sexta-feira, 15 de março de 2019

ILUSÃO


O tema escolhido para hoje é: ILUSÃO. Se observamos o comportamento da humanidade vamos perceber que muitos de nós, para não dizer a grande maioria, vivemos iludidos no tocante à nossa condição, ilusões decorrentes das nossas limitações que impedem a percepção dos sentimentos que criam ou determinam nossos raciocínios. Vamos definir ilusões como aquilo que pensamos, mas que não corresponde à realidade e que nos distanciam da Verdade. Em todos os setores da vida notamos que muitos dos entraves, das dores, das doenças, das decepções, traumas, culpas, frustrações e todo um conjunto de inclinações e tendências encontram sua matriz nas ilusões. Na verdade, a ilusão é um mecanismo de defesa face às dificuldades que encontramos para lidar com as emoções. Escondemo-nos por detrás de uma imagem que criamos de nós mesmos para resguardarmos autoridade social ou outro qualquer valor que desejamos manter. Assim, podemos concluir que o iludido esconde-se de si mesmo, criando um “eu ideal” para abrandar o sofrimento que lhe causa a angústia de ser o que é fugindo de si mesmo. E qual a razão para essa fuga? O sentimento de inferioridade que ainda assinala a nossa caminhada. Emmanuel, prefaciando o livro “No Mundo Maior” de André Luiz, diz-nos que “Todos os dias, nos quatro cantos da Terra, partem viajores humanos, aos milhares, demandando o país da Morte. Vão-se de ilustres centros da cultura européia, de tumultuárias cidades americanas, de velhos círculos asiáticos, de ásperos climas africanos. Procedem das metrópoles, das vilas, dos campos… Raros viveram nos montes da sublimação. A maioria constitui-se de menores de espírito, em luta pela outorga de títulos que lhes exaltem a personalidade”.  A morte a ninguém propiciará passaporte gratuito para a ventura celeste e nunca seremos promovidos a anjos, sem antes derrubarmos todas as máscaras das ilusões que criamos, desejando que os outros creiam sobre nós o que ainda não somos. A Deus ninguém engana e como Deus mora dentro de nós, dentro de nossa consciência é chegada a hora de promovermos nossa Reforma Interior com urgência. Também encontramos ótima explicação no livro “REFORMA ÍNTIMA SEM MARTÍRIOS”, de Ermance Dufaux, quando ela exemplifica os vários comportamentos revestidos de ilusão, dizendo: “O iludido quando ambicioso, chega às raias da usura; quando dominador chega aos cumes da manipulação; quando vaidoso, guinda-se aos pântanos da supremacia pessoal; quando cruel, atola-se ao lamaçal do crime; quando astuto, atira-se às vivências da intransigência; quando presunçoso, escala os cumes da arrogância; e, mesmo quando esclarecido espiritualmente, lança-se aos píncaros do exclusivismo, ostentando qualidades que, muita vez, são adornos frágeis com os quais esnobam superioridade que supõe possuir”. Desse modo, chegou o momento que iniciarmos um processo de destruição dessas máscaras para encontrarmos o “eu real” que estamos ignorando há milênios, despertando a luz que ignoramos estar em nossa intimidade à espera da vontade para utilizá-la, lembrando que a nossa evolução não se opera em saltos, mas gradativamente. O processo educacional da alma é lento. Hammed nos orienta no livro AS DORES DA ALMA, psicografado pelo Médium Francisco do Espírito Santo Neto o seguinte: “Somos nós mesmos que nos iludimos, por querer que as criaturas dêem o que não podem e que ajam como imaginamos que devam agir. A criatura humana modela suas reações emocionais através dos critérios dos outros, estabelecendo para si própria metas ilusórias na vida. Esquece-se, entretanto, de que suas experiências são únicas, como também únicas são suas reações, e de que o constante estado de desencontro e aflição é subproduto das tentativas de concretizar essas suas irrealidades. Constantemente, criamos fantasias em nossa mente, bloqueamos nossa consciência e recusamos aceitar a verdade. Usamos os mais diversos mecanismos de defesa, seja de forma consciente, seja de forma inconsciente, para evitar ou reduzir os eventos, as coisas ou os fatos de nossa vida que nos são inadmissíveis. A “negação” é um desses mecanismos psicológicos; ela aparece como primeira reação diante de uma perda ou de uma derrota. Portanto, negamos, invariavelmente, a fim de amortecer nossa alma das sobrecargas emocionais. Quanto mais sonhos ilógicos, mais cresce a luta para materializá-los, levando certamente os indivíduos a se tornarem prisioneiros