sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

QUEM É VOCÊ?


Inicio nossa reflexão lendo um texto do filosofo Nietzsche que diz: “Eu sou vários! Há multidões em mim. Na mesa de minha alma sentam-se muitos, e eu sou todos eles. Há um velho, uma criança, um sábio, um tolo. Você nunca saberá com quem está sentado ou quanto tempo permanecerá com cada um de mim. Mas prometo que, se nos sentarmos à mesa, nesse ritual sagrado eu lhe entregarei ao menos um dos tantos que sou, e correrei os riscos de estarmos juntos no mesmo plano. Desde logo, evite ilusões: também tenho um lado mau, ruim, que tento manter preso e que quando se solta me envergonha. Não sou santo, nem exemplo, infelizmente. Entre tantos, um dia me descubro, um dia serei eu mesmo, definitivamente. Como já foi dito: ouse conquistar a ti mesmo”. Na sequência vou ler outro texto intitulado Quem sou? do escritor, educador e psicanalista Rubem Alves:Sei que eu sou muitos. Quem me ensinou isso foi um Demônio velho, o mesmo que ensinou psicologia a Jesus. Quando Jesus lhe perguntou “Qual é o teu nome?”, ele respondeu, numa mistura de verdade e gozação: “Meu nome é Legião porque somos.” Coisa maluca: o “eu”, singular na gramática, é plural na psicologia. Eu sou muitos. Tem-se a impressão de que se trata da mesma pessoa porque o corpo é o mesmo. De fato o corpo é o mesmo. Mas os “eus” que moram nele são muitos. Sabemos que são muitos por causa da música que cada um toca. A letra não importa. Pode até ser que a letra seja a mesma. O que faz a diferença é a música. Cada “eu” toca uma música diferente: violino, tímpano, prato, trombone. Juntos poderiam forma uma orquestra. Não formam. Cada “eu” toca o que lhe dá na telha. (…) Por vezes os “eus” se odeiam. Muitos suicídios poderiam ser explicados como assassinatos: um “eu” não gosta da música do outro e o mata. (…) O português correto diz: “Eu sou”. Sujeito singular; verbo no singular. Mas quem aprendeu com Sócrates, quem se conhece a si mesmo, sabe que a alma não coincide com a gramática. A alma diz: “Eu somos”. E diz bem. Pergunto-me: “De todos os “eus”, qual deles eu sou?” E para ajudar em nossa reflexão desse estudo vou contar uma lição de Buda: conta-se que uma vez, um homem se aproximou de Buda e, sem dizer uma palavra, cuspiu-lhe em seu rosto com toda força que podia. Seus discípulos ficaram furiosos. Ananda, o discípulo mais próximo, perguntou a Buda: Dê-me permissão para dar a este homem o que ele merece! Buda se enxugou calmamente e respondeu a Ananda: Não. Vou falar eu com ele. E juntando as palmas das mãos em sinal de reverência, Buda disse ao homem: Obrigado! Com seu gesto, você permitiu que eu visse que a raiva me abandonou. Estou extremamente agradecido. Seu gesto também mostrou que Ananda e os outros discípulos ainda são assaltados pela raiva. Obrigado! Somos muito gratos!”.. e assim eu te pergunto meus irmãos em Cristo: Quantos moram dentro de você? Quanto você se conhece? Muitas vezes passamos a vida toda procurando paz, iluminação, nirvana e etc em rituais, religiões, lugares, mas continuamos do mesmo jeito, com a mesma agonia, com a mesma inquietação, com o mesmo vazio pois o que temos que mudar, aceitar e acolher continua escondido dentro de nós e é chamado de “sombra”. Vou ler alguns trechos interessantes extraídos do livro de auto ajuda “O Lado Sombrio Dos Buscadores da Luz” da professora americana Debbie Ford: Toda pessoa nasce com um sistema emocional saudável. Enquanto somos crianças, nos amamos e nos aceitamos, sem fazer julgamentos sobre quais são as nossas partes boas e quais são as partes ruins. À medida que crescemos, vamos aprendendo com as pessoas à nossa volta, somos moldados para um padrão de ser. Os adultos nos dizem como agir, quando comer, quando dormir, e começamos a fazer distinções. Aprendemos quais são os comportamentos que nos garantem aceitação e quais os que provocam rejeição. O poeta e escritor Robert Bly descreve a sombra como uma mochila invisível que cada um de nós carrega nas costas. À medida que crescemos, vamos guardando na mochila todas as nossas características que não são aceitas pela família e pelos amigos. Bly acredita que passamos as primeiras décadas da vida enchendo a mochila e que gastamos o resto da vida tentando recuperar o que pusemos nessa mochila para aliviar o fardo. A maioria de nós foi educada para acreditar que temos boas e más qualidades, portanto, para sermos aceitos, fomos obrigados a nos livrarmos das más qualidades ou, pelo menos, a ocultá-las. Para o psicanalista Carl Jung, a palavra “sombra” se refere àquelas partes da nossa personalidade que foram rejeitadas por medo, ignorância, vergonha ou falta de amor. Sua noção básica de sombra era simples: “a sombra é aquela pessoa que você não gosta de ser”. Segundo Jung a sombra contém todas as nossas facetas que tentamos esconder ou negar; os aspectos sombrios que