Hoje nosso estudo será
sobre APEGO. Dentre tantos repensares
sobre a vida, precisamos também rever nosso modo de viver com relação ao Apego.
O apego é a causa principal de todo o sofrimento humano, pois é uma das maiores
ilusões da vida terrena. Afinal apegar-se a que? A quem? Apegar-se para que? Se
tudo é transitório, se tudo é passageiro. O apego é uma das fontes de maior
sofrimento, quanta dor, quantas lágrimas. O apego é o mesmo que querermos
segurar o vento, o ar. A grande lição
ensinada pelo Mestre Jesus é a
importância do desapego, e não temos como negar que é difícil e complexo
aplicar ao nosso dia a dia, principalmente porque vivemos numa sociedade
consumista onde o importante é TER e não SER, e isso faz com que esqueçamos que
somos viajantes do Universo, onde levamos somente o que adquirimos na alma. Allan
Kardec, registrou no livro O Evangelho segundo o Espiritismo, no cap. XVI,
item 9, o que disse o Espirito Pascal: “O homem só possui em plena propriedade
aquilo que lhe é dado levar deste mundo. Do que encontra ao chegar e deixa ao
partir, goza ele enquanto aqui permanece. Forçado, porém, que é a abandonar
tudo isso, não tem das suas riquezas a posse real, mas, simplesmente, o
usufruto. Que é então o que ele possui? Nada do que é de uso do corpo; tudo o
que é de uso da alma: a inteligência,
os conhecimentos, as qualidades morais. Isso o que ele traz e leva
consigo, o que ninguém lhe pode arrebatar, o que lhe será de muito mais
utilidade no outro mundo do que neste. Depende dele ser mais rico ao partir do
que ao chegar, visto como, do que tiver adquirido em bem, resultará a sua
posição futura.” Desapegar é diferente de desinteressar ou de
"não estar nem aí". Desapegar significa ficar em paz, mesmo enquanto
acontece algo que desejaríamos que fosse diferente ou enquanto algo não foi
resolvido. É abrir mão de controlar as situações da vida, as quais não temos
realmente nenhum controle mas agimos como se tivéssemos. Podemos permanecer
cuidadosos, porém, sem qualquer tipo de apego. Quando dissolvemos as
preocupações, e a necessidade de controle ficamos em paz independente dos
resultados externos. O mais interessante é que, quanto maior o desapego, mais
as coisas tendem a funcionar bem. A energia do apego acaba atrapalhando
relacionamentos e afastando as pessoas. Quem se comporta dessa forma sofre mais
rejeição. O apego atrapalha também a resolução de situações. Talvez já tenha
acontecido em algum momento da sua vida o seguinte: Você se preocupa muito com alguma coisa, deixa
de dormir, faz de tudo, e nada se resolve. Depois, cansado de sofrer, você simplesmente
deixa de se preocupar com a situação, relaxa e entrega. O que tiver que ser,
será. Nesse momento, sua paz interior não mais depende do resultado, pois você
agora já está em paz. E depois desse relaxamento, a situação acaba se
resolvendo. Será coincidência? Eu acredito que não. As coisas vêm com menos
esforço quando já estamos em paz. Nesse estado de desapego é mais fácil ter
ideias e tomar iniciativas. A motivação não está mais ligada a sentimentos
negativos. Assim a ação é livre de tensões e por isso se torna mais eficiente. Nos
relacionamentos, o apego é interpretado por muitos como um sinal de amor e
cuidado pelo outro. Mas o que acaba ocorrendo é um jogo de manipulação devido a
essa dependência emocional. O sofrimento vem mais hora menos hora pois não é
possível controlar os pensamentos, sentimentos e atitudes de outras pessoas. Quando
nos desapegamos dos nossos relacionamentos, ficamos mais seguros e acabamos
transmitindo isso, o que nos torna pessoas mais interessante. O outro lado se
sente mais atraído. Para que possamos conseguir sentir o verdadeiro amor
incondicional, precisamos livrar-nos de todo e qualquer tipo de
condicionamento, seja ele bom ou ruim, positivo ou negativo, individual ou
universal. Sempre que nos apegamos, precisamos de mais e mais, e nunca estamos
