Nós
espíritas
não costumamos
cultuar imagens, muito menos a imagem de Jesus na cruz, abatido,
vitimado pela incompreensão dos homens. Para o espiritismo, o Jesus
real é “um ser iluminado, belo, forte, irradiando amor de uma
forma ampla e total, como um verdadeiro sol cujos raios se direcionam
para todos os lados e atingem a tudo
e
a todos. Ele foi
médico,
psicólogo, pedagogo, consolador, redentor, Jesus nunca usou de uma
classificação separando
quem convivia com Ele. Jamais ele julgava quem errava condenado-os
a um futuro terrível num inferno eterno; ou
preferia os
eleitos afirmando
que eram
os únicos a se salvar, em função da sua fidelidade. Os
espíritas veem esse tal de inferno apenas como um estado íntimo da
consciência. Nada de demônios, nada de Pai vingativo. Esse conceito
encerrou-se com Moisés e que teve valor somente naquele
tempo, quando a humanidade exigia o tratamento do
olho-por-olho-dente-por-dente. A partir de Jesus, Deus passa a ser
infinitamente bom e misericordioso. Personalidade
mais comentada de todos os tempos, Jesus, por sua importância,
ensejou a fragmentação da História em duas partes — antes da sua
vinda e depois de sua passagem pela Terra, por
isso a história da humanidade é dividida em AC antes de Cristo e DC
depois de cristo. Quando se diz que Jesus é o caminho, o espírita
entende que uma estrada leva sempre a algum lugar (aqui cabe o livre
arbítrio).
Ao classificar o mestre como caminho, afirma Emmanuel, afasta-se a
possibilidade de uma estrada sem proveito. Aceitando a receita de
Jesus, caminhar em sua companhia “é aprender sempre e servir
diariamente, com renovação incessante para o bem infinito, porque o
trabalho construtivo, em todos os momentos da vida, é a jornada
sublime da alma, no rumo do conhecimento e da virtude, da experiência
e da elevação”. Arremata
Emmanuel: “Cristãos que não aproveitam o caminho do Senhor para
alcançar a legítima prosperidade espiritual são criaturas
voluntariamente condenadas à estagnação”. Nada de inferno. E
mais,
toda estagnação é temporária, porque
uma hora o espirito há de despertar, essa é a Lei.
Disso tem certeza o espírita, uns
despertam antes, outros depois, mas todos haveremos de despertar.
Esse despertar, normalmente
acontece sobre o auxilio
da dor, em função da sábia lei divina de causa e efeito. E sabe
qual é o destino de todos nós? A perfeição. Todos, sem exceção
verão a Deus, alcançarão os patamares maiores da evolução.
Jesus, para o espírita, não é Deus. O mestre chamou a si mesmo de
Filho do Homem, filho de Deus. A distância, em medidas de perfeição,
que existe entre Jesus – pela sua superioridade moral – e nós
mesmos é que nos faz imaginá-lo como Deus... Compreensível que
para nós ele seja quase isso, um Deus. A prática do perdão,
mecanismo expresso no Pai-Nosso como condição para o perdão do
Pai, e a máxima “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo”, são a receita maior para rumarmos sem delongas
na direção do Criador. A regra áurea do “fazer aos outros o que
gostaríamos que nos fizessem” não foi trazida por Jesus. Ela
datava de muitos séculos passados. Buda a citava, os gregos, os
persas, os chineses, os egípcios, os hebreus, até os romanos: “A
lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade
como a si mesmo”. A grande diferença é que Jesus vivenciou essa
regra “em plenitude de trabalho, abnegação e amor”. Jesus
é
o modelo de ser humano mais perfeito
que
Deus
ofereceu
para nos
servir
de guia. Neste sentido é que Allan
Kardec afirma
que, "para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral
a
que a Humanidade
pode
aspirar na Terra.
Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que
ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele
o mais puro
de
quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava".
Ainda, segundo a doutrina espírita, Jesus veio com a missão divina
de cumprir a lei, que fora anteriormente revelada por Moisés,
considerada
a 1ª revelação, sendo que Jesus é a 2ª
revelação, mas
Ele,
contudo, não disse tudo, muitas vezes se limitou a desvelar o
"gérmen da verdade", que foi completada pela 3ª
revelação que é o Espiritismo.
Nosso
amado
médium Chico
Xavier,
na obra "Emmanuel",
resume assim:
"Jesus foi a manifestação do amor de Deus, a personificação
de sua bondade infinita". Jesus
era um espírito como nós, mas com um grau de evolução muito longe
da nossa realidade. Esse fato não quer dizer que somos inferiores a
ele, se fossemos causaria uma distância muito grande dele conosco
e
não foi isso que ocorreu quando ele encarnou na terra, tinha um
vínculo muito grande com os cidadãos da época. Na doutrina
espirita não
há um “endeusamento” a
Jesus,
mas sim um reconhecimento conforme podemos ler no Cap.1 de O
livro dos Espíritos: “Jesus
Cristo
é
o espírito mais puro que veio a terra, com isso é nosso maior guia
e modelo a ser seguido”. Diz também Paulo de Tarso sobre Jesus
“Não existe um homem que não pecou, não existe um homem bom,
apenas Jesus nunca pecou.” Então realmente é um espírito acima
de média, um espírito de uma esfera crítica que caminhou entre
nós, num exemplo de amor nunca visto antes. Não era necessário
para Jesus
encarnar no planeta terra.
