deficiência auditiva, efetivamente escutava o que Ele dizia, mas, quantos
entenderam Suas mensagens, isto é, quantos tiveram “ouvidos para ouvir”? Podemos considerar que, naquela época,
houvesse dificuldade para o entendimento, uma vez que tudo o que o Nazareno
dizia fugia aos padrões culturais e religiosos da sociedade judaica. A escolha
por disseminar a Boa Nova através de parábolas foi justamente por sentir na
linguagem simbólica, aplicada aos costumes vigentes, uma comunicação mais
receptiva à compreensão. Se ouvir pressupõe entendimento daquilo que se escuta,
a sequência natural será a aceitação, ou não, da lição, da tese, da opinião,
enfim, do ensinamento que está sendo exposto, gerando reflexão, troca de
ideias, conversação, reforma intima. Numa conversa, ouvir é tão ou mais
importante que falar. Deus, em sua infinita sabedoria,
nos fez possuidores de uma só boca e dois ouvidos, querendo com isso que
utilizássemos em dobro nossa capacidade de ouvir. Ouvir é diferente do simples ato de escutar.
Escutar é o uso puro e simples do sentido da audição e só não escuta quem é
surdo. Ouvir é muito mais profundo pois envolve a pessoa por inteiro e é um
processo ativo, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa ser. Saber
ouvir leva tempo, prática e paciência. É uma arte que mantém vivos o respeito,
a afeição, a amizade, o sentimento de confiança que o outro deposita em nós.
Faz com que quem convive conosco, sinta-se como pessoas importantes e
privilegiadas. O ser humano que sabe ouvir consegue aprender mais e também
auxilia na higienização dos pensamentos ruins que circulam pelo espaço. Saber
ouvir é olhar o próximo com olhos de amor e ver que ali está um irmão que
possuí virtudes e defeitos bem diferentes dos nossos. Para compreendermos o que
o outro fala temos que nos desarmar de todo e qualquer preconceito, ter
paciência e não sermos abalados pela ira que em alguns casos destrói amizades e
famílias. Saber ouvir é uma arte que precisa ser cultivada por todos nós para
que a comunicação entre todos seja positiva e construtiva. É necessário também
saber ouvir a alma… Saber ouvir a alma é essencial para seguirmos o rumo certo
e não nos perdermos nas ilusões da vida. E como podemos desenvolver essa
habilidade tão importante? Primeiro precisamos aprender a ouvir Deus em nós e
compreender que Ele sabe o que é melhor para seus filhos. Quando ouvimos Deus
desenvolvemos a capacidade de ouvir a nossa alma. É nesse momento que
conseguimos decifrar do que realmente somos feitos e o que queremos para as
nossas vidas. A vida é feita de escolhas e para podermos acertar o maior número
possível precisamos ouvir atentamente o nosso interior. Saber ouvir é saber
viver. Thomas Edison, o inventor da lâmpada, perdeu boa parte de
sua capacidade auditiva quando tinha doze anos de idade. Só podia ouvir os
ruídos e gritos mais fortes. Isso, no entanto, não o incomodava. Certa vez,
indagado a respeito da sua deficiência, respondeu com serenidade: Não ouço um passarinho desde meus doze anos mas, em vez disso
constituir uma desvantagem, minha surdez talvez tenha sido benéfica para mim.
Ela encaminhou-me muito cedo à leitura e, além disso, pude sempre concentrar-me
com rapidez, já que me encontrava naturalmente desligado de conversações inúteis.
A singela observação guarda grande ensinamento. A maior
parte de nós tem plena capacidade auditiva, mas isso não significa
necessariamente que tenhamos o dom de saber ouvir, apenas escutamos. Nesse momento mesmo, todos aqui estão me
escutando, mas será que me ouvirão? Embora a audição seja uma dádiva
maravilhosa, não há como negar que muito poucos de nós dominamos a arte de
ouvir. Ainda não conseguimos ouvir os queixumes dos outros sem que atravessemos
um comentário a respeito da nossa própria vida. Ainda não conseguimos ouvir as
críticas que nos fazem, e em poucos instantes já estamos irritados e ofendidos,
mais preocupados em nos defender ou até em agredir verbalmente o outro. Ainda
não conseguimos ouvir conselhos e orientações que sejam dirigidas à nossa
melhoria íntima. Esse tipo de conversa sempre nos parece aborrecida e sem
sentido, afinal, muitas dessas palavras sábias representariam necessária
mudança de conduta e o abandono de alguns vícios, nossa Reforma Interior. Não
estamos dispostos a isso. Mas, se a conversa gira em torno de maledicências, aí
então, os ouvidos parecem ficar mais capazes de registrar sons e nosso
interesse fica aguçado. O sono passa e sempre há tempo para querer saber algum
detalhe a mais a respeito do assunto. Muita conversa inútil preenche nossas
horas e consome nosso tempo. Muitos exemplos infelizes são tomados como modelos
de atitude, por equívoco daqueles que os ouvem. Inúmeras dificuldades são
criadas em nossa intimidade pelo desequilíbrio gerado pela maledicência. Temos
sido surdos em um mundo repleto de sons e de melodias que poderiam transformar
nossas vidas em sinfonias de amor e de realização. Temos sido criaturas
incapazes de perceber palavras e histórias maravilhosas que ilustram a
existência dos seres que nos cercam e que muito poderiam nos ensinar. Temos