satisfeitos. Quem se apega a uma pessoa, quer sua presença a todo momento, e
não consegue mais viver sem ela. Quem se apega quer, de alguma forma, suprir
uma carência ou uma ausência dentro de si mesmo. Mas nossos apegos nunca
poderão nos preencher. Quem tem fé, não se apega, não precisa de nada para se
completar. Aquele que coloca muitas coisas sobre uma lâmpada, abafa sua
iluminação. Libere sua lâmpada, sua chama interior de tudo que está tampando
seu brilho, assim sua essência brilhará livremente. Renuncie a todos os seus
apegos, deixe de lado tudo aquilo que te prende, isso é liberdade. Aquele que
vive desprendido de tudo, sem dependências, ou vícios, necessitando do mínimo
possível, é muito mais feliz. O apego ao corpo físico é muito evidente,
principalmente se considerarmos que o medo de morrer constitui um dos maiores
bloqueios para que conseguirmos uma plena evolução espiritual. Jesus Cristo
deixa muito claro nos seus ensinamentos que não precisamos temer a morte, nem
mesmo aqueles que colocam a vida em risco: “Portanto, não tenhas medo de
ninguém. Tudo o que está coberto vai ser descoberto; e tudo o que está
escondido será conhecido. O que estou dizendo a vocês na escuridão repitam na
luz do dia. E o que vocês ouvirem em segredo anunciem abertamente. Não tenham
medo daqueles que matam o corpo, pois eles não podem matar a alma.” (Mateus
10:26-28). É preciso aprender a desapegar-se. O homem é apegado até mesmo aos
seus sofrimentos, por isso a dificuldade em auxiliá-los na cura de todos os
males. Na hora do desespero recorrem a ajuda espiritual, mas, tão logo se vêem
aliviados pela intercessão dos Espíritos Benfazejos, retornam aos vícios
simplesmente por apego. O desapego é um aprendizado adquirido na prática,
através da disciplina, da oração e do estudo dos Ensinamentos de Jesus. O homem
apega-se aos bens materiais, aos amores, à aquisição do poder, ao
"status" social, aos vícios; apega-se ao corpo que lhe é morada
provisória em sua breve existência terrena, esquecendo-se de que é apenas
usufrutuário dos bens terrenos. Jesus ensina o desapego para a liberdade desse
presídio que é o corpo físico. Então, o homem sofre por não compreender o
verdadeiro sentido da vida que é o amor e a caridade. A felicidade plena não é
desse mundo, é uma conquista para a vida futura, destinada a Espíritos que
conseguiram vencer o apego, esquecendo-se de si por amor ao Pai que está no Céu
e ao próximo. "Meu Reino não é desse
mundo. No mundo tereis aflições mas tende bom ânimo. Eu venci o mundo". disse Jesus.
Na luta para se conquistar a felicidade nesse mundo, o homem imediatista,
atropela o seu semelhante, conspira contra o seu próximo, engana, perjura. Em
busca do poder, aniquila-se uma população inteira. Os Ensinamentos deixados há
mais de dois mil anos vão sendo aos poucos esquecidos, porque nos fala de uma
vida futura, do desconhecido e, o homem teme o que não conhece. Se é abastado
teme a miséria, a fome. Se é pobre teme o amanhã. Se tem fama teme o anonimato.
Se está no anonimato teme a solidão. Se tem saúde teme a doença e, se doente,
teme a morte. Contudo, se conhecesse a Verdade não temeria mal algum, pois,
saberia que Deus não abandona as suas criaturas. O sofrimento é remédio para o
Espírito, serve para despertar no homem o amor. O medo é fruto da pouca fé. O
homem acredita-se fervoroso em sua fé na bondade Divina, porém, o que trás em
si, muitas vezes, é a fé em si mesmo, a presunção. Escamoteia o seu orgulho e
vaidade através de uma falsa confiança em Deus, quando, na verdade, acredita-se
merecedor das benesses conquistadas. Por não acreditar em um Deus que tudo
provê, pouco nos doamos. Deus não é somente soberanamente bom e justo, mas
misericordioso, por isso sofremos bem menos do que merecemos. O homem, na sua
ignorância, julga-se bom porque esquece que aqui estamos, no mundo de
"provas" e "expiações", por não termos aprendido a amar.
