segunda-feira, 18 de março de 2019

CULPA E REMORSO


Hoje abordaremos o tema CULPA e REMORSO. Iniciemos nossa reflexão lendo a questão 632, de O Livro dos Espíritos, onde Allan Kardec questiona a Espiritualidade Maior: “O homem, que está sujeito a erros, não pode se enganar na apreciação do bem e do mal, e crer que faz o bem quando, na realidade, faz o mal?” . Resposta: “Jesus vos disse: vede o que quereríeis que se fizesse ou não fizesse para vós: tudo está nisso. Não vos enganareis.” Na sequência podemos ler o que o Espírito Hammed nos diz: “A grande maioria das criaturas encarnadas na Terra são almas que ignoram suas potencialidades divinas, isto é, não são más por natureza, mas estão conhecendo e/ou aprendendo através das vidas sucessivas; portanto, ainda não sabem agir de forma adequada ou julgar as coisas corretamente. Desconhecem sua perfectibilidade – qualidade daqueles que são suscetíveis de atingir a perfeição. Por isso, desacertos fazem parte de nosso processo evolutivo, pois ninguém nesse mundo consegue aprender e crescer sem equivocar-se.” E Hammed acrescenta: “Experiências felizes ou infelizes são passos valiosos em nossa existência, desde que percebamos o quanto elas têm para nos ensinar ou mostrar. Todos temos o direito de escolher o que vamos fazer com as lições que a vida nos oferece.  Mas, sem dúvida, se recusarmos o desafio de compreendê-las e assimilá-las, essas mesmas lições voltarão revestidas em novas embalagens. Só não erra quem nunca fez ou nada tentou. O que se julga perfeito não está aberto para a mudança ou aprendizagem, porquanto a verdadeira sabedoria exige a humildade de aceitarmos o que não conhecemos. A casa mental daquele que se julga ‘infalível’ pode ser comparada a um espaço que já está completamente ocupado; nada nela pode ser acrescentado. Aliás, apenas quando retiramos o velho é que criamos um espaço para o necessário ou o novo. (...) Jesus Cristo entendia perfeitamente o âmago das criaturas, o que o levou a afirmar: “Todo aquele que meu Pai me der virá a mim, e quem vem a mim, eu não o rejeitarei. O Mestre nunca desprezou quem quer que fosse; sempre acolhia, entendia, valorizava, consolava e encorajava a todos. Jamais puniu as atitudes equivocadas das criaturas, antes as compreendia por saber da fragilidade e falibilidade dos seres humanos. Via os erros como uma forma de aprendizagem, de retificação e de possibilidade de futura transformação interior. Não os entendia como objetos de condenação, mas como um mal-entendido ou erros de interpretação; consequências naturais da fase evolutiva pela qual a humanidade estava passando.”.... Continuando a refletir com Hammed: “Muitas pessoas acham sinal de fraqueza admitir que são falíveis. Na realidade, quando admitimos nossa vulnerabilidade, afastamos a tensão do ‘egoísmo defensivo’, de tudo sabermos ou conhecermos. Somos propensos a cometer ‘erros de cálculo’. Enganos são inerentes à condição humana.” Quando conseguimos identificar nossos erros, alimentando o pesar pelas atitudes negativas que tomamos, o sentimento que desabrocha, inevitavelmente, é o arrependimento. Mas, junto com o remorso podem surgir: a culpa e o remorso. E isso é o que de pior pode nos acontecer! Vejam bem: a culpa é uma cobrança íntima, com pesada carga de autoacusação, visto apontar os erros de maneira extremamente negativa e fazer com que nos sentamos envergonhados, derrotados e – muitas vezes – sem forças para seguir adiante.   Já o remorso que, segundo definição, caracteriza-se pelo tormento e aflição, pela revolta da consciência –, também exaure nossas forças, porque ele nos faz reviver infinitas vezes a impressão ruim que o erro praticado causou a nós ou ao nosso próximo.  Espírito Joanes nos alerta: “Aprenda a pedir desculpa, a confessar seus erros, a admitir seus equívocos, para que não aninhe remorsos na alma, ou para que o remorso tenha o poder de lhe fazer reerguer e não sucumbir. Considere que você não é infalível. Dê-se conta de que não é invulnerável. E, assim, terá tranquilidade em admitir o lado que ainda vibra feio em sua intimidade. Somente quando se decida a não mais alimentar remorsos, por orgulho ou algo que corresponda a isso, é que você deixará de padecer desnecessariamente. Confesse, dessa forma, o seu erro, quando ele ocorra, e parta para o acerto, pois todos os que seguem pelos caminhos humanos podem tropeçar, podem tombar, mas que, em nome do autorrespeito, aprendam a recuperar-se, a