de um círculo vicioso e, como resultado, a sofrerem constantes frustrações e uma decepção crônica. Um exemplo clássico de ilusão é a tendência exagerada de certas pessoas em querer fazer tudo com perfeição, aliás, querer ser o “modelo perfeito”. Essa abstração ilusória as coloca em situação desesperadora. Trata-se de um processo neurótico que faz com que elas assimilem cada manifestação de contrariedade dos outros como um sinal do seu fracasso e a interpretem como uma rejeição pessoal. O ser humano supercrítico tem uma necessidade compulsória de ser considerado irrepreensível. Sua incapacidade de aceitar os outros como são é reflexo de sua incapacidade de aceitar a si próprio. Sua busca doentia da perfeição é uma projeção de suas próprias exigências internas. O perfeccionismo é, por certo, a mais comum das ilusões e, inquestionavelmente, uma das mais catastróficas, quando interfere nos relacionamentos humanos. Uma pessoa perfeita exigirá apenas companheiros perfeitos. A sensação de que podemos controlar a vida de parentes e amigos também é uma das mais frequentes ilusões e, nem sempre, é fácil diferenciar a ilusão de controlar e a realidade de amar e compreender. A ação de controlar os outros se transforma, com o passar do tempo, em um nó que estrangula, lentamente, as mais queridas afeições. Se continuarmos a manter essa atitude manipuladora, veremos em breve se extinguir o amor dos que convivem conosco. Eles poderão permanecer ao nosso lado por fidelidade, jamais por carinho e prazer. Em outras circunstâncias, agimos com segundas intenções, envolvendo criaturas que nos parecem trazer vantagens imediatas. Em nossos devaneios e quimeras, achamos que conseguiremos lograr êxito, mas, como sempre, todo plano oportunista, mais cedo ou mais tarde, será descoberto. Quando isso acontece, indignamo-nos, incoerentemente, contra a pessoa e não contra a nossa auto ilusão. Escolhemos amizades inadequadas, não analisamos suas limitações e possibilidades de doação, afeto e sinceridade e, quando recebemos a pedra da ingratidão e da traição por parte deles, culpamo-nos. Certamente, esquecemo-nos de que somos nós mesmos que nos iludimos, por querer que as criaturas deem o que não podem e que ajam como imaginamos que devam agir. Gostamos de alguém imensamente e alimentamos a ideia de que esse mesmo alguém pudesse corresponder ao nosso amor e, assim, criamos sonhos românticos entre fantasias e irrealidades. As histórias infantis sobre príncipes encantados socorrendo lindas donzelas em perigo são úteis e benéficas, desde que não se transformem em ilusórias bases de existência. Elas podem incitar os delírios de uma espera inatingível em que somente um “príncipe de verdade” tem o privilégio de merecer uma “princesa disfarçada”, ou vice-versa. A consciência humana está quase sempre envolvida por ilusões, que impossibilitam, por um lado, a capacidade de auto-percepção; por outro, dificultam o contato com a realidade das coisas e pessoas. Não culpemos ninguém pelos nossos desacertos, pois somos os únicos responsáveis – cada um de nós – pela quantidade de vida que experimentamos aqui e agora. “O sentimento de justiça está em a Natureza (…) o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o dá. Deus o pôs no coração do homem…” E despojar-se da ilusão do mundo é nos tornar humildes.. aceitarmos que somos iguais.. filhos do mesmo criador, somos irmãos.. e nisso Joanna de Angelis nos alertou: “Jesus, que é o protótipo da perfeição e da beleza de que se tem notícia, apagou a Sua grandeza na humildade para ensinar a vitória sobre as paixões inferiores. Deu o exemplo máximo da Sua elevação na última ceia quando, cingindo-se com uma toalha, lavou os pés dos discípulos, demonstrando que sendo o Senhor fazia-se servo para todos. Incompreendido por Pedro, que se Lhe recusara, explicou-Lhe que se o não fizesse nada teria com Ele, e o apóstolo emocionado entregou-se- Lhe em totalidade. A grandeza do Seu gesto demonstra a força moral, o Seu poder de servir, deixando a lição perene como advertência e orientação. Cuida de penetrar-te até às nascentes do coração, para que a mosca azul da vaidade não pouse na tua insignificância. Busca a simplicidade e a compreensão existenciais, tendo em vista que tudo mais é transitório e tem somente o valor que lhe atribuis. Faze-te acessível e atento para aprender com os pobres de espírito a forma de enriquecer-te de humildade e de paz. Nunca disputes projeção