quinta-feira, 21 de março de 2019

A ESPERANÇA


O tema escolhido para hoje é “A ESPERANÇA”. Diz o ditado popular que “a esperança é a última que morre”. Mas poucos de nós recordamos que ela é também a primeira que sempre nasce. No fundo, a esperança nunca morre, ou, pelo menos, jamais deveria morrer. Para nós espíritas, a crença na vida futura e na imortalidade da alma facilita o entendimento sobre as dificuldades enfrentadas pelo espírito no dia a dia. Segundo os dicionários, esperança é o substantivo feminino que indica o ato de esperar alguma coisa, mas também pode ser sinônimo de confiança. Ter esperança é acreditar que alguma coisa muito desejada vai acontecer. Paulo de Tarso, em sua epístola aos Romanos (15:4), diz “porque tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das escrituras tenhamos esperança.” Paulo possivelmente se referia às palavras de Jesus contidas em seus ensinamentos morais e coletados posteriormente por Allan Kardec no Evangelho espírita. O Evangelho de Jesus, feito de incontáveis palavras de esperança, infelizmente hoje caiu no esquecimento perante os desafios existenciais de nosso dia a dia, diante de tanta tecnologia, que nos desconecta de nossa transcendência divina, pois para nós, cristãos, ter esperança é saber que apesar das dificuldades que enfrentamos nesta vida, o melhor ainda está por vir. Também era tema de estudos na Grécia Antiga, Eurípedes e Tucídides, afirmavam que a esperança, enquanto espera, era um desejo ou uma aspiração relacionada com a confiança. A concepção de homem, segundo Gabriel Marcel, filósofo francês, é que o homem é um ser andarilho, inacabado, ainda por se fazer, em processo de construção. Em seu caminhar, o homem depara-se com um mundo quebrado, onde o TER prevalece sobre o SER, levando os humanos a isolarem-se e, consequentemente, autoconsumirem-se na solidão e no desespero, envoltos em doenças psicossomáticas. Gabriel Marcel sustenta que a única saída para a construção de uma civilização nova e esperançosa somente se torna possível no horizonte da comunhão, da fidelidade e do amor. Semelhante ideia que Marcel desenvolve, a doutrina espírita oferece a todos os que dela se aproximam; nesta vida temos desafios, dores, aflições, alegrias, sorrisos e lágrimas. Somente com o consolo de sabermos que somos filhos amados de um mesmo Pai e que por todos nós vela, através de suas leis misericordiosas, sempre nos oferecendo renovadas esperanças de continuarmos e isso  nos mantém vivos e confiantes. A Filosofia Espírita é assim, um saber que nos incentiva a despertar sempre, é o Consolador Prometido. O conhecimento trazido pelo Espiritismo é inabalável diante das mudanças que ocorrem à nossa volta e sempre presentes em nossa vida, é feito de verdades e princípios eternos e imutáveis, os quais vamos alcançá-los a partir da nossa própria evolução intelecto-moral alinhada com nossa reforma interior. Precisamos ter fé, a fé raciocinada que alimenta a esperança e coroa nossa vida com o amor tão almejado porque compreendido e vivenciado, sem receios, sem expectativas, mas com muita confiança. Confiança em nós, confiança em Jesus, confiança que não estamos sós nessa jornada. Ao longo de nossa trajetória evolutiva, nosso espírito é submetido a inúmeras existências corporais, tantas quantas forem necessárias ao nosso completo desprendimento da materialidade, até que possamos alcançar o estado de espírito puro, a que todos estamos destinados.  Somos submetidos à lei de causa e efeito que rege nosso destino e iremos compreender  ao longo de nossas experiências reencarnatórias, que somos responsáveis pelos nossos atos e que, por meio da lei do livre-arbítrio, somos livres para semear, mas a colheita é obrigatória.   Aos poucos vamos compreendendo que nossas dores e sofrimentos são decorrentes de nossas próprias ações, presentes ou passadas, das quais constituem-se em valiosas oportunidades de aprendizado, seja pela prova redentora ou pela expiação libertadora.    