segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

JESUS - parte 2


Nós espíritas não costumamos cultuar imagens, muito menos a imagem de Jesus na cruz, abatido, vitimado pela incompreensão dos homens. Para o espiritismo, o Jesus real é “um ser iluminado, belo, forte, irradiando amor de uma forma ampla e total, como um verdadeiro sol cujos raios se direcionam para todos os lados e atingem a tudo e a todos. Ele foi médico, psicólogo, pedagogo, consolador, redentor, Jesus nunca usou de uma classificação separando quem convivia com Ele. Jamais ele julgava quem errava condenado-os a um futuro terrível num inferno eterno; ou preferia os eleitos afirmando que eram os únicos a se salvar, em função da sua fidelidade. Os espíritas veem esse tal de inferno apenas como um estado íntimo da consciência. Nada de demônios, nada de Pai vingativo. Esse conceito encerrou-se com Moisés e que teve valor somente naquele tempo, quando a humanidade exigia o tratamento do olho-por-olho-dente-por-dente. A partir de Jesus, Deus passa a ser infinitamente bom e misericordioso. Personalidade mais comentada de todos os tempos, Jesus, por sua importância, ensejou a fragmentação da História em duas partes — antes da sua vinda e depois de sua passagem pela Terra, por isso a história da humanidade é dividida em AC antes de Cristo e DC depois de cristo. Quando se diz que Jesus é o caminho, o espírita entende que uma estrada leva sempre a algum lugar (aqui cabe o livre arbítrio). Ao classificar o mestre como caminho, afirma Emmanuel, afasta-se a possibilidade de uma estrada sem proveito. Aceitando a receita de Jesus, caminhar em sua companhia “é aprender sempre e servir diariamente, com renovação incessante para o bem infinito, porque o trabalho construtivo, em todos os momentos da vida, é a jornada sublime da alma, no rumo do conhecimento e da virtude, da experiência e da elevação”. Arremata Emmanuel: “Cristãos que não aproveitam o caminho do Senhor para alcançar a legítima prosperidade espiritual são criaturas voluntariamente condenadas à estagnação”. Nada de inferno. E mais, toda estagnação é temporária, porque uma hora o espirito há de despertar, essa é a Lei. Disso tem certeza o espírita, uns despertam antes, outros depois, mas todos haveremos de despertar. Esse despertar, normalmente acontece sobre o auxilio da dor, em função da sábia lei divina de causa e efeito. E sabe qual é o destino de todos nós? A perfeição. Todos, sem exceção verão a Deus, alcançarão os patamares maiores da evolução. Jesus, para o espírita, não é Deus. O mestre chamou a si mesmo de Filho do Homem, filho de Deus. A distância, em medidas de perfeição, que existe entre Jesus – pela sua superioridade moral – e nós mesmos é que nos faz imaginá-lo como Deus... Compreensível que para nós ele seja quase isso, um Deus. A prática do perdão, mecanismo expresso no Pai-Nosso como condição para o perdão do Pai, e a máxima “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, são a receita maior para rumarmos sem delongas na direção do Criador. A regra áurea do “fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem” não foi trazida por Jesus. Ela datava de muitos séculos passados. Buda a citava, os gregos, os persas, os chineses, os egípcios, os hebreus, até os romanos: “A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo”. A grande diferença é que Jesus vivenciou essa regra “em plenitude de trabalho, abnegação e amor”. Jesus é o modelo de ser humano mais perfeito que Deus ofereceu para nos servir de guia. Neste sentido é que Allan Kardec afirma que, "para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava". Ainda, segundo a doutrina espírita, Jesus veio com a missão divina de cumprir a lei, que fora anteriormente revelada por Moisés, considerada a 1ª revelação, sendo que Jesus é a 2ª revelação, mas Ele, contudo, não disse tudo, muitas vezes se limitou a desvelar o "gérmen da verdade", que foi completada pela 3ª revelação que é o Espiritismo. Nosso amado médium Chico Xavier, na obra "Emmanuel", resume assim: "Jesus foi a manifestação do amor de Deus, a personificação de sua bondade infinita". Jesus era um espírito como nós, mas com um grau de evolução muito longe da nossa realidade. Esse fato não quer dizer que somos inferiores a ele, se fossemos causaria uma distância muito grande dele conosco e não foi isso que ocorreu quando ele encarnou na terra, tinha um vínculo muito grande com os cidadãos da época. Na doutrina espirita não há um “endeusamento” a Jesus, mas sim um reconhecimento conforme podemos ler no Cap.1 de O livro dos Espíritos: Jesus Cristo é o espírito mais puro que veio a terra, com isso é nosso maior guia e modelo a ser seguido”. Diz também Paulo de Tarso sobre Jesus “Não existe um homem que não pecou, não existe um homem bom, apenas Jesus nunca pecou.” Então realmente é um espírito acima de média, um espírito de uma esfera crítica que caminhou entre nós, num exemplo de amor nunca visto antes. Não era necessário para Jesus encarnar no planeta terra. Ele veio apenas por nós, para validar as leis divinas transmitidas por Moisés, para passar seus ensinamentos e seguir os seus passos junto com nosso pai que é Deus. Em João 12:47 temos as seguintes palavras de Jesus Cristo: “E se alguém ouvir as minhas palavras e não crer, eu não julgo; porque eu não vim para julgar mas para salvar o mundo”. Jesus não era dotado de algo sobrenatural, mas na realidade ele tinha, capacidade, recursos, inteligência, habilidades, evolução moral e intelectual, desenvolvida a milênios atrás. Onde e como ele conseguiu evoluir tanto, não podemos nem imaginar, pelo fato de nossa evolução estar muito abaixo da dele. Para os espiritualistas, Jesus não deve ser amado como o “Cristo místico”, o “Jesus esotérico” inventado pelos homens, que dizem ter Ele ostentado um corpo fluídico carregado de mistérios e segredos caraterísticos de um Ser sobrenatural do suprassumo cósmico, Aquele que rompeu com as leis naturais ou físicas da Terra. Na obra A gênese, item “Superioridade da natureza de Jesus”, Allan Kardec explica que o Mestre Maior, quando encarnou na Terra, esteve longe de apresentar-se com um corpo fluídico e diz: Como homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito, que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito, tirado da parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres (…). Acreditamos ser equivocado pensar, por exemplo, em “paixão de Cristo”, já que Ele nunca sofreu de paixões como a raiva, o rancor, o ódio, o egoísmo, a inveja, as inseguranças, muito menos das paixões físicas como o frio, a fome, a sede ou mesmo a saciedade. O amor de Jesus não é o amor passional, condicional, carnal, instável, intermitente, como o amor grosseiro dos homens. Constantemente vemos algumas teorias que querem trazer a ideia de que Jesus casou, teve filhos e etc, pois para o homem orgulhoso e inferior, só consegue vislumbrar esse Jesus equiparado a nós. O amor de Jesus é de natureza espiritual, que só iremos conquistar quanto atingirmos o patamar de espíritos puros. Para isso, naturalmente, temos ainda muito, mas muito chão a percorrer por meio das muitas reencarnações a cumprir, tendo em vista que até hoje não acordamos para a verdade da vida. A vida material ainda nos seduz. Jesus é um educador de almas, que sempre enfatizou a necessidade do empenho da criatura no sentido de educar-se, de progredir, conforme ensinou no Sermão do Monte: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens(…). Toda a mensagem religiosa do Mestre fundamenta-se no esforço da criatura no sentido de revelar essa herança divina que todos trazemos. Nada de graças, além da graça da vida. Nada de privilégios: (…) e então dará a cada um segundo as suas obras. Jesus não desejou discípulos passivos, encantados, deslumbrados. Pelo contrário, sempre buscou tocar o sentimento, juntamente com o apelo para que a criatura raciocinasse, a fim de saber, de compreender porque deveria agir desse ou daquele modo. No Seu trabalho educativo do Espírito humano, Jesus mostrou a importância do bom relacionamento com o próximo como caminho para Deus, conforme bem entendeu o Apóstolo João, que registrou: Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? Ainda sobre o Sermão do Monte, que para muitos é apenas um hino ao sentimento, é, também, uma forte mensagem à inteligência, ao raciocínio: E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus dará bens aos que lhos pedirem? O Mestre veio trazer a certeza de que Deus é Pai, é Amor, é Misericórdia, contrapondo-O à figura apresentada no Velho Testamento, que mostrava o Criador como alguém vingativo, capaz de ter preferências por determinados povos e abominação por outros. Infelizmente, o Pai Misericordioso, tantas vezes demonstrado por Jesus, foi negado pelos teólogos, ao criarem o Inferno de penas eternas dentro de um sistema de manipulação das massas. Em verdade, Jesus falou de sofrimento após a morte, mas nunca com a possibilidade de ser eterno. Pelo contrário, disse: Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil. Em cada ensinamento do Evangelho identificamos o Mestre na sua divina missão