sido deficientes auditivos quando se trata de escutar verdadeiramente aquilo
que precisamos ouvir. É necessário e urgente que desenvolvamos a real
capacidade de ouvir. O Irmão X, através da
psicografia de Chico Xavier, narra um fato ao qual deu o título de Os Três Crivos. Conta-nos ele que
certo homem aproximou-se de Sócrates, dizendo ter algo grave a lhe contar. O
prudente sábio perguntou ao interlocutor se já havia passado o assunto pelos
três crivos. “Quais crivos?”, perguntou espantado o homem. “Primeiro”, disse o
filósofo, “o crivo da verdade: tem
certeza da veracidade do quer comunicar?” O interlocutor disse que não, pois só
ouvira dizer. Sócrates continuou perguntando se ele já havia passado o assunto
pelo crivo da bondade e
o homem negou argumentando que de bom nada havia. Diante disso, o sábio
recorreu ao terceiro crivo, o da utilidade e, prontamente, o interlocutor disse que de
útil, também, nada havia. “Bem, rematou o filósofo num sorriso, se o que tens a
confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te
preocupes com ele, já que
nada valem casos sem edificação para nós”... Nessa pequena história, parece-nos
muito claro o ensinamento de Jesus: “Quem tem ouvidos de ouvir, ouça”. Todos,
indistintamente, aguardamos ouvir os chamamentos de Jesus. Esperamos que vozes
celestiais nos cheguem aos ouvidos convocando-nos para, em nome do
Mestre, realizarmos grandes obras. É justo esperar, mas será que não
precisaríamos antes melhorar nossa audição para ouvir os
chamamentos? Emmanuel, na lição 72 do livro Palavras de Vida Eterna,
nos lembra que analisar, refletir e ponderar são modalidades do ato
de ouvir, pois que necessitamos estar atentos e dispostos a identificar o
sentimento das vozes, bem como as sugestões e situações que as rodeiam. Mas,
por que precisamos ter esse cuidado? Porque somente após aprendermos a ouvir
com atenção, analisar o que se ouviu, a refletir sobre as palavras ditas, os
sentimentos que as moveram e a ponderar sobre a sua utilidade - para o nosso
crescimento e o dos outros - é que poderemos falar de modo edificante na
estrada evolutiva que ora trilhamos. O Orientador Espiritual nos lembra que: “É indispensável que a criatura esteja sempre
disposta a identificar o sentido das vozes, sugestões e situações que a
rodeiam. Somente após ouvir, com atenção, pode o homem falar de modo
edificante na estrada evolutiva.
Quem ouve, aprende. Quem fala, doutrina. Um guarda, outro espalha. Só aquele que guarda, na boa experiência, espalha com
êxito. Se o homem deve ser pronto nas
observações e comedido nas palavras, deve ser tardio em irar-se. Certo, o caminho humano oferece, diariamente, variados
motivos à ação enérgica; entretanto, sempre que possível, é útil adiar a
expressão colérica para o dia seguinte, porquanto, por vezes, surge a ocasião
de exame mais sensato e a razão da ira desaparece.” Para
Deus, qualquer que seja sua importância, estará sempre ligada à nossa
necessidade individual de aprimoramento. Nós, por não entendermos os desígnios
divinos, é que não aceitamos essa condição. Tudo deve ser visto como
aprendizado. Julgamo-nos merecedores de tarefas mais importantes, de maior
destaque, sem nos atermos ao fato de que, muitas vezes, sequer conseguimos
realizar as pequenas tarefas diárias que nos são confiadas, ou pelas quais nos
responsabilizamos. Somos todos discípulos de Jesus, precisando
ouvi-Lo, dando testemunhos da nossa fidelidade aos ensinamentos que
deixou, procurando segui-Lo onde estejamos e como estejamos, na
certeza de que, somente através do exercício constante no bem, estaremos
atendendo ao chamamento do Divino Amigo, porque teremos então ouvidos de ouvir. Quando aprendemos a ouvir
iniciamos nossa caminhada rumo à nossa Reforma Interior, pois entramos em contato
com nosso Eu maior, e consequentemente, com Deus pois somos centelhas divinas. Conta-se
que certa vez, um rei mandou seu filho morar durante um tempo com
um grande mestre, a fim de aprender a sabedoria. Quando o príncipe chegou, o
mestre o recebeu afetuosamente, e o mandou sozinho para uma floresta, com a
tarefa de descrever o som da floresta. Após dez dias, o jovem retornou e o
mestre pediu que descrevesse todos os sons que conseguiu ouvir. O moço disse: -
Mestre, pude ouvir o canto dos pássaros, o barulho das folhas, o alvoreço dos
beija-flores, a brisa batendo na grama, o zumbido das abelhas, o barulho das
cachoeiras e do vento cortando os céus. Ao terminar o relato, o mestre pediu
que o príncipe retornasse à floresta, para ouvir tudo o mais que fosse
possível. Apesar de intrigado, o príncipe obedeceu à ordem do mestre, mas
pensando: Não entendo; eu já distingui todos os sons da floresta! Por dias e
dias ficou ouvindo, ouvindo... mas não conseguiu distinguir nada de novo, além
daquilo que havia relatado ao mestre. Certa manhã, porém, começou a distinguir
sons vagos, diferentes de tudo o que ouvira. E quanto mais prestava atenção,
mais claros os sons se tornavam. Uma sensação de encantamento tomou conta do
rapaz. Pensou: Esses devem ser os sons que o mestre queria que eu ouvisse. E,
sem pressa, ficou ali ouvindo, ouvindo pacientemente, durante quinze dias.
