Inicio nossa reflexão lendo um texto do filosofo Nietzsche
que diz: “Eu
sou vários! Há multidões em mim. Na mesa de minha alma sentam-se
muitos, e eu sou todos eles. Há um velho, uma criança, um sábio,
um tolo. Você nunca saberá com quem está sentado ou quanto tempo
permanecerá com cada um de mim. Mas prometo que, se nos sentarmos à
mesa, nesse ritual sagrado eu lhe entregarei ao menos um dos tantos
que sou, e correrei os riscos de estarmos juntos no mesmo plano.
Desde logo, evite ilusões: também tenho um lado mau, ruim, que
tento manter preso e que quando se solta me envergonha. Não sou
santo, nem exemplo, infelizmente. Entre tantos, um dia me descubro,
um dia serei eu mesmo, definitivamente. Como já foi dito: ouse
conquistar a ti mesmo”.
Na sequência vou ler outro texto intitulado Quem
sou?
do
escritor, educador e psicanalista Rubem Alves:
“Sei
que eu sou muitos. Quem me ensinou isso foi um Demônio velho, o
mesmo que ensinou psicologia a Jesus. Quando Jesus lhe perguntou
“Qual é o teu nome?”, ele respondeu, numa mistura de verdade e
gozação: “Meu nome é Legião porque somos.” Coisa maluca: o
“eu”, singular na gramática, é plural na psicologia. Eu sou
muitos. Tem-se a impressão de que se trata da mesma pessoa porque o
corpo é o mesmo. De fato o corpo é o mesmo. Mas os “eus” que
moram nele são muitos. Sabemos que são muitos por causa da música
que cada um toca. A letra não importa. Pode até ser que a letra
seja a mesma. O que faz a diferença é a música. Cada “eu” toca
uma música diferente: violino, tímpano, prato, trombone. Juntos
poderiam forma uma orquestra. Não formam. Cada “eu” toca o que
lhe dá na telha. (…) Por vezes os “eus” se odeiam. Muitos
suicídios poderiam ser explicados como assassinatos: um “eu” não
gosta da música do outro e o mata. (…) O português correto diz:
“Eu sou”. Sujeito singular; verbo no singular. Mas quem aprendeu
com Sócrates, quem se conhece a si mesmo, sabe que a alma não
coincide com a gramática. A alma diz: “Eu somos”. E diz bem.
Pergunto-me: “De todos os “eus”, qual deles eu sou?” E para
ajudar em nossa reflexão desse estudo vou contar uma lição de
Buda: conta-se que
uma vez, um homem se aproximou de Buda e, sem dizer uma palavra,
cuspiu-lhe em seu rosto com toda força que podia. Seus discípulos
ficaram furiosos. Ananda, o discípulo mais próximo, perguntou a
Buda: –Dê-me
permissão para dar a este homem o que ele merece! Buda se enxugou
calmamente e respondeu a Ananda: –Não.
Vou falar eu com ele. E juntando as palmas das mãos em sinal de
reverência, Buda disse ao homem: –Obrigado!
Com seu gesto, você permitiu que eu visse que a raiva me abandonou.
Estou extremamente agradecido. Seu gesto também mostrou que Ananda e
os outros discípulos ainda são assaltados pela raiva. Obrigado!
Somos muito gratos!”.. e assim eu te pergunto meus irmãos em
Cristo: Quantos moram dentro de você? Quanto você se conhece?
Muitas vezes passamos a vida toda procurando paz, iluminação,
nirvana e etc em rituais, religiões, lugares, mas continuamos do
mesmo jeito, com a mesma agonia, com a mesma inquietação, com o
mesmo vazio pois o que temos que mudar, aceitar e acolher continua
escondido dentro de nós e é chamado de “sombra”. Vou ler alguns
trechos interessantes extraídos do livro
de auto ajuda “O Lado Sombrio Dos Buscadores da Luz” da
professora americana Debbie
Ford:
Toda pessoa nasce com um sistema emocional saudável. Enquanto somos
crianças, nos amamos e nos aceitamos, sem fazer julgamentos sobre
quais são as nossas partes boas e quais são as partes ruins. À
medida que crescemos, vamos aprendendo com as pessoas à nossa volta,
somos moldados para um padrão de ser. Os adultos nos dizem como
agir, quando comer, quando dormir, e começamos a fazer distinções.
