O tema escolhido para hoje é: ILUSÃO. Se observamos
o comportamento da humanidade vamos perceber que muitos de nós, para não dizer
a grande maioria, vivemos iludidos no tocante à nossa condição, ilusões
decorrentes das nossas limitações que impedem a percepção dos sentimentos que
criam ou determinam nossos raciocínios. Vamos definir ilusões como aquilo que
pensamos, mas que não corresponde à realidade e que nos distanciam da Verdade.
Em todos os setores da vida notamos que muitos dos entraves, das dores, das
doenças, das decepções, traumas, culpas, frustrações e todo um conjunto de
inclinações e tendências encontram sua matriz nas ilusões. Na verdade, a ilusão
é um mecanismo de defesa face às dificuldades que encontramos para lidar com as
emoções. Escondemo-nos por detrás de uma imagem que criamos de nós mesmos para
resguardarmos autoridade social ou outro qualquer valor que desejamos manter. Assim,
podemos concluir que o iludido esconde-se de si mesmo, criando um “eu ideal”
para abrandar o sofrimento que lhe causa a angústia de ser o que é fugindo de
si mesmo. E qual a razão para essa fuga? O sentimento de inferioridade que
ainda assinala a nossa caminhada. Emmanuel, prefaciando o livro “No Mundo
Maior” de André Luiz, diz-nos que “Todos os dias, nos quatro cantos da Terra,
partem viajores humanos, aos milhares, demandando o país da Morte. Vão-se de
ilustres centros da cultura européia, de tumultuárias cidades americanas, de
velhos círculos asiáticos, de ásperos climas africanos. Procedem das
metrópoles, das vilas, dos campos… Raros viveram nos montes da sublimação. A
maioria constitui-se de menores de espírito, em luta pela outorga de títulos
que lhes exaltem a personalidade”. A
morte a ninguém propiciará passaporte gratuito para a ventura celeste e nunca
seremos promovidos a anjos, sem antes derrubarmos todas as máscaras das ilusões
que criamos, desejando que os outros creiam sobre nós o que ainda não somos. A
Deus ninguém engana e como Deus mora dentro de nós, dentro de nossa consciência
é chegada a hora de promovermos nossa Reforma Interior com urgência. Também
encontramos ótima explicação no livro “REFORMA ÍNTIMA SEM MARTÍRIOS”, de
Ermance Dufaux, quando ela exemplifica os vários comportamentos revestidos de
ilusão, dizendo: “O iludido quando ambicioso, chega às raias da usura; quando
dominador chega aos cumes da manipulação; quando vaidoso, guinda-se aos
pântanos da supremacia pessoal; quando cruel, atola-se ao lamaçal do crime;
quando astuto, atira-se às vivências da intransigência; quando presunçoso,
escala os cumes da arrogância; e, mesmo quando esclarecido espiritualmente,
lança-se aos píncaros do exclusivismo, ostentando qualidades que, muita vez,
são adornos frágeis com os quais esnobam superioridade que supõe possuir”. Desse
modo, chegou o momento que iniciarmos um processo de destruição dessas máscaras
para encontrarmos o “eu real” que estamos ignorando há milênios, despertando a
luz que ignoramos estar em nossa intimidade à espera da vontade para
utilizá-la, lembrando que a nossa evolução não se opera em saltos, mas
gradativamente. O processo educacional da alma é lento. Hammed nos orienta no
livro AS DORES DA ALMA, psicografado pelo Médium Francisco do Espírito Santo
Neto o seguinte: “Somos nós mesmos que nos iludimos, por querer que as
criaturas dêem o que não podem e que ajam como imaginamos que devam agir. A
criatura humana modela suas reações emocionais através dos critérios dos
outros, estabelecendo para si própria metas ilusórias na vida. Esquece-se,
entretanto, de que suas experiências são únicas, como também únicas são suas
reações, e de que o constante estado de desencontro e aflição é subproduto das
tentativas de concretizar essas suas irrealidades. Constantemente, criamos
fantasias em nossa mente, bloqueamos nossa consciência e recusamos aceitar a
verdade. Usamos os mais diversos mecanismos de defesa, seja de forma
consciente, seja de forma inconsciente, para evitar ou reduzir os eventos, as
coisas ou os fatos de nossa vida que nos são inadmissíveis. A “negação” é um
desses mecanismos psicológicos; ela aparece como primeira reação diante de uma
perda ou de uma derrota. Portanto, negamos, invariavelmente, a fim de amortecer
nossa alma das sobrecargas emocionais. Quanto mais sonhos ilógicos, mais cresce
a luta para materializá-los, levando certamente os indivíduos a se tornarem
prisioneiros de um círculo vicioso e, como resultado, a sofrerem constantes
frustrações e uma decepção crônica. Um exemplo clássico de ilusão é a tendência
exagerada de certas pessoas em querer fazer tudo com perfeição, aliás, querer
ser o “modelo perfeito”. Essa abstração ilusória as coloca em situação
desesperadora. Trata-se de um processo neurótico que faz com que elas assimilem
cada manifestação de contrariedade dos outros como um sinal do seu fracasso e a
interpretem como uma rejeição pessoal. O ser humano supercrítico tem uma
necessidade compulsória de ser considerado irrepreensível. Sua incapacidade de
aceitar os outros como são é reflexo de sua incapacidade de aceitar a si
próprio. Sua busca doentia da perfeição é uma projeção de suas próprias
exigências internas. O perfeccionismo é, por certo, a mais comum das ilusões e,
inquestionavelmente, uma das mais catastróficas, quando interfere nos
relacionamentos humanos. Uma pessoa perfeita exigirá apenas companheiros
perfeitos. A sensação de que podemos controlar a vida de parentes e amigos
também é uma das mais frequentes ilusões e, nem sempre, é fácil diferenciar a
ilusão de controlar e a realidade de amar e compreender. A ação de controlar os
outros se transforma, com o passar do tempo, em um nó que estrangula,
lentamente, as mais queridas afeições. Se continuarmos a manter essa atitude
manipuladora, veremos em breve se extinguir o amor dos que convivem conosco.