julgamos não serem aceitáveis para a família, para os amigos e, mais importante, para nós mesmos. O lado sombrio está calcado profundamente em nossa consciência, escondido de nós e dos outros e a mensagem transmitida desse local oculto é simples: há alguma coisa errada comigo. Não estou bem. Não sou atraente. Não mereço ser bem-sucedido. Não tenho valor. Muitos de nós acreditamos nessas mensagens que muitas vezes ficam presas na nossa cabeça. Cremos que, se olharmos bem de perto o que vive nas profundezas do nosso ser, acharemos alguma coisa horrível. Evitamos nos aprofundar com medo de descobrir alguém com quem não consigamos conviver. Temos medo de nós mesmos. Tememos qualquer pensamento ou sentimento que tenhamos recalcado em algum momento. Nós nos tornamos grandes impostores que enganam a si mesmos e aos outros. Somos tão bons nisso que realmente esquecemos que estamos usando máscaras para esconder nossas personalidades autênticas, e pior que em alguns momentos tudo vem à tona e é comum ouvirmos: “Não sei o que me deu para eu tomar essa atitude”. Acreditamos que somos as pessoas que vemos no espelho ou que somos nosso corpo e nossa mente, tudo no modo superficial. Mesmo depois de anos observando nossos relacionamentos, carreiras, dietas e sonhos fracassarem, continuamos a abafar essas mensagens internas perturbadoras. Dizemos a nós mesmos que estamos bem e que as coisas vão melhorar. Nossas sombras são detentoras da essência daquilo que realmente somos; guardam os nossos bens mais preciosos. Ao assumir tudo o que somos, alcançamos a liberdade para decidir o que fazer neste mundo. Enquanto continuarmos a esconder, mascarar e projetar o que está em nosso interior, não teremos liberdade de ser nem de escolher. Sua vida se transformará quando você fizer as pazes com sua sombra, e é ai que entra a tão falada Reforma Interior. A lagarta se tornará, surpreendentemente, uma linda borboleta. Você não precisará mais fingir ser quem não é. Não será mais necessário provar que você é o máximo. Quando assumir sua sombra, você deixará de viver num constante estado de temor. Descubra os dons da sua sombra e finalmente você revelará seu verdadeiro eu em toda a sua glória e terá a liberdade para criar o tipo de vida que sempre quis, pois dominará o que se esconde. Você precisa mergulhar na escuridão para trazer para fora a sua luz. Quando reprimimos qualquer sentimento ou impulso, também estamos reprimindo nosso pólo oposto. Ao negar nosso fel, perdemos nossa beleza. Se negamos nosso medo, desprezamos nossa coragem. Se nos recusamos a ver nossa ganância, reduzimos nossa generosidade. Nossa grandeza completa é maior do que conseguimos conceber, afinal Deus nos criou à Sua imagem e semelhança Você precisa aprender a deixar que tudo o que você é exista. Sabemos que isso não é fácil, mas necessário. Se quiser ser livre, antes de tudo tem que “ser”. Isso significa que precisamos parar de nos julgar, devemos nos perdoar por sermos humanos, imperfeitos. Porque, ao nos julgar, estamos automaticamente julgando os outros. E o que fazemos com os outros fazemos com conosco. O mundo é um espelho de nós mesmos, pois tudo que vejo no outro sou eu, tudo que me incomoda no outro, sou eu. Quando conseguimos nos aceitar e nos perdoar, fazemos a mesma coisa com os outros. Jung disse, certa vez: “Prefiro sentir-me inteiro do que ser bom”. Quantos de nós traíram a si mesmos para serem bons, amados e aceitos, porque nossa mãe sempre dizia que precisamos ser “bonzinhos”? Não precisamos rejeitar nossos sentimentos negativos, mas de forma corajosa e terapêutica, podemos assumi-los com maturidade. Então, é possível que o sentimento de estar inteiro integre nosso Ser, pois os sentimentos negativos reconhecidos e integrados, servem como pontes, ou pequenas pistas, que ajudam a restaurar nossa integridade individual, entregando para nós o que temos de mais precioso na nossa humanidade e na nossa alma. É comum pensarmos que cada problema ns nossa vida surge porque nascemos na família errada ou temos amigos errados ou temos um corpo que não é o que se gostamos ou queremos, e ainda porque moramos na cidade ou país errados e acreditamos que todas estas circunstâncias externas são a causa de nossa solidão, raiva, insatisfação, abandono, descuido, desatenção, desamor, falta de companheirismo. Todas as pessoas que atravessam o nosso caminho, sejam familiares, amigos, conhecidos, chefes, professores, colegas, vizinhos, o empregado do café, ou a doméstica mostram sistematicamente algo que detestamos, ou também que gostamos. Se em algum momento você tiver uma ação reprovavel que tal se perguntar: porque fiz isso? O que dentro de mim precisa ser acolhido e repensado? Afinal como podemos ser corajosos sem sentir medo? Como declara Deepak Chopra, “Não estamos no mundo, mas o mundo está dentro de nós”. Cada um possui todas as qualidades humanas. O