segunda-feira, 18 de março de 2019

DIFERENÇA ENTRE OUVIR E ESCUTAR


O estudo de hoje tem a ver com OUVIR e ESCUTAR.   Advertiu o Cristo: "Ouçam os que têm ouvidos para ouvir ". Mas o que será que Jesus quis dizer com isso?   Vamos aos estudos dessa noite. Os verbos “escutar” e “ouvir” embora sejam sinônimos quanto à função de captar tanto os sons emitidos pela fala ou sons de um modo geral, tem sentidos bem diferentes. Enquanto “escutar” desperta nossa atenção para “ouvir”,  OUVIR diz respeito a entendermos o que escutamos. Parece complicado não?... O Mestre nos fez perceber essa sutil diferença quando afirmou: “Ouça quem tem ouvidos de ouvir”. A multidão que O seguia, salvo os portadores de deficiência auditiva, efetivamente escutava o que Ele dizia, mas, quantos entenderam Suas mensagens, isto é, quantos tiveram “ouvidos para ouvir”?  Podemos considerar que, naquela época, houvesse dificuldade para o entendimento, uma vez que tudo o que o Nazareno dizia fugia aos padrões culturais e religiosos da sociedade judaica. A escolha por disseminar a Boa Nova através de parábolas foi justamente por sentir na linguagem simbólica, aplicada aos costumes vigentes, uma comunicação mais receptiva à compreensão. Se ouvir pressupõe entendimento daquilo que se escuta, a sequência natural será a aceitação, ou não, da lição, da tese, da opinião, enfim, do ensinamento que está sendo exposto, gerando reflexão, troca de ideias, conversação, reforma intima. Numa conversa, ouvir é tão ou mais importante que falar. Deus, em sua infinita sabedoria, nos fez possuidores de uma só boca e dois ouvidos, querendo com isso que utilizássemos em dobro nossa capacidade de ouvir.  Ouvir é diferente do simples ato de escutar. Escutar é o uso puro e simples do sentido da audição e só não escuta quem é surdo. Ouvir é muito mais profundo pois envolve a pessoa por inteiro e é um processo ativo, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa ser. Saber ouvir leva tempo, prática e paciência. É uma arte que mantém vivos o respeito, a afeição, a amizade, o sentimento de confiança que o outro deposita em nós. Faz com que quem convive conosco, sinta-se como pessoas importantes e privilegiadas. O ser humano que sabe ouvir consegue aprender mais e também auxilia na higienização dos pensamentos ruins que circulam pelo espaço. Saber ouvir é olhar o próximo com olhos de amor e ver que ali está um irmão que possuí virtudes e defeitos bem diferentes dos nossos. Para compreendermos o que o outro fala temos que nos desarmar de todo e qualquer preconceito, ter paciência e não sermos abalados pela ira que em alguns casos destrói amizades e famílias. Saber ouvir é uma arte que precisa ser cultivada por todos nós para que a comunicação entre todos seja positiva e construtiva. É necessário também saber ouvir a alma… Saber ouvir a alma é essencial para seguirmos o rumo certo e não nos perdermos nas ilusões da vida. E como podemos desenvolver essa habilidade tão importante? Primeiro precisamos aprender a ouvir Deus em nós e compreender que Ele sabe o que é melhor para seus filhos. Quando ouvimos Deus desenvolvemos a capacidade de ouvir a nossa alma. É nesse momento que conseguimos decifrar do que realmente somos feitos e o que queremos para as nossas vidas. A vida é feita de escolhas e para podermos acertar o maior número possível precisamos ouvir atentamente o nosso interior. Saber ouvir é saber viver. Thomas Edison, o inventor da lâmpada, perdeu boa parte de sua capacidade auditiva quando tinha doze anos de idade. Só podia ouvir os ruídos e gritos mais fortes. Isso, no entanto, não o incomodava. Certa vez, indagado a respeito da sua deficiência, respondeu com serenidade: Não ouço um passarinho desde meus doze anos mas, em vez disso constituir uma desvantagem, minha surdez talvez tenha sido benéfica para mim. Ela encaminhou-me muito cedo à leitura e, além disso, pude sempre concentrar-me com rapidez, já que me encontrava naturalmente desligado de conversações inúteis. A singela observação guarda grande ensinamento. A maior parte de nós tem plena capacidade auditiva, mas isso não significa necessariamente que tenhamos o dom de saber ouvir, apenas escutamos.  