Eles poderão permanecer ao nosso lado por fidelidade, jamais por carinho e
prazer. Em outras circunstâncias, agimos com segundas intenções, envolvendo
criaturas que nos parecem trazer vantagens imediatas. Em nossos devaneios e quimeras,
achamos que conseguiremos lograr êxito, mas, como sempre, todo plano
oportunista, mais cedo ou mais tarde, será descoberto. Quando isso acontece,
indignamo-nos, incoerentemente, contra a pessoa e não contra a nossa auto
ilusão. Escolhemos amizades inadequadas, não analisamos suas limitações e
possibilidades de doação, afeto e sinceridade e, quando recebemos a pedra da
ingratidão e da traição por parte deles, culpamo-nos. Certamente, esquecemo-nos
de que somos nós mesmos que nos iludimos, por querer que as criaturas deem o
que não podem e que ajam como imaginamos que devam agir. Gostamos de alguém imensamente e alimentamos a ideia de que esse mesmo alguém
pudesse corresponder ao nosso amor e, assim, criamos sonhos românticos entre
fantasias e irrealidades. As histórias infantis sobre príncipes encantados
socorrendo lindas donzelas em perigo são úteis e benéficas, desde que não se
transformem em ilusórias bases de existência. Elas podem incitar os delírios de
uma espera inatingível em que somente um “príncipe de verdade” tem o privilégio
de merecer uma “princesa disfarçada”, ou vice-versa. A consciência humana está
quase sempre envolvida por ilusões, que impossibilitam, por um lado, a
capacidade de auto-percepção; por outro, dificultam o contato com a realidade
das coisas e pessoas. Não culpemos ninguém pelos nossos desacertos, pois somos
os únicos responsáveis – cada um de nós – pela quantidade de vida que
experimentamos aqui e agora. “O sentimento de justiça está em a Natureza (…) o
progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o dá. Deus o pôs no coração
do homem…” E despojar-se da ilusão do mundo é nos tornar humildes.. aceitarmos
que somos iguais.. filhos do mesmo criador, somos irmãos.. e nisso Joanna de
Angelis nos alertou: “Jesus, que é o protótipo da perfeição e da beleza de que
se tem notícia, apagou a Sua grandeza na humildade para ensinar a vitória sobre
as paixões inferiores. Deu o exemplo máximo da Sua elevação na última ceia
quando, cingindo-se com uma toalha, lavou os pés dos discípulos, demonstrando
que sendo o Senhor fazia-se servo para todos. Incompreendido por Pedro, que se
Lhe recusara, explicou-Lhe que se o não fizesse nada teria com Ele, e o
apóstolo emocionado entregou-se- Lhe em totalidade. A grandeza do Seu gesto
demonstra a força moral, o Seu poder de servir, deixando a lição perene como
advertência e orientação. Cuida de penetrar-te até às nascentes do coração,
para que a mosca azul da vaidade não pouse na tua insignificância. Busca a
simplicidade e a compreensão existenciais, tendo em vista que tudo mais é
transitório e tem somente o valor que lhe atribuis. Faze-te acessível e atento
para aprender com os pobres de espírito a forma de enriquecer-te de humildade e
de paz. Nunca disputes projeção e destaque, recordando o ensinamento de Jesus,
quando informou que os primeiros serão os últimos e estes serão os primeiros.