Mesmo sabendo disso tudo, não tem como negar que em alguns dias temos a impressão de que chegamos no fim do caminho, no fundo do poço. Olhamos para frente e não vislumbramos mais saída. Não há uma luz no fim do túnel, e não há também nenhuma possibilidade de volta. Parece que todos os nossos projetos, nossos objetivos, foram levados para bem distante, e estamos sem possibilidade de alcançá-los. Parece mesmo que o outono da existência fez com que secassem as nossas esperanças e o vento forte do inverno varresse das nossas mãos todos os sonhos acalentados. Sentimo-nos perdidos. Não sabemos que rumo tomar. Ficamos atônitos. Sentimo-nos como uma árvore ressecada, sem folhas, sem brilho, sem motivo para viver. É a desesperança. De repente, como acontece com a natureza, a primavera muda toda a paisagem. As árvores secas enchem-se de brotos verdes, e logo estão cobertas de folhas e flores. O tom acinzentado cede lugar às cores verdes de tonalidades mil. É a esperança. Tudo na natureza volta a sorrir. A relva verde fica bordada de flores de variadas cores, as borboletas bailam no ar, os pássaros brindam-nos com suas sinfonias harmoniosas. Tudo é vida. Assim, quando a chama da esperança reacende em nosso íntimo, nossos sonhos desfeitos são substituídos por outros anseios. Nossos objetivos se modificam e o entusiasmo nos invade a alma. Jesus, o Sublime Galileu, falou-nos da esperança no Sermão da Montanha, com o suave canto das bem-aventuranças. Exemplificou-a nos Seus ditos e feitos. Enfim, toda Sua mensagem é de esperança. Se formos visitados por qualquer dissabor e o desespero nos tomar de assalto, busquemos o nosso Amigo Maior, Jesus, através da oração. Predispondo-nos pela prece, a ajuda chegará certamente, como suave bálsamo a penetrar nas fibras mais íntimas do nosso ser, dando-nos alento e tranquilidade. Se a desesperança acercar-se de nós, lembremos o Amigo Celeste a nos dizer: Meu fardo é leve, meu jugo é suave. Se Seu jugo é suave, por que não O aceitamos? Se Seu fardo é leve por que não O conduzimos? Consideremos que o rigor do inverno pode ser o resultado da nossa falta de cuidado, submetendo-nos ao jugo da mentira, da ambição desmedida, do pessimismo, das queixas sem fim... Ou talvez a desesperança resulte da nossa própria insensatez, carregando o pesado fardo dos prazeres inferiores, do orgulho, do egoísmo, da ganância, dos vícios de toda ordem, e de outros tantos fardos inúteis que nos sobrecarregam os ombros destroçando-nos as forças. Dessa forma, em qualquer circunstância, deixemos que a esperança nos invada a alma, confiantes em Deus, que sempre nos dá oportunidades novas para refazermos caminhos, buscando a nossa redenção. A esperança deve ser uma constante em nossas vidas. Esperança de melhores dias; esperança de realizações superiores; esperança de paz. A palavra esperança nos remete quase que imediatamente a algo positivo, é aquele sentimento que torna possível a realização de um desejo. O que nos impede de realizarmos nossos desejos? Muitas vezes, não acreditamos em nossa força interior, e isso é o primeiro grande obstáculo. Dificuldades e pedras no caminho parecem estar a nossa disposição e nossos olhos as encontram com muita facilidade. Esse encontro pode produzir efeitos negativos, como a estagnação, ou efeitos positivos, como enxergar a oportunidade de mudança e evolução. Uma das formas para aproveitarmos essa oportunidade de crescimento é focarmos na solução do desafio que está a nossa frente. Não interessa o tamanho que ele tenha, o que importa é o nosso desejo de vencê-lo. É exatamente nesse ponto que nos encontramos com a tão falada esperança e damos a ela uma força especial para a ação necessária na conquista das soluções. A esperança nos faz enxergar com os olhos da alma a beleza da natureza, da vida, do trabalho, da família e de tudo que nos rodeia. A esperança nos faz sentir que tudo que está ao nosso lado é necessário para que possamos nos tornar seres melhores e nos ensina a lidar com carinho de cada pedra do nosso caminho. Quando a esperança se vai, leva com ela a luz, a alegria e a paz. No entanto, quando buscamos dentro de nós mesmos a força positiva que nos alimenta e move, tudo se transforma