Nesse momento mesmo, todos aqui estão me escutando, mas será que me ouvirão? Embora a audição seja uma dádiva maravilhosa, não há como negar que muito poucos de nós dominamos a arte de ouvir. Ainda não conseguimos ouvir os queixumes dos outros sem que atravessemos um comentário a respeito da nossa própria vida. Ainda não conseguimos ouvir as críticas que nos fazem, e em poucos instantes já estamos irritados e ofendidos, mais preocupados em nos defender ou até em agredir verbalmente o outro. Ainda não conseguimos ouvir conselhos e orientações que sejam dirigidas à nossa melhoria íntima. Esse tipo de conversa sempre nos parece aborrecida e sem sentido, afinal, muitas dessas palavras sábias representariam necessária mudança de conduta e o abandono de alguns vícios, nossa Reforma Interior. Não estamos dispostos a isso. Mas, se a conversa gira em torno de maledicências, aí então, os ouvidos parecem ficar mais capazes de registrar sons e nosso interesse fica aguçado. O sono passa e sempre há tempo para querer saber algum detalhe a mais a respeito do assunto. Muita conversa inútil preenche nossas horas e consome nosso tempo. Muitos exemplos infelizes são tomados como modelos de atitude, por equívoco daqueles que os ouvem. Inúmeras dificuldades são criadas em nossa intimidade pelo desequilíbrio gerado pela maledicência. Temos sido surdos em um mundo repleto de sons e de melodias que poderiam transformar nossas vidas em sinfonias de amor e de realização. Temos sido criaturas incapazes de perceber palavras e histórias maravilhosas que ilustram a existência dos seres que nos cercam e que muito poderiam nos ensinar. Temos sido deficientes auditivos quando se trata de escutar verdadeiramente aquilo que precisamos ouvir. É necessário e urgente que desenvolvamos a real capacidade de ouvir. O Irmão X, através da psicografia de Chico Xavier, narra um fato ao qual deu o título de Os Três Crivos. Conta-nos ele que certo homem aproximou-se de Sócrates, dizendo ter algo grave a lhe contar. O prudente sábio perguntou ao interlocutor se já havia passado o assunto pelos três crivos. “Quais crivos?”, perguntou espantado o homem. “Primeiro”, disse o filósofo, “o crivo da verdade: tem certeza da veracidade do quer comunicar?” O interlocutor disse que não, pois só ouvira dizer. Sócrates continuou perguntando se ele já havia passado o assunto pelo crivo da bondade e o homem negou argumentando que de bom nada havia. Diante disso, o sábio recorreu ao terceiro crivo, o da utilidade e, prontamente, o interlocutor disse que de útil, também, nada havia. “Bem, rematou o filósofo num sorriso, se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós”... Nessa pequena história, parece-nos muito claro o ensinamento de Jesus: “Quem tem ouvidos de ouvir, ouça”. Todos, indistintamente, aguardamos ouvir os chamamentos de Jesus. Esperamos que vozes celestiais nos cheguem aos ouvidos convocando-nos para, em nome do Mestre, realizarmos grandes obras. É justo esperar, mas será que não precisaríamos antes melhorar nossa audição para ouvir os chamamentos? Emmanuel, na lição 72 do livro Palavras de Vida Eterna, nos lembra que analisar, refletir e ponderar são modalidades do ato de ouvir, pois que