e destaque, recordando o ensinamento de Jesus, quando informou que os primeiros serão os últimos e estes serão os primeiros. Afeiçoa-te ao anonimato, não deixando sinais do bem que faças, a fim de que não sejas exaltado, qual ocorre com muitos fúteis e irresponsáveis, que são louvados e bajulados sem mérito real. Mas não penses que humildade é menosprezo, desconsideração por si mesmo, subalternidade, escondendo conflitos de inferioridade. A verdadeira humildade permite o autoconhecimento em torno dos valores que são legítimos no ser, sem os exaltar nem se engrandecer, compreendendo o quanto ainda necessitas para atingir o ideal, tendo o prazer de sacrificar-se pelo conseguir. Muitos Espíritos reencarnaram-se com nobres missões e falharam, porque se ensoberbeceram e se permitiram as glórias terrenas que os frustraram, abandonando-os na etapa final da vida. Recorda-te daqueles outros que se apagaram na humildade, adotando o sacrifício e a abnegação, edificando o bem em vidas incontáveis. Bem-aventurados os humildes de coração e ricos de amor, porque eles fruirão a plenitude. Para encerrar nossa conversa de hoje vou contar uma estorinha:  " Conta-se que um pai deu a sua filha um colar de diamantes de alto preço. Misteriosamente, alguns dias depois o colar desapareceu. Falou-se que poderia ter sido furtado. Outros afirmaram que talvez um pássaro tivesse sido atraído pelo seu brilho e o levado embora. Fosse como fosse, o pai desejava ter o colar de volta e ofereceu uma grande recompensa a quem o devolvesse: R$ 50.000,00. A notícia se espalhou e, naturalmente, todos passaram a desejar encontrar o tal colar. Um rapaz que passava por um lago, próximo a uma área industrial, viu um brilho no lago. Colocou a mão para proteger os olhos do sol e certificou-se: era o colar. O lago, entretanto, era muito sujo, poluído, e cheirava mal.  O rapaz pensou na recompensa. Vencendo o nojo, colocou a mão no lago, tentando apanhar a jóia. Pareceu pegá-la, mas sentiu escapulir das suas mãos. Tentou outra vez. Outra mais. Sem sucesso. Resolveu entrar no lago. Emporcalhou toda sua calça e mergulhou o braço inteiro no lago. Ainda sem sucesso. O colar estava ali. Mas ele não conseguia agarrá-lo. Toda vez que mergulhava o braço, ele parecia sumir. Saiu do lago e estava desistindo, quando o brilho do colar o atraiu outra vez. Decidiu mergulhar de corpo inteiro. Ficou imundo, cheirando mal. E ainda nada conseguiu. Deprimido por não conseguir apanhar o colar e consequentemente, a recompensa polpuda, estava se retirando, quando um velho passou por ali. O que está fazendo, meu rapaz? O moço desconfiou dele e não quis dizer qual o seu objetivo. Afinal, aquele homem poderia conseguir apanhar o colar e ficar com o dinheiro da recompensa. O velho tornou a perguntar, e prometeu não contar a ninguém. Considerando que não conseguia mesmo apanhar o colar, cansado, irritado pelo fracasso, o rapaz falou do seu objetivo frustrado. Um largo sorriso desenhou-se no rosto do interlocutor. -Seria interessante, falou em seguida, que você olhasse para cima, em vez de somente para dentro do lago. Surpreso, o moço fez o recomendado. E lá, entre os galhos da árvore, estava o colar brilhando ao sol. O que o rapaz via no lago era o reflexo dele”.   A felicidade material se assemelha ao reflexo do colar no lago imundo. Na conquista de posses efêmeras, quase sempre mergulhamos no lodo das paixões inconsequentes.   A verdadeira felicidade, no entanto, não está nas posses materiais, nem no gozo dos prazeres. Ela reside na intimidade do ser. Nada ruim em se desejar e batalhar por uma casa melhor, um bom carro, roupas adequadas às estações, uma refeição deliciosa. Nada ruim em desejar termos coisas. A forma como as conquistamos é que fará a grande diferença. Se para as conseguir, necessitamos entrar no lodaçal da corrupção, da mentira, da indignidade, somente sairemos enlameados, e infelizes. Esse tipo de felicidade é como o reflexo do colar na água: pura ilusão. Somente existe verdadeira felicidade nas conquistas que a honra dignifica, que a consciência não nos acusa. Pensemos nisso. E, antes de sairmos à cata desesperada de valores materiais expressivos, analisemos o que necessitamos dar em troca. Porque nada vale que mereça sacrificar a honra, a dignidade pessoal, a auto-estima, a vida espiritual. Tudo é passageiro na Terra. Lembre disso. Paz e luz para todos!

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