e deixamos o exemplo para quem nos rodeia se modificar também. Como encontrar essa força dentro de nós mesmos pode ser uma grande questão. Leon Denis diz que “a vontade é uma potência interna que nos faz alcançar um ideal elevado”. Todos temos essas sementes da vontade, do otimismo, da força,  entre tantas outras internamente e todas estão ali para ser desenvolvidas a qualquer momento. Resta-nos exercitar cada uma delas nas diferentes e infinitas oportunidades que se colocam em nosso caminho. Estamos chegando ao final de mais um ano, fase muito propícia a reflexões, tanto das atitudes passadas quanto das futuras. No livro “Chico Xavier Mandato de Amor”, Geraldo Lemos Neto nos apresenta interessante relato sobre Teresa de Ávila, que viveu entre os anos de 1515 e 1582 na Espanha, época do ¨século do ouro¨, quando a Península Ibérica, sob o reinado de Carlos V e Felipe II, elevava-se a potência mundial. Esse período é conhecido pelas temidas conquistas espanholas nas Américas, onde se registra os maiores gestos de terror, as sucessivas disputas e opressões, os morticínios e domínios, os horrores do tribunal da Inquisição e a posição definitiva contra os movimentos da Reforma. Teresa de Ávila viveu esse tempo tumultuado e triste, vivenciando intensamente o descontrole dos valores humanos, porém, sempre convicta dos seus ideais religiosos e da sua fé inabalável. Nascida em família abastada, ao completar 21 anos de idade, entrou para o Convento Carmelita da Encarnação, em Ávila, passando-se chamar por conta própria de Teresa de Jesus, assumindo uma atitude combativa em favor dos semelhantes. Sua tarefa missionária pelo território espanhol foi ganhando aos poucos a devida importância, tornando-se fiel aos propósitos libertadores e amorosos tão mencionados por Jesus. Aos poucos foi angariando a simpatia de inúmeros adeptos ao seu ministério de lutas fervorosas, e graças ao seu estilo inegável de fraternidade, benevolência, coragem, fé e confiança, continua fiel a Jesus no trabalho missionário como espírito convicto ao serviço do bem. Ela se revelou também uma grande poetisa, deixando inúmeras poesias de amor a Deus, visando encorajar a humanidade diante dos instantes mais difíceis da vida. Chico Xavier, através da sua mediunidade, vem nos contar essa passagem excelente, cheia de espiritualidade e esperança, quando por ocasião do perigo eminente Jesus vem ao encontro de Teresa de Ávila, salvando-a da morte. Geraldo Lemos Neto escreve em seu artigo, que certa vez, buscando colaboração de um senhor de terras muito rico, que lhe havia prometido auxílio, Teresa de Ávila, seguindo a pé pelos caminhos do campo, viu que uma tempestade se anunciava. Nuvens carregadas se aproximavam ameaçadoras. Apressou o passo, então, lembrando-se que, para chegar à fazenda em questão, deveria atravessar o caudaloso rio. Infelizmente, porém, a chuva desabou impiedosa. Teresa não se intimidou e, atingindo a margem do rio, procurou passar pelo vau, a fim de cumprir a travessia com segurança, pela parte mais rasa. A força de sua extrema confiança em Jesus, Nosso Senhor, não lhe faltou. Extremamente concentrada, rogou auxílio do Mais Alto. Na luta desesperadora para vencer as águas e sobreviver, vislumbrou a presença excelsa de Jesus. O Mestre Divino ofereceu-lhe o apoio de seus braços fortes, agarrando-a pela mão. Teresa salvou-se. Profundamente agradecida pelo amparo celeste exclamou: – Ah, Senhor! Graças à sua misericórdia, estou viva! Estou a salvo do perigo! Com o seu auxílio bondoso, venci a travessia do vau! E Jesus, compassivo, retrucou-lhe: – ¨Você está vendo, Teresa? É assim, em meio aos perigos da estrada, que eu trato os meus discípulos e os meus amigos queridos!¨ Teresa de Ávila ouviu atentamente o Senhor. Logo após meditar um pouco, redarguiu ao Mestre, em tom curioso, revelando um lúcido senso de humor: – Oh, senhor, compreendo! É por isso que os tendes em tão poucos!  