necessitamos estar atentos e dispostos a identificar o sentimento das vozes, bem como as sugestões e situações que as rodeiam. Mas, por que precisamos ter esse cuidado? Porque somente após aprendermos a ouvir com atenção, analisar o que se ouviu, a refletir sobre as palavras ditas, os sentimentos que as moveram e a ponderar sobre a sua utilidade - para o nosso crescimento e o dos outros - é que poderemos falar de modo edificante na estrada evolutiva que ora trilhamos. O Orientador Espiritual nos lembra que: É indispensável que a criatura esteja sempre disposta a identificar o sentido das vozes, sugestões e situações que a rodeiam. Somente após ouvir, com atenção, pode o homem falar de modo edificante na estrada evolutiva. Quem ouve, aprende. Quem fala, doutrina. Um guarda, outro espalha. Só aquele que guarda, na boa experiência, espalha com êxito. Se o homem deve ser pronto nas observações e comedido nas palavras, deve ser tardio em irar-se. Certo, o caminho humano oferece, diariamente, variados motivos à ação enérgica; entretanto, sempre que possível, é útil adiar a expressão colérica para o dia seguinte, porquanto, por vezes, surge a ocasião de exame mais sensato e a razão da ira desaparece.”  Para Deus, qualquer que seja sua importância, estará sempre ligada à nossa necessidade individual de aprimoramento. Nós, por não entendermos os desígnios divinos, é que não aceitamos essa condição. Tudo deve ser visto como aprendizado. Julgamo-nos merecedores de tarefas mais importantes, de maior destaque, sem nos atermos ao fato de que, muitas vezes, sequer conseguimos realizar as pequenas tarefas diárias que nos são confiadas, ou pelas quais nos responsabilizamos. Somos todos discípulos de Jesus, precisando ouvi-Lo, dando testemunhos da nossa fidelidade aos ensinamentos que deixou,  procurando segui-Lo onde estejamos e como estejamos, na certeza de que, somente através do exercício constante no bem, estaremos atendendo ao chamamento do Divino Amigo, porque teremos então ouvidos de ouvir. Quando aprendemos a ouvir iniciamos nossa caminhada rumo à nossa Reforma Interior, pois entramos em contato com nosso Eu maior, e consequentemente, com Deus pois somos centelhas divinas. Conta-se que certa vez, um rei mandou seu filho morar durante um tempo com um grande mestre, a fim de aprender a sabedoria. Quando o príncipe chegou, o mestre o recebeu afetuosamente, e o mandou sozinho para uma floresta, com a tarefa de descrever o som da floresta. Após dez dias, o jovem retornou e o mestre pediu que descrevesse todos os sons que conseguiu ouvir. O moço disse: - Mestre, pude ouvir o canto dos pássaros, o barulho das folhas, o alvoreço dos beija-flores, a brisa batendo na grama, o zumbido das abelhas, o barulho das cachoeiras e do vento cortando os céus. Ao terminar o relato, o mestre pediu que o príncipe retornasse à floresta, para ouvir tudo o mais que fosse possível. Apesar de intrigado, o príncipe obedeceu à ordem do mestre, mas pensando: Não entendo; eu já distingui todos os sons da floresta! Por dias e dias ficou ouvindo, ouvindo... mas não conseguiu distinguir nada de novo, além daquilo que havia relatado ao mestre. Certa manhã, porém, começou a distinguir sons vagos, diferentes de tudo o que ouvira. E quanto mais prestava atenção, mais claros os sons se tornavam. Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz. Pensou: Esses devem ser os sons que o mestre queria que eu ouvisse. E, sem pressa, ficou ali ouvindo, ouvindo pacientemente, durante quinze dias. Queria ter certeza de que estava no caminho certo. Quando retornou, disse: - Mestre, quando prestei atenção, pude ouvir o inaudível som das flores se abrindo, o som do sol nascendo e aquecendo a terra, e da grama bebendo o orvalho da noite. O mestre sorriu e disse: - Parabéns! Ouvir o inaudível é ter a calma necessária para se tornar uma pessoa sábia. Apenas quando aprendemos a ouvir o coração das pessoas, seus sentimentos mudos e medos não confessados, podemos atender às reais necessidades de cada um. E o príncipe voltou para o palácio.”   