O Dia dos Finados é uma data marcante para
milhares de pessoas no Brasil, começou a ser comemorado pela Igreja
Católica a partir do século 13 e muito se deve a um monge beneditino Francês.
Ele percebeu que muitos mortos não eram lembrados nas orações dos fiéis e por
isso ele passou a pregar em favor dessas almas. Cada parte do mundo celebra esta data a seu modo. No México, por
exemplo, existe a chamada “Festa dos Mortos”. A palavra Finar significa morrer, é o
findar do corpo físico, mas, importa esclarecer que deixar a matéria não
significa, para o Espírito liberto, o fim de seus sentimentos, dos seus ideais
e das suas afeições pelos que aqui ficam. Vamos ver o que a doutrina espirita
nos diz sobre o dia de finados. Allan
Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, nas questão 320 a 326 podemos ler: “O dia de comemoração dos mortos é, para os
Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraz-lhes ir ao encontro dos que
vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos? Resposta: “Nesse dia, em maior
número se reúnem nas necrópoles, porque então, também é maior, em tais lugares,
o das pessoas que os chamam pelo pensamento. Porém, cada Espírito vai lá
somente pelos amigos e não pela multidão dos indiferentes”. Os espíritos são sensíveis à saudade dos que os amavam
na Terra e a lembrança marcante dos encarnados aumenta a felicidade dos seres
espirituais que estão contentes e proporciona alívio aos que padecem da
tristeza. O que atrai os seres extrafísicos é exatamente o pensamento e a
oração dirigidos a eles, não importando o dia e o local. A prece é que santifica
o ato da lembrança. Reafirma o espírito Emmanuel no livro “Ante os que
partiram”, pela psicografia de Chico Xavier: “Pensa neles com a saudade
convertida em oração”. Para que possamos refletir um pouco melhor sobre o tema
da noite vou ler a Transcrição do
Programa “Vida e Valores”, de nº 98, apresentado pelo medium Raul Teixeira, sob
coordenação da Federação Espírita do Paraná: “Você já parou para pensar no
sentimento que move as criaturas diante da morte de um ser querido? Se você
nunca teve essa experiência, dificilmente conseguirá pensar devidamente. É que a morte ainda no Ocidente é uma grande
hidra. As criaturas têm um medo terrível da morte e do morrer. Muito pouca
gente se dá conta de que a morte é o reverso da medalha da vida. Para que nós
tenhamos vida, há necessidade deque haja morte. No planeta material em que nos
encontramos, todas às vezes em que nós falamos do fenômeno da vida, só o
falamos porque esse fenômeno está atrelado ao da morte. Para que uma coisa
viva, outra coisa terá que morrer. Para que a planta viva, a semente morre.
Para que o pão apareça, temos que triturar o grão. Dessa maneira, para que nós,
seres humanos, vivamos temos que matar tantas plantas para nos alimentar,
alguns animais que alimentam a nossa mesa. Temos que digerir, que deglutir uma
quantidade enorme de partículas de vida que estão pelo espaço, pelo ar que
respiramos. Temos que gastar uma quantidade muito grande de oxigênio para
podermos sobreviver. A morte significa pouco no conjunto da vida. Afinal de
contas, quando pensamos nesse fenômeno do morrer e aprendemos que a morte é
consequência do desgaste dos órgãos, nos apercebemos que começamos a morrer
quando nascemos, quando somos dados à luz e temos que respirar com os nossos
próprios pulmões. Aí começa o fenômeno da queima, do desgaste do órgão, da
morte. Quando nós pensamos nisso, temos que ver que a morte é um fenômeno
supernatural. Tudo que nasce, morre, tudo que é matéria no mundo se transforma,
e uma das formas de transformação nós chamamos de morte. Um dos modos pelos
quais as coisas se transformam é a morte. Morre a montanha de minério, para que
surja a montanha de barro por exemplo. Morre a ostra para que nasça a pérola. E
dessa forma, nós verificamos sempre essa dualidade, vida e morte, esse
claro-escuro da vida e da morte que nos acompanha. Valeria a pena pensarmos,
nesse dia em que as nossas sociedades ocidentais homenageiam os seus mortos.