A revelação nos faz refletir sobre a responsabilidade que temos diante de nossas tarefas, bem como o Mestre Jesus, nunca abandona os seus tutelados no cumprimento dos deveres de fraternidade. Chico Xavier, como excelente contador de estórias, nos mostra entre linhas como podemos servir mais, enquanto estamos mergulhados nos afazeres da reencarnação, ou seja, enquanto estamos a caminho do aperfeiçoamento espiritual. Diante das nossas lutas é dever considerar as sábias palavras de Teresa de Ávila, diante do perigo quando diz: – Nada te turbe. Nada te espante. Tudo passa! Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta.  Encerro nossa palestra-conversa dessa noite lendo uma linda mensagem extraída do site Momento Espirita: “Conta a mitologia grega que, no início da criação, o titã Prometeu foi designado pelos deuses para organizar a matéria em confusão, dando origem à natureza e às demais formas de vida animal. Prometeu, no entanto, pediu ao seu irmão que cuidasse de tudo. Depois de organizar a Terra, o ar e as águas, fez o homem. E porque os homens se sentissem muito sós, com a ajuda dos demais deuses criou a mulher. Casou-se com a primeira linda mulher que criou, a quem chamou Pandora.  Disse à sua esposa que tudo o que existia em seu reino pertencia a ela também, e que ela poderia usufruir de tudo, mas não poderia tocar numa caixa que ele guardava num dos cantos do quarto. Dizer a Pandora que não a tocasse foi o suficiente para despertar-lhe a curiosidade. No primeiro momento em que ela se viu só, na enorme mansão, buscou a caixa e a abriu. Assim que levantou a tampa do baú, saíram de sua intimidade as misérias mais variadas. Misérias físicas como a lepra, a gota, as enxaquecas, o câncer, entre outras enfermidades, que estavam fechadas, escaparam e se disseminaram sobre a Humanidade inteira. A inveja, a cólera, o orgulho, o egoísmo, misérias morais que também estavam guardadas, se espalharam por todos os cantos da Terra. Pandora, assustada, fechou a caixa imediatamente, sem se dar conta de que no fundo estava guardada a esperança. Os homens, assustados com tantas misérias morais e físicas que pairam sobre a Humanidade, pensam que Deus se esqueceu do gênero humano, relegando-o à própria sorte. No entanto, ainda resta para todos nós a esperança. Um dia, num país distante, a esperança se vestiu de homem e surgiu como um sol para reverter a situação da Humanidade sofrida. Ficou conhecido como Jesus, o Cristo. Mas, descuidada, boa parte dos homens somente O consegue ver como um derrotado, vencido na cruz do martírio, sem chance de ajudar. Esquecidos de que Ele rompeu a lápide do túmulo e surgiu vivo, afirmando para quem O quisesse ouvir: Eu estou aqui! E, em outra oportunidade, afirmou: Nunca estareis a sós. Jesus continua vivo e velando pela Humanidade, a quem chamou de Seu rebanho. Qual raio de esperança, surgiu trazendo a mensagem da Boa Nova e a espalhou por todo o planeta. Falou-nos do reino de Deus. Cantou as bem-aventuranças eternas. E jamais se teve notícias de que Ele se tenha deixado contaminar pelas misérias humanas. Jesus, portanto, é a mensagem viva de esperança. Vive e vela por nós. São dEle estas palavras: Vinde a mim vós que estais cansados, que Eu vos aliviarei. Se as misérias físicas e morais estão se tornando insuportáveis, abramos a nossa caixa de Pandora e deixemos sair dela a grande esperança: Jesus! Não há mal que dure para sempre. O deserto de Atakama, o mais árido do mundo, situado no Chile, ao receber as primeiras gotas de água refrescante, após quase um século sem chuvas, em pouco tempo fica recoberto de lindas flores multicoloridas. Assim também acontece com as almas mais endurecidas. Ao se abrirem para receber os primeiros raios do sol das almas, que é Jesus, mudam a paisagem ressecada, para se tornarem campos floridos, espalhando bênçãos por onde passem.” Hoje eu te faço um convite: Vamos deixar nossa alma florir meus irmãos? Que Jesus nos conceda a cura do nosso corpo e de nossa alma. Paz e Luz para todos!

Fonte: https://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/a-esperanca-e-a-ultima-que-morre/
http://ieesp.org.br/wp-content/uploads/2017/04/Jornal-IEE-Jan-Fev-2014-final-folheto.pdf

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