Aprendemos quais são os comportamentos que nos garantem aceitação
e quais os que provocam rejeição. O poeta e escritor Robert Bly
descreve a sombra como uma mochila invisível que cada um de nós
carrega nas costas. À medida que crescemos, vamos guardando na
mochila todas as nossas características que não são aceitas pela
família e pelos amigos. Bly acredita que passamos as primeiras
décadas da vida enchendo a mochila e que gastamos o resto da vida
tentando recuperar o que pusemos nessa mochila para aliviar o fardo.
A maioria de nós foi educada para acreditar que temos boas e más
qualidades, portanto, para sermos aceitos, fomos obrigados a nos
livrarmos das más qualidades ou, pelo menos, a ocultá-las. Para o
psicanalista Carl Jung, a palavra “sombra” se refere àquelas
partes da nossa personalidade que foram rejeitadas por medo,
ignorância, vergonha ou falta de amor. Sua noção básica de sombra
era simples: “a sombra é aquela pessoa que você não gosta de
ser”. Segundo Jung a sombra contém todas as nossas facetas que
tentamos esconder ou negar; os aspectos sombrios que julgamos não
serem aceitáveis para a família, para os amigos e, mais importante,
para nós mesmos. O lado sombrio está calcado profundamente em nossa
consciência, escondido de nós e dos outros e a mensagem transmitida
desse local oculto é simples: há alguma coisa errada comigo. Não
estou bem. Não sou atraente. Não mereço ser bem-sucedido. Não
tenho valor. Muitos de nós acreditamos nessas mensagens que muitas
vezes ficam presas na nossa cabeça. Cremos que, se olharmos bem de
perto o que vive nas profundezas do nosso ser, acharemos alguma coisa
horrível. Evitamos nos aprofundar com medo de descobrir alguém com
quem não consigamos conviver. Temos medo de nós mesmos. Tememos
qualquer pensamento ou sentimento que tenhamos recalcado em algum
momento. Nós nos tornamos grandes impostores que enganam a si mesmos
e aos outros. Somos tão bons nisso que realmente esquecemos que
estamos usando máscaras para esconder nossas personalidades
autênticas, e pior que em alguns momentos tudo vem à tona e é
comum ouvirmos: “Não sei o que me deu para eu tomar essa atitude”.
Acreditamos que somos as pessoas que vemos no espelho ou que somos
nosso corpo e nossa mente, tudo no modo superficial. Mesmo depois de
anos observando nossos relacionamentos, carreiras, dietas e sonhos
fracassarem, continuamos a abafar essas mensagens internas
perturbadoras. Dizemos a nós mesmos que estamos bem e que as coisas
vão melhorar. Nossas sombras são detentoras da essência daquilo
que realmente somos; guardam os nossos bens mais preciosos. Ao
assumir tudo o que somos, alcançamos a liberdade para decidir o que
fazer neste mundo. Enquanto continuarmos a esconder, mascarar e
projetar o que está em nosso interior, não teremos liberdade de ser
nem de escolher. Sua vida se transformará quando você fizer as
pazes com sua sombra, e é ai que entra a tão falada Reforma
Interior. A lagarta se tornará, surpreendentemente, uma linda
borboleta. Você não precisará mais fingir ser quem não é. Não
será mais necessário provar que você é o máximo. Quando assumir
sua sombra, você deixará de viver num constante estado de temor.
Descubra os dons da sua sombra e finalmente você revelará seu
verdadeiro eu em toda a sua glória e terá a liberdade para criar o
tipo de vida que sempre quis, pois dominará o que se esconde. Você
precisa mergulhar na escuridão para trazer para fora a sua luz.