Chamamos Dia dos Mortos, Dia de Finados, não importa, o que importa é que
dedicamos um dia para prestar homenagem aos nossos antepassados, aos nossos
amigos, aos nossos afetos, aos nossos amores que já demandaram o Mais Além, que
já cruzaram essa aduana de cinzas da imortalidade. No Dia de Finados
encontramos tanta gente verdadeiramente mobilizada por sentimentos de fraternidade,
de ternura, de amor, que vão aos cemitérios, aos Campos Santos, na busca de
homenagear os seus entes queridos. Merece todo respeito essa iniciativa. Nada
obstante percebemos quanto que vamos ficando escravizados dessa situação,
imaginando, supondo, pelos aprendizados que fizemos das nossas religiões, ou
pelas coisas que ouvimos falar aqui e ali, que os nossos mortos estão lá.
Chegamos a ouvir as pessoas dizerem: Eu vou visitar a cova do meu pai. Eu vou visitar a sepultura de
minha mãe. Como se ali estivesse o seu pai, como se ali a sua mãe
estivesse. Lemos inscrições tumulares do tipo Aqui jaz Fulano de Tal, mas
não é verdade. O Fulano de Tal que nós queremos homenagear não jaz
ali na sepultura. Ali estão seus despojos, ali estão seus restos mortais. É
como se nós tirássemos uma roupa imprestável e atirássemos essa roupa na
lixeira. Esquecemos dela, deixamos que o tempo cumpra o seu papel. Nenhum de
nós teria a idéia, de todos os dias, ir lá visitar a roupa velha e imprestável,
atirada no monturo. Então, nada obstante esse respeito com que nós, cristãos,
encaremos essa relação com os mortos, com o morrer, por mais que estejamos com
esse intuito de homenagear aos nossos seres queridos, será muito importante
criarmos o hábito de pensar neles vivos. Ali na cova, na sepultura não jazem
nossos entes queridos. Eles jazem, eles vivem, eles vibram, na nossa
intimidade, nos nossos pensamentos. Eles se movem no Mundo dos Espíritos. Ao
pensar nos nossos mortos, cabe ter essa certeza de que os nossos mortos vivem,
eles não estão jazendo nos sepulcros. Que coisa grotesca será imaginar nossos
seres amados enterrados na sepultura com os seus despojos! Vale a pena pensar
numa gaiola vazia, donde o pássaro já se foi. Vale a pena pensar nisso. O nosso
corpo físico, durante um tempo mais ou menos largo, serve-nos de morada,
serve-nos como uma gaiola que, ao mesmo tempo que nos ajuda a aprender, a
crescer, também é um instrumento através do qual resgatamos aquilo que devemos
em face da vida, coloquemos em ordem a nossa consciência com as Leis Divinas.
Logo, o Dia de Finados, o Dia dos Mortos deveria ser um dia sim, de homenagem
aos nossos seres queridos, mas de outra maneira. Aprendermos a fazer um
levantamento de como se acham nossas disposições na vida, se estamos vivendo de
acordo com os ensinamentos de nossa mãe, de nosso pai, se os estamos
homenageando, glorificando seus nomes, pelo tipo de criatura que sejamos:
dignas, nobres, amigas, fraternas, cooperosas, dedicadas ao bem. Afinal de
contas, de que outra maneira melhor nós poderíamos homenagear os nossos mortos?
Nem sempre levando flores para enfeitar os sepulcros onde se acham seus
despojos. Aqueles recursos das flores, quantas vezes poderiam ser
transformados, em nome dos nossos mortos, em leite para uma criança pobre, em
pães para o necessitado, em remédios para um doente que não os pode comprar, em
cadernos para que alguma criança aprenda. Nós podemos converter aquela
quantidade enorme de cera que compramos para queimar nos cemitérios, que não
vai levar a lugar algum os nossos mortos, que não precisam de cera queimada,
converter isso em roupa, em alimentos, em agasalho, em material escolar, em
medicação, em acompanhamento, em homenagem aos nossos mortos. Quando
presenteássemos uma criança com o kit de material escolar, nós poderíamos dizer
a ela, caso ela entendesse, ou aos seus pais: Faça uma prece por Fulano de Tal, que é meu
filho, que é meu pai, que é minha mãe, que é meu irmão, ou meu amigo. Nós
teríamos formas tão mais agradáveis, tão mais felizes, de homenagear os nossos
mortos. E cantar, brincar, e nos alegrar, como eles gostavam que nós
fizéssemos. No Além, eles continuam gostando. Quantos filhos que se foram para
o Mais Além e suas mães começam a morrer aqui na Terra. Não se tratam mais, não
se cuidam mais, não os respeitam mais.