Como bem coloca Emmanuel, "só não erramos mais
por falta de oportunidade". Amar significa resignação e abnegação. Resignar-se
em amor ao Pai Celestial, e abnegar-se em amor ao próximo. Resignar-se é
aceitar com humildade os desígnios do Senhor, e, abnegar-se é desapegar-se de
si em favor do próximo. Essa é a máxima dos Ensinamentos de Jesus: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo". Quem prejudica ao próximo não ama a Deus. O apego
exacerbado desvia o homem de sua missão terrena, a caridade. Irmãos, aprendeis
o desapego e cultivais a fé inabalável em um Deus soberanamente bom e justo.
Amai-vos uns aos outros como Deus vos ensinou. Orai, a prece é o remédio que
fortalece a fé. Da fé brota o amor semeado por Deus, em cada criatura, até
mesmo nas mais embrutecidas pelo apego desmedido. Lembrai-vos que a medida de
tudo é o bom-senso. Todo excesso é prejudicial. Até mesmo o amor sendo
desregrado causa prejuízo, pois que, é sinônimo de apego. Conta-se que Jesus entrou
em Jericó e ia atravessando a cidade.
Havia
aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. Ele
procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque
era de baixa estatura. Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver,
quando ele passasse por ali. Chegando Jesus àquele lugar
e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é
preciso que eu fique hoje em tua casa. Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o
alegremente. Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele
vai hospedar-se em casa de um pecador... Zaqueu, entretanto, de pé diante do
Senhor, disse-lhe: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se
tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo. Disse-lhe
Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de
Abraão. Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.” (Lucas,
19:1-10.). Por que, ante a decisão de Zaqueu, Jesus
declarou: “Hoje entrou a salvação nesta casa”? Não é difícil entender a
frase dita por Jesus. Zaqueu, um homem abastado, dava naquele momento um sinal
claríssimo de desapego, entendendo finalmente que os bens que Deus nos concede
a título de usufruto não podem servir tão somente a nós e à nossa prole, mas
devem servir a todos. Zaqueu mereceu. E nós? Ao longo de nossa vida, o
que temos feito para nossa elevação espiritual? O que temos produzido para alcançarmos
a atenção da Espiritualidade Superior, a qual representa Jesus junto a nós?
Será que já estamos prontos para nos tornarmos merecedores de Sua sublime
visita à nossa "casa" interior? Vale relembrar que o sofrimento
do apego se inicia aqui, quando acreditamos ter posse sobre as coisas
materiais; a nossa terra, a nossa casa, as nossas roupas, a nossa beleza, o
nosso carro, o nosso cargo, a nossa posição social, o nosso cartão de crédito
internacional, a nossa empresa e assim por diante...Claro que a
prosperidade é um direito do ser, é bom estarmos em sintonia com a energia da
abundância cósmica, mas não podemos confundir com posse... alguns tem um
forte sentimento de apego dentro de um Fusca e outros passarão totalmente
desapegados dentro de uma Mercedes... nós aprendemos na Luz e na sombra...Temos
que perder para darmos valor ao ganhar, temos que passar pela escassez para
aprendermos a buscar a abundância; e a vida é uma grande roda, que gira e gira
e nós vamos vivenciando todos os desafios, todas as situações para adquirirmos
sabedorias... tudo é cíclico... tudo é empréstimo temporário para o nosso
aprendizado. Quanto sofrimento é gerado à alma no momento do seu desencarne,
quando, presa aos apegos terrenos... não alcança a Luz porque está olhando as
sombras; não atinge um nível maior de consciência porque está presa à
inconsciência dos apegos terrenos...Devemos sim viver os prazeres da terra, com
o desapego da alma... vivendo aquilo que a vida está nos proporcionando sem a
prisão do medo da perda...E o que dizermos do apego emocional? Ah... é mais e
muito mais dolorido! Criamos inúmeras vezes na nossa mente, no nosso