Quando reprimimos qualquer sentimento ou impulso, também estamos
reprimindo nosso pólo oposto. Ao negar nosso fel, perdemos nossa
beleza. Se negamos nosso medo, desprezamos nossa coragem. Se nos
recusamos a ver nossa ganância, reduzimos nossa generosidade. Nossa
grandeza completa é maior do que conseguimos conceber, afinal Deus
nos criou à Sua imagem e semelhança Você precisa aprender a deixar
que tudo o que você é exista. Sabemos que isso não é fácil, mas
necessário. Se quiser ser livre, antes de tudo tem que “ser”.
Isso significa que precisamos parar de nos julgar, devemos nos
perdoar por sermos humanos, imperfeitos. Porque, ao nos julgar,
estamos automaticamente julgando os outros. E o que fazemos com os
outros fazemos com conosco. O mundo é um espelho de nós mesmos,
pois tudo que vejo no outro sou eu, tudo que me incomoda no outro,
sou eu. Quando conseguimos nos aceitar e nos perdoar, fazemos a mesma
coisa com os outros. Jung disse, certa vez: “Prefiro sentir-me
inteiro do que ser bom”. Quantos de nós traíram a si mesmos para
serem
bons, amados e aceitos, porque nossa mãe sempre dizia que precisamos
ser “bonzinhos”? Não precisamos rejeitar nossos sentimentos
negativos, mas de forma corajosa e terapêutica, podemos assumi-los
com maturidade. Então, é possível que o sentimento de estar
inteiro integre nosso Ser, pois os sentimentos negativos reconhecidos
e integrados, servem como pontes, ou pequenas pistas, que ajudam a
restaurar nossa integridade individual, entregando para nós o que
temos de mais precioso na nossa humanidade e na nossa alma. É comum
pensarmos que cada problema ns nossa vida surge porque nascemos na
família errada ou temos amigos errados ou temos um corpo que não é
o que se gostamos ou queremos, e ainda porque moramos na cidade ou
país errados e acreditamos que todas estas circunstâncias externas
são a causa de nossa solidão, raiva, insatisfação, abandono,
descuido, desatenção, desamor, falta de companheirismo. Todas as
pessoas que atravessam o nosso caminho, sejam familiares, amigos,
conhecidos, chefes, professores, colegas, vizinhos, o empregado do
café, ou a doméstica mostram sistematicamente algo que detestamos,
ou também que gostamos.
Se em algum momento você tiver uma ação reprovavel que tal se
perguntar: porque fiz isso? O que dentro de mim precisa ser acolhido
e repensado? Afinal como podemos ser corajosos sem sentir medo? Como
declara Deepak Chopra, “Não estamos no mundo, mas o mundo está
dentro de nós”. Cada um possui todas as qualidades humanas. O
santo e o cínico, o divino e o diabólico, o corajoso e o covarde:
todos esses aspectos permanecem latentes em nós e vão agir, se não
forem reconhecidos e integrados por nós. O lado sombrio é o
porteiro que abre as portas para verdadeira liberdade. Quer você
goste ou não, sendo humano, você tem uma sombra, não adianta
negar, todos temos. Se não consegue vê-la, pergunte a alguém da
família ou às pessoas com quem trabalha. Elas vão indicá-la para
você. Assumir um aspecto de si mesmo significa amar-se. Não basta
dizer: “Sei que sou controladora”. É necessário perceber o que
a controladora tem a nos ensinar, quais os benefícios que traz, e
então devemos ser capazes de vê-la com respeito e compaixão.
Quando destinarmos um tempo para descobrir nossa sombra e nossos
talentos, compreenderemos o que Jung queria dizer com: “O ouro está
na escuridão”. Cada um de nós precisa achar esse ouro para juntar
ao seu eu sagrado. Debbie
Ford relata:”Quando
eu era criança Diziam-me: não seja brava, não seja egoísta, não
seja mesquinha, não seja gulosa. Não seja foi a mensagem que
guardei dentro de mim. Comecei a acreditar que era má porque às
vezes eu era mesquinha ou ficava brava ou, então, queria todas as
bolachas. Achava que, para sobreviver em minha família e neste
mundo, eu teria de me livrar desses impulsos. Foi isso que eu fiz.