Se seus filhos gostavam de vê-las bem vestidas, bem cuidadas, alegres,
joviais, em homenagem a eles, no Dia dos Mortos e em todos os dias da vida,
continuem assim, bem cuidadas, dispostas, alegres. O que não nos impede a
lágrima de saudade e nunca a lágrima de revolta. Se os nossos filhos gostavam
de saber que nós estamos envolvidos em atividade social, em alguma atividade do
bem como voluntários, servindo numa escola, servindo num asilo, num hospital,
vamos continuar a fazer isso em homenagem a eles, em nome deles que de onde
estiverem, nos aplaudirão, nos incentivarão. Se tivemos nossos entes queridos
desencarnados em situações drásticas, pela droga, pelo vírus do HIV ou pelo
suicídio, mais motivos temos de rogar a Deus por eles, de homenageá-los,
fazendo toda a cota de bem que nos for possível. Em honra deles. Não tenhamos
qualquer mágoa deles. Não imaginemos que eles estejam perdidos para sempre.
Nunca suponhamos que Deus os vá castigar por sua fragilidade, porque Deus não é
um juiz que sentencia. Deus é um Pai que ama, e certamente, se nós estamos
fazendo as coisas boas para homenagear no Dia de Finados, ou ao longo dos dias
do ano, os nossos amores que foram para o Além, por vias naturais ou por alguma
enfermidade, o que é que não faremos para homenagear àqueles que saíram de
maneira tão triste, tão lastimável da convivência com o corpo físico. Por isso
é que a nossa oração por eles deverá partir do nosso coração, do mais íntimo do
nosso ser, pensando em Deus como o Pai comum de todos nós, mas nos colocando
diante da vida de maneira muito operosa, nos tornando pessoas úteis, a fim de
que o Dia de Finados transcorra para nós como mais um dia em que homenageamos
os nossos seres queridos que demandaram o Mais Além, na vibração, na torcida,
fazendo os votos para que os nossos amores, que já se transformaram em
estrelas, sejam felizes nessas dimensões do Invisível, junto a Esse amor
incomensurável de nosso Pai Celeste”. Meus irmãos O hábito de visitar os
mortos, como se o cemitério fosse sala de visitas do Além, é cultivado desde as
culturas mais remotas. Mostra a tendência em confundir o indivíduo com seu
corpo. Há pessoas que, em desespero ante a morte de um ente querido, o
"VISITAM" diariamente. Chegam a deitar-se no túmulo. Católicos,
budistas, protestantes, muçulmanos, espíritas - somos todos espiritualistas,
acreditamos na existência e sobrevivência do Espírito. Obviamente, o espirito
não reside no cemitério. Muitos preferem dizer que perderam o familiar, algo
que mostra falta de convicção na sobrevivência do Espírito. Quem admite que a
vida continua jamais afirmará que perdeu alguém. A pessoa simplesmente partiu.
Quando dizemos "perdi um ente querido", estamos registrando sérios
prejuízos emocionais. Agora se afirmarmos que a pessoa partiu, haverá apenas o
imposto da saudade, a abençoada saudade,
mostrando que há amor em nosso coração, o sentimento supremo que nos
realiza como filhos de Deus. Em datas significativas tipo: aniversário de nascimento,
de casamento, finados, Natal, Ano Novo,
dia dos Pais, dia das Mães, sempre pensamos e oremos por eles. O importante é que espíritas ou não
espíritas têm em comum, em relação aos seus amados que já se foram é a
linguagem inconfundível do amor entre as almas. Que possamos enxergar acima dos
horizontes de nossas limitações da visão humana, e que que alcancemos com
clareza a compreensão de como celebramos
o nosso afeto para com nossos entes queridos que já voltaram para casa, que nossas
preces e votos de paz sejam bem recebidos por aqueles que prosseguem nos amando
de igual forma na continuidade pura e simples da vida, até o dia em que Deus
nos chamar para o retorno a nossa pátria espiritual, onde haveremos de nos
reencontrar, sob as bênçãos de Jesus. Para encerrar vou ler uma linda oração
escrita por Chico Xavier que diz: “Senhor, rogo as Tuas bênçãos de
luz para os meus entes queridos que vivem no mundo espiritual. Que minhas
palavras e pensamentos dirigidos a eles possam ajudá-los, a fim de continuarem
na vida espiritual trabalhando pelo bem onde estiverem. Espero com resignação o
momento de me reunir a eles na Pátria Espiritual, pois sei que é temporária a
nossa separação. Mas, quando tiverem a
Tua permissão, que possam vir ao meu encontro para enxugar minhas lágrimas de
saudade".
Lembremos sempre que hoje somos o melhor de nós, dentro
do nosso projeto de evolução.
Que Jesus nos conceda a cura do corpo e da
Alma.
Paz e Luz para todos!
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