Afeiçoa-te ao anonimato, não deixando sinais do bem que faças, a fim de que não
sejas exaltado, qual ocorre com muitos fúteis e irresponsáveis, que são louvados
e bajulados sem mérito real. Mas não penses que humildade é menosprezo,
desconsideração por si mesmo, subalternidade, escondendo conflitos de
inferioridade. A verdadeira humildade permite o autoconhecimento em torno dos
valores que são legítimos no ser, sem os exaltar nem se engrandecer,
compreendendo o quanto ainda necessitas para atingir o ideal, tendo o prazer de
sacrificar-se pelo conseguir. Muitos Espíritos reencarnaram-se com nobres
missões e falharam, porque se ensoberbeceram e se permitiram as glórias
terrenas que os frustraram, abandonando-os na etapa final da vida. Recorda-te
daqueles outros que se apagaram na humildade, adotando o sacrifício e a
abnegação, edificando o bem em vidas incontáveis. Bem-aventurados os humildes
de coração e ricos de amor, porque eles fruirão a plenitude. Para encerrar nossa conversa
de hoje vou contar uma estorinha: " Conta-se que um pai deu a sua filha um colar de diamantes de alto
preço. Misteriosamente, alguns dias depois o colar desapareceu. Falou-se que
poderia ter sido furtado. Outros afirmaram que talvez um pássaro tivesse sido
atraído pelo seu brilho e o levado embora. Fosse como fosse, o pai desejava ter
o colar de volta e ofereceu uma grande recompensa a quem o devolvesse: R$
50.000,00. A notícia se espalhou e, naturalmente, todos passaram a desejar
encontrar o tal colar. Um rapaz que passava por um lago, próximo a uma área
industrial, viu um brilho no lago. Colocou a mão para proteger os olhos do sol
e certificou-se: era o colar. O lago, entretanto, era muito sujo, poluído, e
cheirava mal. O rapaz pensou na
recompensa. Vencendo o nojo, colocou a mão no lago, tentando apanhar a jóia. Pareceu
pegá-la, mas sentiu escapulir das suas mãos. Tentou outra vez. Outra mais. Sem
sucesso. Resolveu entrar no lago. Emporcalhou toda sua calça e mergulhou o
braço inteiro no lago. Ainda sem sucesso. O colar estava ali. Mas ele não
conseguia agarrá-lo. Toda vez que mergulhava o braço, ele parecia sumir. Saiu
do lago e estava desistindo, quando o brilho do colar o atraiu outra vez. Decidiu
mergulhar de corpo inteiro. Ficou imundo, cheirando mal. E ainda nada
conseguiu. Deprimido por não conseguir apanhar o colar e consequentemente, a
recompensa polpuda, estava se retirando, quando um velho passou por ali. O que
está fazendo, meu rapaz? O moço desconfiou dele e não quis dizer qual o seu
objetivo. Afinal, aquele homem poderia conseguir apanhar o colar e ficar com o
dinheiro da recompensa. O velho tornou a perguntar, e prometeu não contar a
ninguém. Considerando que não conseguia mesmo apanhar o colar, cansado,
irritado pelo fracasso, o rapaz falou do seu objetivo frustrado. Um largo
sorriso desenhou-se no rosto do interlocutor. -Seria interessante, falou em
seguida, que você olhasse para cima, em vez de somente para dentro do lago. Surpreso,
o moço fez o recomendado. E lá, entre os galhos da árvore, estava o colar
brilhando ao sol. O que o rapaz via no lago era o reflexo dele”. A felicidade material se assemelha ao reflexo
do colar no lago imundo. Na conquista de posses efêmeras, quase sempre
mergulhamos no lodo das paixões inconsequentes. A verdadeira felicidade, no entanto, não
está nas posses materiais, nem no gozo dos prazeres. Ela reside na intimidade
do ser. Nada ruim em se desejar e batalhar por uma casa melhor, um bom carro,
roupas adequadas às estações, uma refeição deliciosa. Nada ruim em desejar
termos coisas. A forma como as conquistamos é que fará a grande diferença. Se
para as conseguir, necessitamos entrar no lodaçal da corrupção, da mentira, da
indignidade, somente sairemos enlameados, e infelizes. Esse tipo de felicidade
é como o reflexo do colar na água: pura ilusão. Somente existe verdadeira
felicidade nas conquistas que a honra dignifica, que a consciência não nos
acusa. Pensemos nisso. E, antes de sairmos à cata desesperada de valores
materiais expressivos, analisemos o que necessitamos dar em troca. Porque nada
vale que mereça sacrificar a honra, a dignidade pessoal, a auto-estima, a vida
espiritual. Tudo é passageiro na Terra. Lembre disso. Paz e luz para todos!
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