Ele
veio apenas por nós, para validar
as leis divinas transmitidas
por Moisés,
para passar seus ensinamentos e seguir os seus passos junto com nosso
pai que é Deus. Em João 12:47 temos as seguintes palavras de
Jesus Cristo:
“E se alguém ouvir as minhas palavras e não crer, eu não julgo;
porque eu não vim para julgar mas para salvar o mundo”. Jesus
não era dotado de algo sobrenatural, mas na realidade ele tinha,
capacidade, recursos, inteligência, habilidades, evolução moral e
intelectual, desenvolvida a milênios atrás. Onde
e como ele conseguiu evoluir tanto, não podemos nem imaginar, pelo
fato de nossa evolução estar muito abaixo da dele. Para
os espiritualistas, Jesus não deve ser amado como o “Cristo
místico”, o “Jesus esotérico” inventado pelos homens, que
dizem ter Ele ostentado um corpo fluídico carregado de mistérios e
segredos caraterísticos de um Ser sobrenatural do suprassumo
cósmico, Aquele que rompeu com as leis naturais ou físicas da
Terra. Na obra A gênese, item “Superioridade da natureza de
Jesus”, Allan Kardec explica que o Mestre Maior, quando encarnou na
Terra, esteve longe de apresentar-se com um corpo fluídico e
diz:
“Como
homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito
puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida
espiritual, do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era
passível. A sua superioridade com relação aos homens não derivava
das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito,
que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito,
tirado da parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres (…).”
Acreditamos
ser equivocado pensar, por exemplo, em “paixão de Cristo”, já
que Ele nunca sofreu de paixões como a raiva, o rancor, o ódio, o
egoísmo, a inveja, as inseguranças, muito menos das paixões
físicas como o frio, a fome, a sede ou mesmo a saciedade. O amor de
Jesus
não é o amor passional, condicional,
carnal,
instável, intermitente, como o amor grosseiro dos homens.
Constantemente
vemos algumas teorias que querem trazer a ideia de que Jesus casou,
teve filhos e etc, pois para o homem orgulhoso e inferior, só
consegue vislumbrar esse Jesus equiparado a nós. O
amor de Jesus é de natureza espiritual, que só iremos conquistar
quanto atingirmos o patamar de espíritos puros. Para isso,
naturalmente, temos ainda muito, mas muito chão a percorrer por meio
das muitas reencarnações a cumprir, tendo
em vista que até hoje não acordamos para a verdade da vida. A vida
material ainda nos seduz. Jesus
é
um educador de almas, que sempre enfatizou a necessidade do empenho
da criatura no sentido de educar-se, de progredir, conforme ensinou
no Sermão do Monte: Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens(…).
Toda a mensagem religiosa do Mestre fundamenta-se no esforço da
criatura no sentido de revelar essa herança divina que todos
trazemos. Nada de graças, além da graça da vida. Nada de
privilégios: (…)
e então dará a cada um segundo as suas obras.
Jesus
não desejou discípulos passivos, encantados, deslumbrados. Pelo
contrário, sempre buscou tocar o sentimento, juntamente com o apelo
para que a criatura raciocinasse, a fim de saber, de compreender
porque deveria agir desse ou daquele modo. No Seu trabalho educativo
do Espírito humano, Jesus mostrou a importância do bom
relacionamento com o próximo como caminho para Deus, conforme bem
entendeu o Apóstolo João, que registrou: Pois
quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a
quem não viu?
Ainda sobre o Sermão do Monte, que para muitos é apenas um hino ao
sentimento, é, também, uma forte mensagem à inteligência, ao
raciocínio: E
qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe
dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se
vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos,
quanto mais vosso Pai, que está nos céus dará bens aos que lhos
pedirem? O
Mestre veio trazer a certeza de que Deus é Pai, é Amor, é
Misericórdia, contrapondo-O à figura apresentada no Velho
Testamento, que mostrava o Criador como alguém vingativo, capaz de
ter preferências por determinados povos e abominação por outros.
Infelizmente, o Pai Misericordioso, tantas vezes demonstrado por
Jesus, foi negado pelos teólogos, ao criarem o Inferno de penas
eternas dentro de um sistema de manipulação das massas. Em verdade,
Jesus falou de sofrimento após a morte, mas nunca com a
possibilidade de ser eterno. Pelo contrário, disse: Em
verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não
pagares o último ceitil.