corpo emocional, a ilusão de que o outro nos pertence, que nós temos posse
sobre o outro e também vendemos a ilusão que o outro tem posse sobre nós... e
neste jogo emocional vivemos anos, vidas inteiras e criamos laços cármicos
profundos... e o mais irônico, para não dizer o mais triste, é que nos
atrevemos, presos a esta visão distorcida, a chamar isto de amor! Mas temos que
compreender que para atingirmos o Desapego e o Amor Maior, temos que vivenciar
o apego e o amor terreno. São os nossos primeiros passos para alcançarmos a
sabedoria...Nós confundimos apego profundo com desapego e não conseguimos
realmente enxergar nossa confusão e a vida faz a parte dela, ou seja, gera o
desapego para percebermos o quanto estávamos apegados. Desapego? Amor incondicional? Baixa
auto-estima? Sim, pode até ser amor mas o amor incondicional é desapego e
desapego é amor incondicional... é querer a felicidade e o bem estar do outro e
de si mesmo. Mas para amarmos o outro
temos também que nos amar e nos respeitar. Será que não é um apego tão forte,
tão enraizado, que não permitimos que o outro seja feliz e num grande auto
boicote, optamos em sermos infelizes para não nos desapegarmos do outro e não
permitirmos que o outro se desapegue de nós? O que aparenta desapego é um
profundo apego; tão forte que preferimos renunciar à própria felicidade do que
renunciarmos ao outro. Desapego nos liberta. Apego nos
aprisiona. Exercitemos o desapego das coisas materiais, das ilusões
emocionais, dos rancores, das mágoas, de tudo aquilo que nos
aprisiona. Libertemo-nos! Sejamos livres no Desapego! Sobre Apego o
mestre indiano Osho escreveu: “O amor é a única libertação do apego. Quando
você ama tudo, não está preso a nada. Na verdade, o fenômeno do apego precisa
ser entendido. Por que você se agarra a algo? Porque tem medo de perdê-lo.
Talvez alguém possa roubá-lo. Seu medo é de que amanhã você não possa ter o que
tem hoje. Quem sabe o que acontecerá amanhã? A mulher ou o homem que você ama…
qualquer movimento é possível: vocês podem se aproximar ou podem se distanciar.
Vocês podem novamente se tornar estranhos ou podem ficar tão unidos que não
seria correto dizer nem mesmo que vocês são duas pessoas diferentes; é claro,
existem dois corpos, mas o coração é um só, a canção do coração é uma só e o êxtase
os envolve como uma nuvem. Vocês desaparecem nesse êxtase: você não é você, ela
não é ela. O amor passa a ser tão total, tão grande e irresistível que você não
pode permanecer você mesmo; você precisa submergir e desaparecer. Nesse
desaparecimento, quem se prenderá, e a quem? Tudo é. Quando o amor desabrocha
em sua totalidade, tudo simplesmente é. O receio do amanhã não surge, daí não
surgir a questão do apego. Todas as nossas misérias e sofrimentos não são nada
mais do que apego. Toda a nossa ignorância e escuridão é uma estranha
combinação de mil e um apegos. Nós estamos apegados a coisas que serão levadas
no momento da morte, ou mesmo, talvez, antes. Você pode estar muito apegado a
dinheiro, mas você pode ir à bancarrota amanhã. Você pode estar muito apegado a
seu poder e posição, mas eles são como bolhas de sabão. Hoje eles estão aqui;
amanhã eles não deixarão nem um traço. (…) Todas as nossas posições, todos os
nossos poderes, nosso dinheiro, nosso prestígio, respeitabilidade são todos bolhas
de sabão. Não fique apegado a bolhas de sabão; senão, você estará em contínua
miséria e agonia. Essas bolhas de sabão não se importam por você estar apegado
a elas. Elas continuam estourando e desaparecendo no ar e deixando-o para trás
com o coração ferido, com um fracasso, com uma profunda destruição de seu ego. Elas
o deixam triste, amargo, irritado, frustrado. Elas transformam sua vida num
inferno. Compreender que a vida é feita da mesma matéria que os sonhos é a
essência do caminho. Desapegue-se: viva no mundo, mas não seja do mundo. Viva
no mundo, mas não permita que o mundo viva dentro de você. Lembre-se que ele é
um belo sonho, porque tudo está mudando e desaparecendo. Não se agarre a nada.