Queria ter certeza de que estava no caminho certo. Quando retornou, disse: -
Mestre, quando prestei atenção, pude ouvir o inaudível som das flores se
abrindo, o som do sol nascendo e aquecendo a terra, e da grama bebendo o
orvalho da noite. O mestre sorriu e disse: - Parabéns! Ouvir o inaudível é ter
a calma necessária para se tornar uma pessoa sábia. Apenas quando aprendemos a
ouvir o coração das pessoas, seus sentimentos mudos e medos não confessados,
podemos atender às reais necessidades de cada um. E o príncipe voltou para o
palácio.” A morte do espirito começa quando as pessoas
ouvem apenas as palavras pronunciadas pela boca, sem atender ao que vai no
interior, nem ouvir o coração, os sentimentos. É preciso, portanto, ver o
invisível e ouvir o lado inaudível, o lado não mensurável do ser humano, mas
que tem o seu valor. Não é só pela palavra, falada ou escrita, que expressamos
nossos sentimentos. Eles se mostram no nosso semblante, na fisionomia, no nosso
andar... Até a nossa pele comunica o que vai no nosso coração. Vou ler um lindo
texto de Shakespeare: “Eu tenho aprendido que devemos ouvir
mais e falar menos... E pensar antes de falar... Que o perdão é melhor do que a
vingança... Faz um bem danado para a
alma... Que por favor e muito obrigado nada custam e muito trazem... Usemo-los adequadamente... Que a
humildade é mais forte que a soberba... É
o lema de escutar para melhor aprender... Humildade, é também saber ouvir,
entendendo que ninguém é dono da verdade... Que orgulho nada nos
traz de bom... De que vale o orgulho? O
fim sempre será o mesmo... Que preconceitos impedem que vejamos a alma
das pessoas... E muitas vezes é muito
mais linda do que o aspecto exterior... Que devemos respeitar para
sermos respeitados... Seu direito
termina onde começa o meu, e o meu, onde começa o seu... Que tudo na
vida tem um limite, inclusive a própria vida... Quando ela acaba, tudo termina, portanto, saibamos vive-la, com amizade,
e em paz... Que a paciência é uma excelente virtude... Impede-nos de fazer besteiras...E nos faz
aprender a ouvir... Que boas amizades devem ser mantidas... Antes mesmo de pensar em novas... Que
devemos viver a vida, enquanto vivos estivermos... Depois, será tarde demais... Que não devemos fazer nada que possa
prejudicar outrem... Mesmo porque
muitas vezes o feitiço vira contra o feiticeiro... Que a vida é um bem
muito precioso, e devemos respeitar o direito à vida alheia, como queremos que
o nosso seja respeitado... A vida, como
os direitos, tem seus limites... Saibamos observá-los... Enfim, que a
coisa mais importante é VIVER E DEIXAR VIVER... Que cada qual tenha o direito de usar seu livre arbítrio, mesmo que não
estejamos de acordo... Afinal, de quem é
a vida? Esperando que cada qual pense e
analise à sua maneira, e utilize, se lhe for conveniente... Um lindo dia, pleno
de felicidade... é o que lhe deseja este escritor teimoso que ainda pensa em
paz e amizade... Finalizo minhas palavras lendo um trecho do livro:
Palavras de Vida Eterna, psicografia de Chico Xavier, onde Emmanuel diz: “Ouvidos . . . Toda gente os possui. Achamos,
no entanto, ouvidos superficiais em toda a parte. Ouvidos que apenas registram
sons. Ouvidos que se prendem a noticiários escandalosos. Ouvidos que se dedicam
a boatos perturbadores. Ouvidos de propostas inferiores. Ouvidos simplesmente
consagrados à convenção. Ouvidos de festa. Ouvidos de mexericos. Ouvidos de
pessimismo. Ouvidos de colar às paredes. Ouvidos de complicar. Se desejas, porém, sublimar as possibilidades
de acústica da própria alma, estuda e reflete, pondera e auxilia,
fraternalmente, e terás contigo os "ouvidos
de ouvir", a que se reportava Jesus, criando em ti mesmo o
entendimento para a assimilação da Eterna Sabedoria. Paz e Luz para todos!
Fonte: https://serespirita.com.br/saber-ouvir/
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