Em cada ensinamento do Evangelho identificamos o Mestre na sua
divina missão de Educador de almas que imprime o selo do amor e da
sabedoria nas suas orientações superiores. É por este motivo que,
em outra oportunidade, afirma o Cristo: “Vós me chamais Mestre e
Senhor e dizeis bem, porque eu o sou”. Ele
é
filho de Deus como todas as criaturas o são. Deixar de confundir
Jesus com Deus permite reconhecer o valor desse espírito que
alcançou, pelo exercício de seu conhecimento, a compreensão do
amor como lei fundamental do Universo, a que nenhum homem até então
havia alcançado. Considerar Jesus como divino é retirar dele uma
característica fundamental: a de um ideal possível de ser
alcançado, uma referência para
qualquer um de nós.
Quando
Jesus resolveu nascer entre nós, desde a infância viveu indiferente
à sua própria felicidade, pois seus sonhos e ideais só objetivavam
a felicidade alheia. Além de ensinar exemplificou, não com virtudes
parciais, mas em plenitude de trabalho, abnegação e amor, nas
praças públicas, revelando-se aos olhos da Humanidade inteira. Ele
veio nos mostrar o caminho da “salvação”. E só através da
vivência de seus ensinamentos estaremos "salvos" ou
"livres" do mal que ainda se encontra dentro de muitos de
nós. Se
pudessemos ter apenas Jesus como guia espiritual quem sabe
conseguiríamos dar um salto em nossa evolução, pois é comum
buscarmos outros caminhos e daí nos perdemos. E
é assim, que Ele aguarda que surja o homem novo (citado por Paulo de
Tarso), a partir do homem velho (que somos nós). Jesus
exemplificou a vivência do ser humano Integral. Ele, que foi o mais
inteligente e esclarecido ser que até hoje habitou a Terra. A sua
mensagem inovadora atravessa
milênios
e ainda não foi totalmente compreendida. Porquê? Porque ainda não
entendemos que é no nosso inconsciente que reside o alimento da
nossa alma. Jesus mostrou como ir pescar ao outro lado da vida. O
futuro está em saber fazê-lo. A
mensagem de Jesus é simples e baseada no amor e na inclusão. Ela
esclarece sobre a continuidade da vida, sobre o poder do perdão e do
uso da caridade como instrumentos de evolução. Jesus ilustrou que é
no nosso querer e crer, que alcançamos a verdadeira saúde, a
harmonia a que chamamos de felicidade. Para isso temos de saber lidar
com a nossa sombra,
aquela que transportamos no nosso inconsciente como resultado do que
fomos sendo ao longo de
nossas reencarnações.
Lidar com a sombra é enfrentar os nossos defeitos, sem os reprimir
ou rejeitar. É aceitá-los à medida que vamos melhorando. É irmos
buscar em nós o Céu e assim nos libertarmos do Inferno, que não
está longe, mas sim no nosso íntimo. E assim vamos ao encontro da
harmonia que nos é proporcionada pelo equilíbrio físico,
emocional, social, econômico,
e, naturalmente, centrada na lucidez psíquica. Finalizo nosso estudo
de hoje lendo uma mensagem de Chico Xavier: “Senhor
Jesus, que TUA LUZ afaste do meu caminho as trevas que se projetam de
mim mesmo; que TUA INSPIRAÇÂO me guie nas decisões que devo tomar
a cada dia; que eu não seja instrumento do mal para ninguém; que
TUA BONDADE me ensine a ser melhor e que TEU PERDÃO me incline à
misericórdia para com os meus semelhantes. Mestre
Amado, tem misericórdia de mim; não me deixes entregue aos próprios
impulsos; que não me falte alegria e ânimo na tarefa que me
confiaste; não me permitas a queda no comprometimento do serviço
mediúnico; que a cada dia, eu me torne mais digno da confiança dos
espíritos amigos.
Jesus,
Divino Amigo, somos todos espíritos doentes, revelando as chagas que
trazemos na alma .. cura-nos, Senhor, com TEU AMOR, como curaste
outrora os cegos e os paralíticos, os leprosos e os desequilibrados
mentais! Cicatriza-nos as feridas de nossos muitos erros… não nos
deixeis sem remédio da TUA Proteção, para que não venhamos a nos
tornar mais doentes ainda…
Através
de nossas mãos, Senhor, ampara nossos irmãos em humanidade- os
tristes e desconsolados , os que estejam pensando em morrer e aqueles
que, a todo instante, temem sucumbir ao peso da cruz …. que
tenhamos a palavra certa para encorajá-los e o sorriso amigo que
incentive na luta que todos travamos contra nossas próprias
deficiência. Que, em Teu Nome, doemos o pão e o agasalho, o remédio
e a esperança .. que onde estivermos sejamos um humilde traço da
TUA PRESENÇA junto a quantos se desesperam!
Liberta-nos,
Senhor do julgo de tentação; não nos consinta cair sob o assédio
constante dos pensamentos infelizes … que os espíritos que nos
atormentam se compadeçam de nós e nos perdoem o mal que lhes
tenhamos feito outrora.
Paz
e Luz para todos!
Fonte:
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