santo e o cínico, o divino e o diabólico, o corajoso e o covarde: todos esses aspectos permanecem latentes em nós e vão agir, se não forem reconhecidos e integrados por nós. O lado sombrio é o porteiro que abre as portas para verdadeira liberdade. Quer você goste ou não, sendo humano, você tem uma sombra, não adianta negar, todos temos. Se não consegue vê-la, pergunte a alguém da família ou às pessoas com quem trabalha. Elas vão indicá-la para você. Assumir um aspecto de si mesmo significa amar-se. Não basta dizer: “Sei que sou controladora”. É necessário perceber o que a controladora tem a nos ensinar, quais os benefícios que traz, e então devemos ser capazes de vê-la com respeito e compaixão. Quando destinarmos um tempo para descobrir nossa sombra e nossos talentos, compreenderemos o que Jung queria dizer com: “O ouro está na escuridão”. Cada um de nós precisa achar esse ouro para juntar ao seu eu sagrado. Debbie Ford relata:”Quando eu era criança Diziam-me: não seja brava, não seja egoísta, não seja mesquinha, não seja gulosa. Não seja foi a mensagem que guardei dentro de mim. Comecei a acreditar que era má porque às vezes eu era mesquinha ou ficava brava ou, então, queria todas as bolachas. Achava que, para sobreviver em minha família e neste mundo, eu teria de me livrar desses impulsos. Foi isso que eu fiz. Aos poucos, eu os expulsei para lugares tão remotos da minha mente que me esqueci completamente de que eles estavam lá. Essas “más qualidades” tornaram-se minha sombra. E, quanto mais velha eu fico, mais para trás eu as empurro. Quando chequei à adolescência, tinha reprimido tanto de mim mesma que me tornara uma bomba relógio ambulante esperando para explodir em cima de qualquer um que cruzasse meu caminho. Juntamente com as minhas chamadas “más qualidades”, eu também sufocara seus opostos positivos. Nunca pude viver o meu eu bonito, porque perdi muito tempo tentando esconder meu fel. Jamais me senti boa em relação à minha generosidade, porque era apenas uma máscara para encobrir minha mesquinhez. Mentia sobre quem eu era, e mentia a mim mesma sobre o que eu era capaz de realizar. Perdera o acesso a tudo que eu era”. A razão para trabalharmos nossa sombra é que só assim conseguiremos nos sentir inteiros, poremos um fim ao sofrimento e deixaremos de nos esconder do resto do mundo, tirando essa angustia do peito. Nossa sociedade nutre a ilusão de que todas as recompensas vão para os que são perfeitos. Mas muitos estão percebendo que tentar ser perfeito é muito custoso. Hoje em dia, onde as mídias digitais só trazem pessoas felizes as consequências de tentar se equipar à “pessoa perfeita” podem nos destruir física, mental, emocional e espiritualmente. Debbie acrescenta: “tenho trabalhado com tantas pessoas boas que sofrem de males diversos... vícios, depressão, insônia e problemas em seus relacionamentos, pessoas que nunca ficam bravas, jamais se colocam em primeiro lugar, nem mesmo rezam por si mesmas. Algumas partes de seus corpos estão tomadas pelo câncer e elas não sabem por quê. Enterrados em seus corpos, socados no fundo de suas mentes, estão todos os seus sonhos, sua raiva, sua tristeza e seus desejos. Elas foram criadas para se colocar por último, porque é o que fazem as pessoas boazinhas. A coisa mais difícil para elas é se libertar desse condicionamento e descobrir quem são, na verdade. Porque elas merecem amar a si mesmas, receber perdão e compaixão e também poder expressar sua raiva e seu egoísmo”. Finalizo o estudo de hoje com uma mensagem do Irmão Savas: “Preste atenção, amigo de minha alma, no enorme esforço que despendes para manter teu porão interior onde são guardadas tuas facetas sombrias que segundo teu julgamento, o mundo não pode conhecer. Contudo, dentro de ti, há muito o motim está se formando. Quando eras mais jovem tinhas mais força para contê-lo. Hoje já te encontras mais vulnerável, tuas defesas estão baixas. Até quando conseguirás manter o cárcere interno? Não percebes que ele está prestes a ter suas portas arrebentadas? O que virá daí? Um infarto, um tumor maligno, uma depressão profunda que te deixe prosternado no leito? Será que vale a pena usar máscaras durante uma existência inteira?” Diante de tudo que falamos hoje eu te convido, meu irmão, minha irmã a fazer o seguinte exercício diário: diga para si mesmo que se aceita com tudo o que há de bom e de ruim, e se reconhece em ambos os estados, com o mesmo AMOR. E depois, afirme-se na confiança e na fé que possa ter. Verá, algum tempo depois as mudanças que se operaram em si. Só a partir dessa atitude, e nessa altura, estará realmente pronto para "SER" inteira e plenamente a EXPRESSÃO de DEUS.
Que Jesus nos conceda a cura do corpo e da alma! Paz e luz para todos.
Fontes:
-O Lado Sombrio Dos Buscadores da Luz” da professora americana Debbie Ford



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