A morte do espirito começa quando as pessoas ouvem apenas as palavras pronunciadas pela boca, sem atender ao que vai no interior, nem ouvir o coração, os sentimentos. É preciso, portanto, ver o invisível e ouvir o lado inaudível, o lado não mensurável do ser humano, mas que tem o seu valor. Não é só pela palavra, falada ou escrita, que expressamos nossos sentimentos. Eles se mostram no nosso semblante, na fisionomia, no nosso andar... Até a nossa pele comunica o que vai no nosso coração. Vou ler um lindo texto de Shakespeare:  Eu tenho aprendido que devemos ouvir mais e falar menos...  E pensar antes de falar...  Que o perdão é melhor do que a vingança... Faz um bem danado para a alma... Que por favor e muito obrigado nada custam e muito trazem... Usemo-los adequadamente... Que a humildade é mais forte que a soberba... É o lema de escutar para melhor aprender... Humildade, é também saber ouvir, entendendo que  ninguém é dono da verdade... Que orgulho nada nos traz de bom... De que vale o orgulho? O fim sempre será o mesmo... Que preconceitos impedem que vejamos a alma das pessoas... E muitas vezes é muito mais linda do que o aspecto exterior... Que devemos respeitar para sermos respeitados... Seu direito termina onde começa o meu, e o meu, onde começa o seu... Que tudo na vida tem um limite, inclusive a própria vida... Quando ela acaba, tudo termina, portanto, saibamos vive-la, com amizade, e em paz... Que a paciência é uma excelente virtude... Impede-nos de fazer besteiras...E nos faz aprender a ouvir... Que boas amizades devem ser mantidas... Antes mesmo de pensar em novas... Que devemos viver a vida, enquanto vivos estivermos... Depois, será tarde demais... Que não devemos fazer nada que possa prejudicar outrem... Mesmo porque muitas vezes o feitiço vira contra o feiticeiro... Que a vida é um bem muito precioso, e devemos respeitar o direito à vida alheia, como queremos que o nosso seja respeitado... A vida, como os direitos, tem seus limites... Saibamos observá-los... Enfim, que a coisa mais importante é VIVER E DEIXAR VIVER... Que cada qual tenha o direito de usar seu livre arbítrio, mesmo que não estejamos de acordo...  Afinal, de quem é a vida?  Esperando que cada qual pense e analise à sua maneira, e utilize, se lhe for conveniente... Um lindo dia, pleno de felicidade... é o que lhe deseja este escritor teimoso que ainda pensa em paz e amizade... Finalizo minhas palavras lendo um trecho do livro: Palavras de Vida Eterna, psicografia de Chico Xavier, onde Emmanuel diz:  “Ouvidos . . . Toda gente os possui. Achamos, no entanto, ouvidos superficiais em toda a parte. Ouvidos que apenas registram sons. Ouvidos que se prendem a noticiários escandalosos. Ouvidos que se dedicam a boatos perturbadores. Ouvidos de propostas inferiores. Ouvidos simplesmente consagrados à convenção. Ouvidos de festa. Ouvidos de mexericos. Ouvidos de pessimismo. Ouvidos de colar às paredes. Ouvidos de complicar.  Se desejas, porém, sublimar as possibilidades de acústica da própria alma, estuda e reflete, pondera e auxilia, fraternalmente, e terás contigo os "ouvidos de ouvir", a que se reportava Jesus, criando em ti mesmo o entendimento para a assimilação da Eterna Sabedoria. Paz e Luz para todos!

Fonte: https://serespirita.com.br/saber-ouvir/

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