soerguer-se, a elevar-se para os planos de luz da alma em paz.” O Espiritismo considera o arrependimento como uma característica da evolução do espírito. O sentimento de culpa faz parte disso. Todos nós já erramos terrivelmente no passado. Nenhum de nós que aqui estamos hoje, está livre de erros. Através de múltiplas reencarnações, atravessamos todos os períodos da História. Os crimes bárbaros, os costumes arcaicos que nos chocam, as atrocidades, os desmandos, as covardias cometidas em milênios de civilização foram cometidas por nós mesmos. Por conta disso, todos nós já carregamos culpas que muito nos fizeram sofrer. Quantas vezes será que desencarnamos em péssimas condições morais? Quantas vezes ficamos presos nas grades das nossas próprias culpas, convivendo incessantemente com as acusações da consciência? Quantas vezes imploramos para reencarnar, nem que fosse nas condições mais precárias? Na verdade não temos várias vidas, temos apenas UMA VIDA. O que temos são várias encarnações e por isso tudo que vivemos e sentimos fazem parte do nosso acervo pessoal, faz parte do nosso livro da vida.    A maneira como lidamos com a culpa é um forte indício do nosso passado. Há pessoas que vivem atormentadas pelo sentimento de culpa, mesmo sem saber o porque. São reminiscências do passado, que o mergulho no novo corpo físico não foi capaz de apagar. Alguns espíritos foram tão castigados por suas próprias consciências no astral, entre a existência anterior e a atual, que passam o tempo inteiro na expectativa de algum sofrimento, de alguma desgraça, de alguma tragédia, de alguma punição. Pessoas assim devem se ajudar. Devem abandonar a curiosidade mórbida pelos crimes e tragédias dos jornais, devem deixar de lado o interesse por tudo que é macabro, por filmes de terror, por acidentes graves, por morte, doença, sofrimento. Só elas mesmas podem modificar o seu estado íntimo, adicionando novos valores para substituir, pouco a pouco, as velharias macabras que infestam a sua mente subconsciente. Devem procurar exatamente o oposto do que procuram. Boas notícias, pessoas boas e agradáveis, passeios, caminhadas ao ar livre, exercícios físicos, leituras edificantes, orações, frequência assídua ao centro espírita ou a algum templo religioso onde se valorize o otimismo, o pensamento positivo e a alegria de viver.  Analise-se e veja pelo que você se interessa: você prefere assistir uma novela ou ler um bom livro edificante? Você que está aqui hoje, na Casa do Mestre, se preparou durante esse dia pedindo aos mentores dessa casa para que você consiga obter o que veio aqui buscar? Não fuja de você meu irmão, confronte-se. Busque dentro de ti o que precisa ser combatido e convertido. Jesus te espera todos os dias. Tome uma atitude. Faça a opção por você. O nosso tempo está se esgotando. Aprenda a agradecer. Agradeça as pequenas coisas. Não sabe o que agradecer? Agradeça por ter acordado. Agradeça por estar vivo e as pessoas que você ama também. Agradeça que está chovendo e as plantas estão recebendo o benefício para seu crescimento. Agradeça ao sol que ilumina o seu dia. Agradeça o seu trabalho, mesmo que ainda não seja o que você gostaria quantos não estão batendo de porta em porta procurando o sustento de suas famílias. Agradeça ao alimento que está na sua mesa, a casa que mesmo humilde lhe serve de abrigo. Agradeça o dom da vida. Agradecer é uma oração. Somos sempre ajudados e influenciados por nossos mentores, mas essa influencia tem um limite que é o nosso livre arbítrio e com o qual escolhemos e assim futuramente colhemos o que dessas escolhas plantamos. O canal de ligação com nossos anjos guardiões é criados por nós. Estamos vivendo um momento de mudança planetária, nosso planeta passa por violentas perseguições e ataques dos nossos irmãos que muito sabem, mas não aprenderam a amar, acreditam que o ódio, a vingança são caminhos melhores. A estes só resta o caminho da dor, pois já que o amor por eles é negado. Mais uma vez volto a repetir: devemos deixar de lado os comentários maldosos, de assistir programas que induzem a raiva e ao medo, escolher melhor os ambientes que vamos frequentar e quando não pudermos escolher, podemos nos manter vigilante e orar, pois é por essas escolhas que fazemos desde nossa criação que muitas vezes temos sensações que não sabemos explicar e que martelam em nossa cabeça como ideia fixa. Por que mesmo quando tudo esta correndo bem, estamos em um momento de felicidade plena, de realização profissional, por exemplo, sentimos que não merecemos e ou que aquilo não vai durar?  