Agarrar-se é a causa de sermos inconscientes. Se você começar a se desprender,
uma tremenda liberação de energia acontecerá dentro de você. A energia que
estava envolvida no apego às coisas trará um novo amanhecer ao seu ser, uma
nova luz, uma nova compreensão, um tremendo descarregar – nenhuma possibilidade
para a miséria, a agonia, a angustia. Ao contrário, quando todas essas coisas
desaparecem, você se encontra sereno, calmo e tranqüilo, numa alegria sutil.
Haverá um riso no seu ser. (…) Se você se tornar desapegado, você será capaz de
ver como as pessoas estão apegadas a coisas triviais, e quanto elas estão
sofrendo por isso. E você rirá de si mesmo, porque você também estava no mesmo
barco antes. O desapego é certamente a essência do caminho. O livro “Folhas de Outono – Idéias que mobilizam os potenciais humanos”
– Ditado pelo Espírito Hammed – Psicografado por Francisco do Espírito Santo
Neto, podemos ler: Apego é a não-aceitação da
impermanência das coisas. Na Terra nada se perpetua, somente a alma é imortal.
O apego é a memória da “dor” ou do “prazer” passado, que carregamos para o
futuro. Atrás de cada sofrimento existe um apego. Quando temos algo querido ou
pensamos ter a posse da alguém que muito amamos, sofremos ao nos separarmos
dele. O ciúme é o resultado do apego (medo de perder). O desejo e o apego,
privados de consciência reflexiva, estreitam nossa visão de felicidade,
descartando novas possibilidades de uma vida pacífica e alegre. A mente apegada
a fatos, acontecimentos e pessoas é incapaz de perceber a sua essência. Aquele
que está agarrado ao “ego” está vazio do “sagrado”; aquele que se liberta do
“ego” descobre que sempre esteve repleto do “sagrado”. O “desapego saudável” é
uma vivência que leva ao crescimento íntimo e uma expansão da consciência,
enquanto a experiência defensiva conduz a um bloqueio das sensações, fazendo
com que as pessoas vivam numa aparente fuga social. É preciso perceber a
diferença entre o “amor real” e a “relação simbiótica”, ou mesmo o “apego
familiar”. A realização espiritual não está em nos apegarmos egoisticamente aos
entes queridos, e sim, nos interagirmos fraternalmente, uns com os outros. Vou contar uma
historia sobre um mestre e seu discípulo. Os dois estavam a caminho da aldeia
vizinha quando chegaram a um rio agitado e viram na margem, uma bela moça
tentando atravessá-lo. O mestre ofereceu-lhe ajuda e, erguendo-a nos braços,
levou-a até a outra margem. E depois cada qual seguiu seu caminho. Mas o
discípulo ficou bastante perturbado, pois o mestre sempre lhe ensinara que um
monge nunca se deve aproximar de uma mulher, nunca deve tocar uma mulher.
O discípulo pensou e repensou o assunto; por fim, ao voltarem para o templo,
não conseguiu mais conter-se e disse ao mestre: — Mestre, o senhor ensina-me
dia após dia a nunca tocar uma mulher e, apesar disso, o senhor pegou aquela
bela moça nos braços e atravessou o rio com ela.— Tolo – respondeu o mestre –
Eu deixei a moça na outra margem do rio. Tu é que ainda a carregas. Todos
somos apegados à alguma coisa, entretanto sabemos o quanto sofremos quando
temos que abrir mão daquilo que estamos apegados. Saiba que o apego limita
nossos verdadeiros desejos. Quando estamos apegados somos mesquinhos e egoístas
e não estamos seguindo o fluxo da natureza. A natureza é desapegada. Por
exemplo, quando um pássaro bota um ovo, a mãe está presente até o momento em
que seu filhote nasce, cresce e fica forte. Depois, o pequeno pássaro vai
buscar o seu próprio caminho. A mãe não se apega ao filhote que agora já é um
adulto. Não somos donos de nada. Nem das
coisas, muito menos das pessoas. A única coisa que de fato possuímos e que
podemos controlar são as nossas escolhas. Podemos escolher lidar com o
inesperado com sabedoria e aceitação. Ou podemos nos recusar a aceitar a realidade.