de Educador de almas que imprime o selo do amor e da sabedoria nas suas orientações superiores. É por este motivo que, em outra oportunidade, afirma o Cristo: “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou”. Ele é filho de Deus como todas as criaturas o são. Deixar de confundir Jesus com Deus permite reconhecer o valor desse espírito que alcançou, pelo exercício de seu conhecimento, a compreensão do amor como lei fundamental do Universo, a que nenhum homem até então havia alcançado. Considerar Jesus como divino é retirar dele uma característica fundamental: a de um ideal possível de ser alcançado, uma referência para qualquer um de nós. Quando Jesus resolveu nascer entre nós, desde a infância viveu indiferente à sua própria felicidade, pois seus sonhos e ideais só objetivavam a felicidade alheia. Além de ensinar exemplificou, não com virtudes parciais, mas em plenitude de trabalho, abnegação e amor, nas praças públicas, revelando-se aos olhos da Humanidade inteira. Ele veio nos mostrar o caminho da “salvação”. E só através da vivência de seus ensinamentos estaremos "salvos" ou "livres" do mal que ainda se encontra dentro de muitos de nós. Se pudessemos ter apenas Jesus como guia espiritual quem sabe conseguiríamos dar um salto em nossa evolução, pois é comum buscarmos outros caminhos e daí nos perdemos. E é assim, que Ele aguarda que surja o homem novo (citado por Paulo de Tarso), a partir do homem velho (que somos nós). Jesus exemplificou a vivência do ser humano Integral. Ele, que foi o mais inteligente e esclarecido ser que até hoje habitou a Terra. A sua mensagem inovadora atravessa milênios e ainda não foi totalmente compreendida. Porquê? Porque ainda não entendemos que é no nosso inconsciente que reside o alimento da nossa alma. Jesus mostrou como ir pescar ao outro lado da vida. O futuro está em saber fazê-lo. A mensagem de Jesus é simples e baseada no amor e na inclusão. Ela esclarece sobre a continuidade da vida, sobre o poder do perdão e do uso da caridade como instrumentos de evolução. Jesus ilustrou que é no nosso querer e crer, que alcançamos a verdadeira saúde, a harmonia a que chamamos de felicidade. Para isso temos de saber lidar com a nossa sombra, aquela que transportamos no nosso inconsciente como resultado do que fomos sendo ao longo de nossas reencarnações. Lidar com a sombra é enfrentar os nossos defeitos, sem os reprimir ou rejeitar. É aceitá-los à medida que vamos melhorando. É irmos buscar em nós o Céu e assim nos libertarmos do Inferno, que não está longe, mas sim no nosso íntimo. E assim vamos ao encontro da harmonia que nos é proporcionada pelo equilíbrio físico, emocional, social, econômico, e, naturalmente, centrada na lucidez psíquica. Finalizo nosso estudo de hoje lendo uma mensagem de Chico Xavier: “Senhor Jesus, que TUA LUZ afaste do meu caminho as trevas que se projetam de mim mesmo; que TUA INSPIRAÇÂO me guie nas decisões que devo tomar a cada dia; que eu não seja instrumento do mal para ninguém; que TUA BONDADE me ensine a ser melhor e que TEU PERDÃO me incline à misericórdia para com os meus semelhantes. Mestre Amado, tem misericórdia de mim; não me deixes entregue aos próprios impulsos; que não me falte alegria e ânimo na tarefa que me confiaste; não me permitas a queda no comprometimento do serviço mediúnico; que a cada dia, eu me torne mais digno da confiança dos espíritos amigos. Jesus, Divino Amigo, somos todos espíritos doentes, revelando as chagas que trazemos na alma .. cura-nos, Senhor, com TEU AMOR, como curaste outrora os cegos e os paralíticos, os leprosos e os desequilibrados mentais! Cicatriza-nos as feridas de nossos muitos erros… não nos deixeis sem remédio da TUA Proteção, para que não venhamos a nos tornar mais doentes ainda… Através de nossas mãos, Senhor, ampara nossos irmãos em humanidade- os tristes e desconsolados , os que estejam pensando em morrer e aqueles que, a todo instante, temem sucumbir ao peso da cruz …. que tenhamos a palavra certa para encorajá-los e o sorriso amigo que incentive na luta que todos travamos contra nossas próprias deficiência. Que, em Teu Nome, doemos o pão e o agasalho, o remédio e a esperança .. que onde estivermos sejamos um humilde traço da TUA PRESENÇA junto a quantos se desesperam! Liberta-nos, Senhor do julgo de tentação; não nos consinta cair sob o assédio constante dos pensamentos infelizes … que os espíritos que nos atormentam se compadeçam de nós e nos perdoem o mal que lhes tenhamos feito outrora.


Paz e Luz para todos!





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