Acredite em Deus meu irmão. Perdoe-se. Ore e vigie.  Voltemos nossos olhos para o Criador. Receba todo o amor que o Criador tem por você. A maior força do mundo é o amor. As pessoas estão dormitando. Não espere do outro. A maior mudança é a mudança interior. Sua Reforme Intima. A mudança é individual. E é ela que mudará o mundo a sua volta. Conforme você orar, acreditar e lutar sempre contra os maus pensamentos, você perceberá como as coisas vão se modificando a sua volta. O mundo é mental. Mentalize tudo de bom para o seu mundo e assim será. E ao contrário também acontece. Quando nos mantemos presos a complicados sentimentos de culpa e remorso, deixamos de perceber que as atuações que tivemos no passado eram compatíveis com o grau de entendimento e de experiência que possuíamos naquela época. Daí a necessidade de reavaliarmos, constantemente, atitudes, pensamentos e sentimentos, para não ficarmos cometendo sempre os mesmos erros. Infrutíferos são, portanto, os dramas de consciência, porque não dá para voltar atrás e refazer o curso da história. Temos de confiar que o momento presente é o que de melhor dispomos para mudar, para crescer, para ampliar nosso discernimento sobre o certo e o errado, o bem e o mal, e não fazer aos outros aquilo que não gostaríamos de receber em contrapartida, pois, conforme informações dos Espíritos Superiores a Allan Kardec, “tudo está nisso. Não vos enganareis”.  Errar faz parte da trajetória evolutiva de todo ser humano.  Somente alguém muito presunçoso poderia achar que nunca errou ou que nunca vai errar. Veja que Deus projetou a nossa caminhada evolutiva por meio das inúmeras encarnações, exatamente porque sabia que nós poderíamos errar, falhar. Deus conhece muito bem a nossa fragilidade. Quanto maior for o nosso conhecimento, maior também será a nossa capacidade de perceber diferenças e, consequentemente, de fazer opções mais acertadas. O Cristo, no auge do martírio da cruz, disse talvez uma de suas mais importantes frases: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.” Com tal afirmação, Jesus quis dizer que todo mal procede da ignorância. Assim, devemos ver que os erros do passado foram praticados de acordo com a capacidade de entendimento que naquele momento possuíamos. Logo, não adianta lamentação quanto aos erros de outrora. O que foi feito está feito. Não dá para voltar ao passado e impedir que aquela conduta não seja mais praticada. Impossível. Mas sempre haverá uma forma de reparar os nossos erros.  O passado você não consegue mudar, mas o presente é o momento que Deus lhe concede para renovar suas atitudes e descobrir todo o seu potencial. Olhe para o hoje! Veja quantas oportunidades estão à sua espera.  Largue o passado para o passado largar você. Se você cometeu algum erro, perdoe-se e repare sua falta. Se prejudicou alguém, peça perdão e, sendo possível, repare sua falta. Não deixe de entender a lição que o erro lhe trouxe, renovando o seu comportamento.  Não seja a mesma pessoa que você foi no passado. Renove-se, para melhor. Essa é a lei da evolução. Se alguém o feriu, esqueça a ofensa. Exercite o perdão. O problema é de quem o ofendeu. O perdão é sempre melhor para quem perdoa. Quando a gente perdoa, descobrimos que o prisioneira éramos nós. Vou contar uma historinha.. Amir tinha em torno de 13 anos quando tudo aconteceu. Desde criança, tudo fizera para conquistar o amor de seu pai. Em vão. Vez que outra, por uma vitória que fazia bem ao orgulho paterno, ele conseguia ser aninhado em seu colo. E como ele desejava estar lá, naquele colo, mais vezes... Sentir a barba de seu pai roçar em seu rosto, sentir o calor daqueles braços. Mas o pai parecia distante, alheio ao filho. E pior: o garoto percebia como eram mal vistas algumas das suas fraquezas. O pai queria um filho forte. E ele era um menino que tinha náuseas por pouca coisa: quando viajava, quando algo o incomodava, quando... Adolescente, o que sentia na infância, piorou. Em todo esse processo, ele tinha um grande rival: o filho do empregado da casa. Hassan era um servidor fiel. Quase da mesma idade de Amir, ele se levantava cedo para lhe preparar o café, a roupa, tudo que lhe fosse necessário. Seguia-o aonde fosse, defendia-o dos garotos maus, que o desejavam agredir. Defensor leal, amigo fiel. E Hassan parecia gozar das graças do pai de Amir. Quando iam passear, o pai sempre o levava com eles. Amir desejaria estar só com o pai, desfrutá-lo sozinho. Mas Hassan sempre estava lá, forte, disposto, corajoso.  