Aos poucos, eu os expulsei para lugares tão remotos da minha mente
que me esqueci completamente de que eles estavam lá. Essas “más
qualidades” tornaram-se minha sombra. E, quanto mais velha eu fico,
mais para trás eu as empurro. Quando chequei à adolescência, tinha
reprimido tanto de mim mesma que me tornara uma bomba relógio
ambulante esperando para explodir em cima de qualquer um que cruzasse
meu caminho. Juntamente com as minhas chamadas “más qualidades”,
eu também sufocara seus opostos positivos. Nunca pude viver o meu eu
bonito, porque perdi muito tempo tentando esconder meu fel. Jamais me
senti boa em relação à minha generosidade, porque era apenas uma
máscara para encobrir minha mesquinhez. Mentia sobre quem eu era, e
mentia a mim mesma sobre o que eu era capaz de realizar. Perdera o
acesso a tudo que eu era”. A razão para trabalharmos nossa sombra
é que só assim conseguiremos nos sentir inteiros, poremos um fim ao
sofrimento e deixaremos de nos esconder do resto do mundo, tirando
essa angustia do peito. Nossa sociedade nutre a ilusão de que todas
as recompensas vão para os que são perfeitos. Mas muitos estão
percebendo que tentar ser perfeito é muito custoso. Hoje em dia,
onde as mídias digitais só trazem pessoas felizes as consequências
de tentar se equipar à “pessoa perfeita” podem nos destruir
física, mental, emocional e espiritualmente. Debbie acrescenta:
“tenho trabalhado com tantas pessoas boas que sofrem de males
diversos... vícios, depressão, insônia e problemas em seus
relacionamentos, pessoas que nunca ficam bravas, jamais se colocam em
primeiro lugar, nem mesmo rezam por si mesmas. Algumas partes de seus
corpos estão tomadas pelo câncer e elas não sabem por quê.
Enterrados em seus corpos, socados no fundo de suas mentes, estão
todos os seus sonhos, sua raiva, sua tristeza e seus desejos. Elas
foram criadas para se colocar por último, porque é o que fazem as
pessoas
boazinhas. A coisa mais difícil para elas é se libertar desse
condicionamento e descobrir quem são, na verdade. Porque elas
merecem amar a si mesmas, receber perdão e compaixão e também
poder expressar sua raiva e seu egoísmo”. Finalizo o estudo de
hoje com uma mensagem do Irmão Savas: “Preste atenção, amigo de
minha alma, no enorme esforço que despendes para manter teu porão
interior onde são guardadas tuas facetas sombrias que segundo teu
julgamento, o mundo não pode conhecer. Contudo, dentro de ti, há
muito o motim está se formando. Quando eras mais jovem tinhas mais
força para contê-lo. Hoje já te encontras mais vulnerável, tuas
defesas estão baixas. Até quando conseguirás manter o cárcere
interno? Não percebes que ele está prestes a ter suas portas
arrebentadas? O que virá daí? Um infarto, um tumor maligno, uma
depressão profunda que te deixe prosternado no leito? Será que vale
a pena usar máscaras durante uma existência inteira?” Diante de
tudo que falamos hoje eu te convido, meu irmão, minha irmã a fazer
o seguinte exercício diário: diga para si mesmo que se aceita com
tudo o que há de bom e de ruim, e se reconhece em ambos os estados,
com o mesmo AMOR. E depois, afirme-se na confiança e na fé que
possa ter. Verá, algum tempo depois as mudanças que se operaram em
si. Só a partir dessa atitude, e nessa altura, estará realmente
pronto para "SER" inteira e plenamente a EXPRESSÃO de
DEUS.
Que
Jesus nos conceda a cura do corpo e da alma! Paz e luz para todos.
Fontes:
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