Acredite, quanto mais você resiste, mais você sofre. Preste atenção ao que vem
lhe causando sofrimento e busque pela sua resistência. Perceba a sua tentativa
de controlar, o seu apego. Isso lhe faz mal. Perceba que você pode optar pelo
caminho da leveza. Aceitar o que quer que venha em sua direção. Deixar ir o que
quer que esteja de partida. É preciso permitir que o velho se vá para que o
novo possa se manifestar. Para refletirmos um pouco mais sobre Apego vou ler
um texto intitulado AMAR É DESAPEGAR do escritor Francês Saint-Expupéry. “O desapego é fundamental para o nosso crescimento e
liberdade de escolha. Se apegar as pessoas, como se fossemos proprietários, ao
invés de cativar seu coração, as sufocamos. Nós somos individualidades e construímos
o nosso caminho. Deus, ao nos criar, nos concedeu o livre arbítrio, portanto, o
apego doentio aprisiona. O apego exagerado prejudica os relacionamentos, nós
não nascemos algemados a ninguém. O apego exagerado sufoca, ao invés de atrair
para si. O ser aspira por liberdade, por ser um desejo interior conferido por
Deus. No relacionamento a dois o apego é espontâneo, natural, o apego doentio
afasta, sufoca e torna a relação insuportável. A liberdade é fundamental para
as escolhas do ser. O amor é elo, não sufoca, não algema, apenas ama e
compreende. O apego exagerado pelos filhos é egoísmo, pois eles são do mundo e
não propriedade dos pais. Os pais que se apegam aos filhos, de forma doentia,
se esquecem de construírem projetos para suas vidas. Eles vivem a vida dos
filhos, idealizam o futuro dos filhos com suas pretensões, esquecendo que os
filhos tem liberdade de escolha e sonhos diferentes dos seus. Sufocam os filhos
pelo apego exagerado. O amor compreende e cativa pelo coração, se apega
desapegando e proporciona liberdade. A liberdade no desapego, trás para junto
do coração o apego pelo amor, jamais pela posse do outro. O apego doentio por objetos, animais e pessoas
pode estar relacionado à carência. As pessoas apegadas por carência, quando
perdem, podem ficar doentes, depressivas. O autoconhecimento é importante para
buscarmos ajuda médica, psicológica e espiritual. Deus supre as nossas
carências, e Nele nós encontramos o sentido da existência.” Na sequência podemos ouvir o poeta português Fernando
Pessoa falando assim: “ Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se
insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário.... Perdemos a
alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos,
fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que
importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram. As coisas passam, e
o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora. Deixar ir embora.
Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas
marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Antes de começar um
capítulo novo, é preciso terminar o antigo: Diga a si mesmo que o que passou
jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem
aquilo... - Nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Encerrando
ciclos, não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba... Mas porque
simplesmente aquilo já não se encaixa mais em sua vida. Feche a porta, mude o
disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Quando um dia você decidir a pôr um ponto
final naquilo que já não te acrescenta. Que você esteja bem certo disso, para
que possa ir em frente, ir embora de vez. Desapegar-se, é renovar votos de esperança de si
mesmo. É dar-se uma nova oportunidade de construir uma nova história melhor. Liberte-se
de tudo aquilo que não tem te feito bem, daquilo que já não tem nenhum valor, e
siga, siga novos rumos, desvende novos mundos. A vida não espera. O tempo não
perdoa. E a esperança, é sempre a última a lhe deixar. Então, recomece,
desapegue-se! Ser livre, não tem preço! Encerro nosso estudo citando Santa
Teresa D´Avila que escreveu: “Nada te perturbe, Nada te espante, Tudo passa, Só
Deus não muda, A paciência tudo alcança; Quem a Deus tem, Nada lhe falta: Só
Deus basta. Eleva o pensamento, ao céu sobe, Por nada te angusties, Nada
te perturbe. A Jesus Cristo segue, com grande entrega, E, venha o que vier,
nada te espante. Vês a glória do mundo? É glória vã; Nada tem de estável, tudo passa.
Deseje às coisas celestes, que sempre duram; Fiel e rico em promessas, Deus não
muda. Ama-o como merece, Bondade Imensa; Quem a Deus tem, mesmo que passe por
momentos difíceis, Sendo Deus o seu tesouro, Nada lhe falta. Só Deus basta!” Paz e Luz para todos nós!
Fonte: http://disticoespirita.blogspot.com/2012/05/o-apego.html
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