Então, Amir decidiu que era hora de acabar com a concorrência.  Pegou seu valioso relógio de pulso e algum dinheiro e colocou debaixo do colchão de Hassan.  Depois, foi dizer ao pai que aqueles pertences haviam sumido do seu próprio quarto. E que suspeitava de Hassan. A acusação era grave e foi confirmada: tudo foi encontrado debaixo do seu colchão. Perguntado, Hassan confessou: Roubei. Amir entendeu que o amigo o estava salvando de uma situação terrível, pois se seu pai descobrisse a verdade, ele é que estaria em maus lençóis.  Amir se sentiu como um mentiroso, um traidor, um monstro. Contudo, se calou. A afeição de seu pai por ele estava em jogo.  Hassan foi embora e ele nunca mais o viu. O remorso, contudo, jamais o abandonou. Ele não confiaria a ninguém o seu segredo, entretanto, passaria a sua vida remoendo a culpa. Culpa da qual não pôde pedir perdão a Hassan, pois nunca mais o encontrou. E, toda vez que em sua vida algo ruim acontecia, a cena lhe vinha à mente. Acreditava-se sendo castigado, sem ter direito à felicidade. Viveu a vida toda se punindo”. O remorso é sentimento destruidor. Não edifica, senão quando o que se crê culpado, resolva se redimir. Por isso, não alimente remorsos, por orgulho ou qualquer outro sentimento semelhante. Confesse seu erro, quando ele ocorra. E parta para o acerto. Você não é infalível. Aprenda a pedir desculpas, a admitir seus equívocos, para que não aninhe remorsos na alma. O remorso somente é positivo quando tem o poder de lhe fazer reerguer e não sucumbir. Todos os que seguimos pelos caminhos humanos podemos tropeçar. O importante é que aprendamos a nos recuperar, soerguer-nos, elevarmo-nos para os planos de luz da alma em paz. Vou encerrar nosso estudo de hoje contando a historia de uma mulher nascida em uma época difícil, na cidade de Magdala. Chamava-se Maria. Contam-nos alguns evangelistas que carregava em seu psiquismo a presença de sete demônios, tendo sido curada por Jesus. Hoje, através da Doutrina Espírita, aprendemos que tais ‘demônios’ eram, na verdade, Espíritos ainda ignorantes, voltados temporariamente ao mal. Afastaram-se de Maria sob a imposição Moral do Mestre, entretanto cabe-nos salientar que, se não voltaram a importuná-la, foi devido aos méritos que ela acumulou, através de sua reforma interior. Humberto de Campos, no livro Boa Nova, conta-nos, de forma emocionante, a história do encontro entre Maria e Jesus. Ela, curvada pelo peso de sua culpa, carregando no íntimo muitas dores nascidas do remorso constante, abre seu coração atormentado. Jesus, o Grande Sábio, aponta novos caminhos: “Ame, Maria. Ame muito. Ame os filhos de outras mães... escolha a porta estreita...”.  Nada de acusações. Apenas um pedido: que amasse muito, sem nada esperar de volta. Foi o que ela fez.  Após a crucificação de Jesus, decidiu seguir os discípulos na divulgação da Boa Nova. Entretanto, aqueles homens encharcados de preconceitos, negaram-lhe a companhia. Teve de ficar às margens do Tiberíades, em lágrimas, cheia de saudades do Mestre. Foi quando viu chegarem na cidade diversos leprosos, em busca de Jesus. Não sabiam que Ele já não pertencia àquele mundo, queriam ouvir Sua voz, ouvir Seus ensinamentos e, quem sabe, conseguir a tão almejada cura. Maria não hesitou. Buscou-os e, em todas as tardes passou a divulgar os ensinamentos que houvera aprendido com o amigo nazareno. Porém, em pouco tempo aquelas pessoas foram expulsas de Cafarnaum e ela, com o melhor sentimento de que dispunha, acompanhou-os para longe dali. Seguiu seus dias cuidando, diuturnamente, dos doentes, amparando-os, tentando minimizar suas dores, sua fome, sua tristeza. Entretanto, depois de algum tempo percebeu manchas róseas em sua pele. Estava com lepra, também. Sentindo que o final se abeirava, decidiu procurar pela mãe de Jesus, Maria de Nazaré, e por João - seus amigos diletos. Seguiu para Éfeso, mas não conseguiu adentrar a cidade, caindo pouco antes de sua entrada. Logo após seu desencarne, viu-se novamente às margens do Mar da Galileia, encostada em uma grande árvore. Ao longe, aproxima-se Jesus, com os braços abertos, a dizer-lhe: “Maria, já passaste a porta estreita!...Amaste muito! Vem! Eu te espero aqui!”. Fiquem com Deus. Paz e Luz para todos.

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